Chamado de B-SUV Projeto VW 246, esse novo carro de entrada vai ser o ápice de uma profunda reformulação do segmento de compactos para a marca alemã. Isso porque alguns modelos históricos sairão de cena, entre eles o Gol. Fosse esse sucessor um hatch altinho, até seria mais fácil manter o nome do carro que foi líder de mercado por mais de um quarto de século no Brasil e que soma mais de 8 milhões de unidades produzidas desde 1980.
Acontece que o novo projeto é um crossover. Pode até ser apontado como um hatch parrudo, mas terá vão livre e ângulos de entrada para ser classificado dentro da categoria que todo mundo deseja. Ou seja, em nada lembrará o popular VW Gol, que hoje ainda figura entre os sete carros de passeio mais vendidos do país, com quase 40 mil emplacamentos no acumulado do primeiro semestre (dados da Fenabrave) sustentados por apenas três versões de acabamento.
É onde mora a briga do "marketing com o marketing". A marca alemã deve essa renovação na gama compacta há tempos, e precisa evidenciar isso. Aproveitar o nome de um carro que, hoje, indiscutivelmente, está defasado no segmento em um projeto novo pode soar mal junto ao público. Ao mesmo tempo, abrir mão de uma alcunha tão forte e consolidada é um capricho que pode fazer o novo SUV patinar inicialmente nas vendas.
A última coisa que a Volkswagen quer é repetir erros do passado. O Up! foi uma lição amarga para o fabricante por aqui, provocou uma confusão no consumidor (o subcompacto ficou mais caro que Gol e Fox, mais espaçosos) e fez a marca deixar de ter o modelo mais vendido do pedaço.
Mas como ficará a linha?
Neste aspecto, só mesmo nome é o dilema. Porque a programação de posicionamento do Projeto 246 e dos demais compactos da marca que sobreviverão já está bem claro, segundo fontes dentro do fabricante. O Gol velho de guerra vai morrer e levar para a cova Voyage e Fox.Ou seja, a plataforma PQ24, enfim, deixará de ser usada no Brasil pela Volks. Ela serviu ao primeiro Polo feito por aqui (2001) e a variante "simplificada" desta arquitetura é a base atual do trio: Fox (2002), Gol (2008) e Voyage (2009). Uma base que explica a defasagem dos modelos, especialmente em termos de aproveitamento de espaço e de tecnologias.
O novo SUV vai se valer da cultuada (às vezes, de forma exagerada) plataforma MQB, a estrutura modular do Grupo Volkswagen que serve a uma penca de modelos do fabricante, de todos os portes e tamanhos. Está longe de ser recente, mas é muito mais avançada tecnologicamente.
Ao mesmo tempo, a chegada do modelo aposenta o velho motor 1.6 8V da linha EA111. O jipinho da VW usará apenas os motores 1.0 três-cilindros, aspirado e turbo. Desta forma, será o carro de entrada da marca alemã no mercado brasileiro. Quem quiser ter um hatch da Volks, aí terá de elevar o patamar.
Subindo...
Acima do Projeto 246 virá imediatamente o Polo Track. Você já leu aqui no WM1 sobre esta futura versão do compacto "premium". Ela manterá o desenho atual do hatch - que será reestillizado em 2022 -, com alguns apliques de aventureiro (molduras nas caixas e acabamentos escurecidos) e motor 1.0 aspirado para ter preço mais competitivo e ser a opção de entrada da gama.
Com o fim do Voyage, a mesma lógica será aplicada na família Virtus. O sedã também será remodelado no ano que vem, mas terá uma variante de entrada com o visual "antigo". O motor, no caso, deverá ser o 1.6 16V da família EA211. Nesta meiuca do segmento de compactos, os holofotes vão ficar com os SUVs Nivus e T-Cross, só que a marca ainda planeja um crossover para fazer a ponte entre o Projeto 246 e o Nivus.
E o Gol? Pois é, cogitou-se até manter o hatch em versão única nesta fase de transição com a chegada do SUV pequeno, mas parece que a ideia não foi adiante. O nome é forte, mas talvez seja mais importante para a Volks mostrar que realmente está virando a chave.
Comentários