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Aceleramos a Haojue DK 160 - e a surpresa foi boa!

Modelo exibe ótima maneabilidade e conjunto que proporciona boa relação custo/benefício. Veja nossa avaliação exclusiva

por Roberto Dutra

A Haojue já teve dias melhores no mercado brasileiro. Chegou a ser a terceira marca mais vendida do país, mas hoje está na sétima posição. No caminho, enfrentou a chegada de novas fabricantes que chegaram ao Brasil - e a pandemia, é bom não esquecer.
Mas a marca chinesa representada pela JTZ Comércio de Motos tem seguido em frente e investido no lançamento de modelos interessantes para retomar o gás. Algum tempo atrás foi a divertidq trail NK 150, que avaliamos aqui. Agora, é a vez da DK 160, uma moto street para disputar a preferência do consumidor com best-sellers como Honda CG 160 e Yamaha Fazer 150. Sua principal arma? O custo/benefício.

A Haojue DK 160 tem preço sugerido de R$ 15.794. A CG 160 com a qual concorre é a versão Titan, de R$ 15.060. Já a Yamaha Fazer 150 parte de R$ 16.990. Ou seja, todas praticamente na mesma faixa. Vale ressalvar que mencionamos aqui os preços sugeridos, que constam nos sites das marcas - os valores praticados nas concessionárias nem sempre são esses...

A diferença é que a DK 160 tem uma série de detalhes que as rivais não têm. Para facilitar, vamos comparar com a campeã de vendas CG 160 e listar as diferenças abaixo:
1. A DK 160 tem bagageiro com capacidade para três quilos de carga, ganchos para amarrar redes e extensores e alças de garupa de série. É pequeno, mas bonito e útil. A CG 160 não tem o equipamento. 2. A curva de escape da DK 160 fica bem próxima do motor e, por isso, distante da perna do piloto. Na CG, é o oposto. 3. A ponteira de escape da DK 160 tem protetor de calor e tampa na ponta. Na CG 160, só vem o protetor. 4. O tanque da DK 160 leva 16,5 litros de combustível. São 400 ml a mais que na CG 160, o que pode representar a distância até o próximo posto. 5. O consumo da DK 160 prometido pela Haojue é de 45 km/l. A CG 160 faz 40 km/l, no máximo. Ou seja, a DK 160 tem maior autonomia - em teoria, porque isso sempre depende da mão do piloto. 6. A DK 160 só bebe gasolina, enquanto a CG 160 é flex. Atualmente isso não influi nem contribui. 7. O painel de instrumentos digital da DK 160 mede 10 cm x 4 cm. É um pouco maior que o da CG 160, que tem 6 cm x 3 cm. 8. A bateria da DK 160 é de 7 Ah, mais forte nas partidas - e por isso, em teoria mais durável - que a da CG, que é e 4 Ah. Mas a reposição será mais cara. 9. Na DK 160 as pedaleiras do garupa são de aço e fixadas no chassi. Na CG 160, são de alumínio e presas ao "bacalhau". 10. Na DK 160 as pedaleiras do piloto têm borrachas mais largas e são fixadas no chassi. Em caso de queda, se forem atingidas não danificam o motor. Na CG 160, são fixadas ao bloco do motor. 11. Na DK 160 o pedal do câmbio é fixado ao chassi e tem alavanca), e a chance de danos ao motor em caso de queda é menor que na CG 160, onde é no bloco do motor. Já o pedal do freio da DK 160 é nitidamente mais largo, o que dá mais firmeza no acionamento. 12. A DK 160 tem luzes de posição nos dois lados do farol. A CG 160 não tem. 13. A DK 160 tem lampejador de farol. A CG 160 não tem. 14. A DK 160 tem pesinhos nas pontas do guidom. A CG não tem. 15. Os manetes de embreagem e freio da DK 160 têm pontos de quebra. Na CG, são lisos. 16. A DK 160 tem cavalete central de série. A CG não tem. 17. Na DK 160 a abertura do banco é feita apenas com a chave da moto. Na CG, é preciso tirar a tampa lateral. 18. A DK 160 tem trava de capacete. A CG não tem. 19. Na DK 160 o esticador de corrente fica dentro da balança. Na CG, é fora. 20. A DK 160 tem burrinho do freio dianteiro maior, que leva mais óleo.
Tudo isso torna a DK 160 uma escolha inquestionavelmente melhor? Não necessariamente. A CG 160 está aí há mais de 45 anos provando sua confiabilidade, tem por trás a imensa rede de concessionários da Honda e obviamente suas peças de reposição são mais baratas e absurdamente mais fáceis de encontrar. Por outro lado, é uma moto extremamente visada e que - para quem faz questão - proporciona glamour próximo de zero.

Como motos street de baixa cilindrada são usadas fundamentalmente como meio de transporte, no vai-e-vem trabalho/casa diário, ou por quem vai efetivamente trabalhar com a moto, caso da turma do delivery, muitos outros critérios entram na conta. Conforto e funcionalidade inclusive. E a lista acima mostra que a DK 160 oferece muitos atrativos nesses aspectos.

Além disso, a DK 160 tem um design agradável, embora nada revolucionário. As tais luzes de posição instaladas na pequena carenagem frontal, por exemplo, até remetem àquela Honda CG "diabinha" feita entre 2009 e 2013 e que, para muita gente, foi a mais feia das CGs.

Mas, aqui, a coisa ficou de bom gosto - assim como o tanque com desenho bacana e as aletas laterais discretas. O conjunto visual da DK 160 é palatável e até o tal bagageiro traseiro, embora menor que o desejável, está harmonioso.
Lá atrás, a rabeta e a lanterna são discretas, o que é sempre bom. E, por fim, mas não menos importante, a pintura (vermelha) da moto aparenta ser de ótima qualidade - reluz sob o sol! Ou seja, com a Haojue DK 160 ninguém vai tirar onda, mas também não vai passar vergonha.

O motor da DK 160 é no padrão do segmento: monocilíndrico, injetado, refrigerado a ar, 162 cm³, 15 cv de potência a 8.000 rpm e 1,4 kgf.m a 6.500 rpm. Praticamente os mesmos números fornecidos pelo motor da CG 160.
As outras especificações importantes da moto o caro leitor pode conferir na ficha técnica que está no fim desta matéria. Porque agora vamos ao que interessa...

Como anda a Haojue DK 160

Além de ostentar uma relação custo/benefício interessante quando levamos em conta o preço sugerido, os recursos e as funcionalidades, a DK 160 também nos surpreendeu na pista. Como a Haojue não tem motos de teste para a imprensa, contamos mais uma vez com a preciosa parceria da concessionária Ego Motos, do Rio de Janeiro, que representa Suzuki, Haojue e Kymco (e, em breve, a Zontes!).

Como sempre, foi um rolé rápido com uma moto zero-quilômetro. Mas bastaram estes vinte e poucos quilômetros para notarmos algumas virtudes interessantes. Para começar, a posição de pilotagem é agradável.
O guidão poderia ser uns 2 cm mais alto, mas isso é coisa de gosto bem pessoal. Por outro lado, o banco é menos duro do que parecia, e não incomodou. Para testar com certeza, seria preciso passar mais tempo ali em cima.

Na saída para o test-ride, já enfrentamos um trânsito bem chato - com rua estreita e tudo parado. Boa oportunidade para ver como a DK 160 tem frente levinha e, também por isso, é surpreendentemente maneável. Passei pelos corredores e por entre os carros com muita facilidade.
Chegamos ao Aterro do Flamengo, que é pista expressa, e ali subi as marchas com rapidez e facilidade. Até aqui, nem sinal de dois aspectos que quase sempre estiveram presentes nas motos chinesas que avaliei até hoje: a frente pesada, "pescoçuda", e o câmbio duro e com engates difíceis. Gostei!

Mesmo com motor zero e, por isso, obviamente ainda um pouco travado, cheguei facilmente aos 110 km/h. E sem parecer que estava esgoelando a moto: o nível de ruídos é bem aceitável e o de vibrações, abaixo do esperado. A DK 160 roda suave e, mesmo na quinta marcha, tem força para não ficar soluçando.
Nas inclinações, não abusei. As curvas do Aterro do Flamengo são abertas e de alta, mas é público e notório que também são inclinadas para fora e, há não muito tempo, foram recapeadas com um asfalto nada confiável. Além disso, a moto estava com pneus Pirelli novos, ainda com restos daquela "cerinha" malandra que adora levar o piloto a escorregões.

Na volta do trajeto, já com pneus mais lixados, deitei um pouco mais e avaliei a frenagem. Nestes dois aspectos a moto não comprometeu, mas também não impressionou. Outra característica que merece um olhar mais atento da marca é a retrovisão: os espelhos, de aparência e material pobre, destoam do resto da moto.
Por outro lado o painel de instrumentos, se não é exatamente bonito, resolve tudo: oferece boa visualização e é bem completinho, com informações que os das rivais não têm - como indicadores de marcha engatada e de carga da bateria - e todas as luzes-espia úteis.

Por suas características, funcionalidades, desempenho e preço, arrisco dizer que a DK 160 é a primeira moto street nesta faixa de cilindrada que pode realmente fazer frente às best-sellers Honda CG 160 e Yamaha Fazer 150. É muito superior a outros modelos, de outras marcas, que já pilotamos, e transmite sensação de robustez - o que é fundamental neste segmento.
Essa robustez e a confiabilidade - tanto da moto quanto da marca - serão comprovadas pelo tempo. Por enquanto, a informação que temos é que maioria absoluta dos compradores de motos Haojue tem ficado satisfeita. E a DK 160, na largada, nos agradou muito.

FICHA TÉCNICA

Haojue DK 160

Preços: R$ 15.794 Motor: monocilíndrico, injetado, refrigerado a ar, 162 cm³, potência de 15 cv a 8.000 rpm e torque de 1,4 kgf.m a 6.500 rpm Transmissão: câmbio de cinco marchas com secundária por corrente Suspensões: dianteira com garfos telescópicos e traseira bichoque Freios: a disco na frente e a tambor atrás, com CBS Pneus: 80/100 R18 na frente e 100/80 R18 Dimensões: comprimento de 2,01 m, largura de 75,5 cm, altura de 1,10 m, entre-eixos de 1,28 m, banco a 78 cm do solo, vão livre de 19,5 cm, peso de 135 quilos em ordem de marcha Tanque: 16,5 litros Consumo: 45 km/l (Haojue)

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