Quando o Hyundai Venue foi apresentando em abril deste ano, a marca disse que dependia da melhoria do mercado brasileiro e da demanda por esse tipo de veículo no nosso país para que ele fosse viável.
Se nos basearmos no sucesso feito na Índia, já podemos considerar a chegada do modelo em algum momento no Brasil. A marca anunciou nesta semana que atingiu 50 mil encomendas apenas dois meses após o lançamento.
Para se ter uma ideia, esse número o coloca como nono veículo mais vendido naquele país, atrás justamente do Creta, que teve o semestre inteiro para vender um pouco mais por lá. E não pense que os mercados sejam tão diferentes em termos de tamanhos.
Apesar do mercado indiano contar com algumas especificidades, como veículos terem limite de 4 metros para pagar menos imposto, em 2018 o comércio de automóveis na Índia fechou o ano com 3,3 milhões de vendas -- contra 2,5 milhões do Brasil. Essa diferença deve ser ainda menor este ano.
Entrando na gama Hyundai no Brasil, há um buraco em termos de preços. O HB20X topo de linha atualmente é vendido por R$ 72.600, mas esse valor deverá ser reconsiderado quando o novo modelo modelo for lançado no final do ano -- isso se a marca continuar apostando no aventureiro. Já o Creta, SUV compacto que chegou a liderar o mercado no último ano, parte de R$ 80.990 já na linha 2020.
Além disso, nos últimos anos, houve uma queda na participação de vendas das versões aventureiras, em uma clara consequência dos SUVs compactos. Ainda assim, a média é de 11% no mercado brasileiro em relação às versões convencionais dos hatches compactos, mas chega até 25% no caso do Renault Stepway, por exemplo. Por outro lado, somente o Renault Duster, já datado e prestes a mudar, trabalha na faixa abaixo dos R$ 70 mil.
Nesse cenário, o Venue se encaixaria com perfeição no mercado nacional. A Hyundai poderia abandonar as versões X, que agregam pouco em relação às configurações normais, e apostaria em um veículo com mais jeito de SUV, o que tende a fazer sucesso no mercado nacional. A prova está na Honda, que apesar de cobrar muito pelo WR-V, teve sua expectativa de vendas superada. Somente no último semestre foram 5.771 unidades vendidas, sendo que a marca esperava vender cerca de 700 unidades por mês, ou 4.200 unidades em seis meses.