Depois de ter a imagem abalada e lidar com prejuízos de bilhões de dólares devido ao chamado dieselgate, envolvendo a manipulação de testes de emissões em veículos diesel, a Volkswagen dá uma guinada no sentido dos carros híbridos e elétricos a médio prazo. Ao menos na Europa, a marca alemã vai produzir exclusivamente modelos com essa tecnologia limpa a partir de 2030.
A data segue o limite estabelecido por alguns países europeus para o banimento dos motores a combustão, como já está proposto na Alemanha, por exemplo. Conforme anúncio feito hoje por Mathias Müller, presidente do Conselho de Administração da Volks, durante a coletiva de imprensa que a montadora e as demais marcas do Grupo Volkswagen realizam antes de cada Salão de Frankfurt, evento alemão que este ano abre as portas ao público na próxima quinta-feira (14). Nas imagens abaixo, o conceito I.D. Crozz, totalmente elétrico, apresentado no evento da empresa.
Müller foi além e informou que até 2025 a companhia vai lançar nada menos que 80 automóveis eletrificados, dos quais 50 serão de modelos 100% elétricos e o restante, de híbridos, combinando motor a propulsão com um ou mais motores elétricos.
Para essa "nova era", que segue o caminho já anunciado por outras montadoras, como Jaguar Land Rover, Volvo, Aston Martin e Maserati, a VW vai investir até 2030 nas suas fábricas e unidades europeias. O plano de metas é chamado pela companhia de Roadmap E, em referência à eletrificação.
A Volkswagen já tem inclusive uma matriz modular, como a base MQB usada no Golf e no novo Polo, chamada de MEB, específica para produzir uma gama ampla de veículos totalmente elétricos, desde hatches compactos até SUVs de maior porte.
Essa matriz, que padroniza algumas medidas importantes em uma família de modelos e já foi pensada para acomodar as pesadas baterias e equipamentos necessários para esse tipo de veículo, é crucial para os planos da Volks de produzir elétricos em larga escala e com baixos custos operacionais. A meta, já admitida por executivos da Volks, é roubar o lugar da Tesla, uma start-up californiana que tem uma fração dos recursos da empresa alemã, como a maior montadora de automóveis equipados com propulsão elétrica do mundo.
Alguns exemplos dos modelos que estão por vir já foram apresentados pela Volks na forma dos conceitos I.D., um hatch médio com porte de Golf, I.D. Crozz, um SUV cuja versão 2.0 foi apresentada no evento (fotos acima), e I.D. Buzz, uma minivan inspirada na Kombi original (foto abaixo) que já tem lançamento anunciado para 2022. A nomenclatura I.D., como dá para perceber, vai estar ligada aos modelos 100% elétricos da fabricante (foto no topo do texto).
Na sua versão 2.0, o I.D. Crozz traz uma evolução do visual da primeira versão, com faróis redesenhados, pintura da carroceria vermelha em contraste com o teto prata e perfil com estilo cupê, com teto rebaixado na parte traseira. São quatro assentos individuais, com teto quase totalmente de vidro, enquanto o trem de força conta com dois motores elétricos, um em cada eixo, resultando em tração integral e potência total de 306 cv, rendendo velocidade máxima de 180 km/h e com autonomia de 500 km - no mesmo nível da oferecida pela versão de topo do Model S e do Model X, da Tesla.
No evento, a Volks mostrou também o T-Roc (foto acima), novo SUV compacto baseado no Golf que será lançado na Europa ainda neste ano, posicionado logo abaixo do Tiguan e que é cotado para o mercado brasileiro. Construído sobre a mesma base do hatch médio, o utilitário esportivo compartilha com ele motores e transmissões, a exemplo do 1.5 turbo de até 150 cv.
Os modelos híbridos e elétricos anunciados também incluem, sobretudo no que se refere aos híbridos, a versões de veículos já comercializados pela Volkswagen, a exemplo do e-Golf. Além da redução de custos e do ganho de escala, um dos desafios dos carros elétricos da Volks, a exemplo de outras marcas, será baratear a produção de baterias e oferecer alta autonomia.
Em 2017, pela primeira vez a coletiva do Grupo Volkswagen preliminar ao Salão acontecem nas próprias dependências do pavilhão de exposições do IAA, sigla em alemão que designa o evento automotivo em Frankfurt, um dos mais importantes do planeta.
Colaborou: Lukas Kenji, de Frankfurt