A Nissan está bem criteriosa e pontual com seus lançamentos, ainda mais após a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. Em entrevista coletiva online, o presidente da marca no Brasil e no Mercosul, Marco Silva, deixou a entender que o foco agora é o lançamento do novo Versa, que o projeto de eletrificação do Kicks sofreu atraso e que o March deixará de ser produzido no Brasil.
O executivo reforçou que a segunda geração do Versa chegará do México no último trimestre de 2020 (estava previsto para junho). O modelo virá em novembro, maior e bem equipado para brigar justamente no subsegmento de compactos maiores e mais recheados, com VW Virtus, Fiat Cronos etc. O atual Versa brasileiro, como já noticiamos, passa a se chamar V-Drive e vai atuar na base do mercado.
Desta forma, o novo Sentra, também importado do país latino e que está em processo de homologação, ficará para depois. Marco Silva não falou em datas, mas a expectativa é que seja lançado só no segundo semestre de 2021, depois até do Kicks reestilizado.
“Neste novo espaço criado no segmento de sedãs vimos oportunidade para o novo Versa, com mudanças no produto e que vai dar um empurrão a mais na nossa marca no que diz respeito a conteúdo e design. Isso adia a vinda do novo Sentra. Temos sempre um tempo diferenciado dos outros países da região, por questões de homologação e adaptação à nossa gasolina, por exemplo”, justifica Marco Silva.
O presidente da marca também não deu detalhes sobre a data de estreia do novo Kicks, já remodelado na Ásia. Porém, já contamos aqui que o SUV compacto surge renovado em fevereiro de 2021. Só que... sem a aguardada versão e-Power, sistema híbrido leve, no qual um pequeno motor a combustão carrega as baterias do propulsor elétrico que move o carro.
Marco Silva reconheceu que a pandemia atrasou os projetos de eletrificação da linha Nissan no Brasil. “O e-Power teve um atraso e temos questões de decisão estratégica, de negócio e de investimento. Até já se fala de uma segunda geração do e-Power, então, a gente precisa saber o melhor momento de trazer”, diz.
Questionado especificamente sobre o Kicks e-Power, o executivo deixou evidente que ele não virá nesta remodelação. “O e-Power está no plano ainda, nada foi cancelado. Só que, nessa crise, a questão de investimentos é moeda de troca para poder sobreviver nesse período. Mas o e-Power não entra em 2021”.
Segundo fontes dentro da marca, o Kicks só terá esta versão híbrida e-Power em sua segunda geração, o que deve acontecer por aqui lá para 2023 ou depois. O mesmo acontecerá com o novo motor 1.3 turbo fruto da aliança da Nissan com Renault em parceria com a Mercedes-Benz.
Já o March sairá de linha em Resende (RJ) - que perdeu as opções 1.0 recentemente - para dar mais espaço ao renovado Kicks. Porém, a marca não descarta ter um sucessor para o hatch, que não seguirá especificamente esse tipo de carroceria - comenta-se que a marca planeja um SUV menor sobre a base do modelo antigo.
“O mercado de hatches, assim como aconteceu com o de sedãs, vai passar por uma transformação. Pensamos em um substituto para o March, mas que não é propriamente o March”, adianta o executivo.
Só com um exemplar de utilitário esportivo no mercado, a Nissan, que é referência nesse tipo de carroceria (e já teve 4 SUVs no Brasil nos anos 2000) padece com a alta do dólar. O próprio presidente da empresa já tinha confirmado a comercialização do X-Trail (chamado Rogue nos EUA e em outros mercados) no Brasil, mas a variação cambial compromete os planos.
“Temos um DNA muito forte em SUV e faz todo o sentido crescer com a participação de SUVs no Brasil. O tempo é que é importante. O Sentra é feito no México e é importado com menos imposto, mas o X-Trail é feito nos EUA. É um carro ideal, perfeito em termos de produto para o mercado brasileiro, está em testes aqui, mas precisa ser viável”, admite.
Além do Leaf, a Nissan também deve trazer o seu novo crossover elétrico para o Brasil. O Ariya foi lançado agora, em julho, e pode vir para cá, mas isso só lá para 2022.
“Tem possibilidade do Ariya vir para cá, só que a atenção agora é para os mercados de Estados Unidos, Europa Japão, porém o carro foi bastante discutido para o futuro. É um produto de nicho, de imagem, mas também precisa fazer sentido. Não vamos trazer só para falar que tem mais carros elétricos no país e não ser viável”, afirma.