A chinesa BYD, que fabrica chassis de ônibus elétricos desde 2016 no Brasil, vai voltar a tentar emplacar carros de passeio no país. Mas em uma estratégia bem diferente. Começará com modelos zero combustão com proposta mais requintada e depois buscará volume com carros híbridos.
O início das atividades no "varejo" começará no primeiro trimestre de 2022. O diretor de Vendas da BYD no Brasil, Henrique Antunes, confirmou ao WM1 que as operações começarão com dois modelos elétricos que são topos de linha na China: o SUV Tang e o sedã Han.
"Nossa estratégia é posicionamento de marca e não de preço, na contramão do que se fez com muitos carros vindos da China. Queremos entregar valor ao consumidor final, e não preço. Temos intenção de trazer outros produtos, mas vamos analisar o potencial de cada carro e também a concorrência para ver quais carros serão mais adequados para comercializar no Brasil", explica o executivo.
Porém, segundo o WM1 apurou com fontes de mercado, até meados de 2023 a BYD vai passar a atacar também no segmento de médios. Só que, nesta categoria, a montadora deve se valer de variantes híbridas plug-in de modelos que já rodam na China, como o Qin e o Song.
O Qin (fala-se "Tim") é um sedã com porte de Toyota Corolla e Honda Civic. São 4,76 metros de comprimento e 2,71 m de entre-eixos. O conjunto híbrido plug-in reúne motor 1.5 aspirado de ciclo Atkinson com outro elétrico e potência combinada de mais de 170 cv, além de câmbio automático CVT. Segundo a marca, a autonomia só no modo EV fica entre 50 km e 100 km.
Já o Song Pro PHEV é um SUV médio híbrido plug-in pouca coisa maior que o Toyota Corolla Cross e um pouco menor que o Volvo XC60. Tem 4,65 m de comprimento e 2,76 m de entre-eixos. O motor elétrico promete alcance de 81 km em modo zero combustão, e trabalha com o propulsor a gasolina 1.5 turbo e caixa automatizada de seis marchas e dupla embreagem. Na China, a potência somada anunciada fica em mais de 300 cv, com 55 kgf.m de torque.
Modelos para brigar na base do mercado brasileiro também não faltam à BYD. Segundo as mesmas fontes, também fazem parte dos estudos da filial brasileira importar modelos como o DM1, minivan que lembra um Honda Fit e que viria em variantes híbridas ou elétricas, já que a marca deixa bem claro que não terá nenhum veículo 100% a combustão por aqui.
Porém, pode ser que no lugar desse modelo a BYD passe a vender, em um futuro próximo no Brasil, a família de SUVs, hatches e sedãs compactos e médios que nascerá da nova plataforma global que acaba de ser lançada pela marca. O Dolphin da foto acima é um dos primeiros carros dessa arquitetura.
Os modelos confirmados para iniciarem as vendas até março de 2022 são aqueles mais rebuscados do início desta reportagem. Usam nomes de dinastias seculares do império chinês, mas o utilitário esportivo Tang adotará aqui a grafia Tan, não tanto por causa do suco, e mais devido à pronúncia em mandarim, já que o G é mudo e fala-se "Tã" mesmo.
O Tang/Tan chegará em sua configuração com dois motores elétricos que resultam em potência combinada de 516 cv. A autonomia - pelos padrões europeus - é de 505 km e o 0 a 100 km/h é prometido em 4,6 segundos. O SUV elétrico é recheado de itens tecnológicos, com direito a equipamentos de condução semi-autônoma, quadro de instrumentos eletrônico e central multimídia com tela gigante, de 15".
Já o sedã Han EV também é repleto de equipamentos de auxílio ao motorista, só que é dotado de inteligência artificial e armazenamento de informações na nuvem. O sistema promete fazer atualizações constantes das características do carro ao modo de condução do motorista. Usa motor elétrico com 493 cv, tração integral e promete alcance de quase 500 km.
Na Noruega, onde já são vendidos, os dois modelos custam acima do equivalente a R$ 300 mil. Como o próprio diretor de Vendas da marca afirma, são produtos de nicho para posicionar bem a BYD no Brasil. E para início das operações, a ideia é ter concessionárias em, pelo menos, 20 capitais do país.
"Ainda não temos a quantidade exata de revendas, mas nosso plano é ter uma cobertura nas capitais dos principais estados. Dentro de nossa estratégia de lançamento de uma linha 100% elétrica, inicialmente. Claro que, com uma eventual chegada de híbridos, essa rede tem de ser maior", diz Antunes.