A Alfa Romeo encerrou a operação no Brasil há quase duas décadas e muita gente nem deve ter ouvido falar no Tonale, o mais recente lançamento da marca italiana. Olhando assim pode não parecer, mas o SUV tem muito a ver com nosso mercado. Isso porque tem a mesma plataforma do Jeep Compass, um dos queridinhos dos brasileiros. A particularidade do modelo milanês é exibir um acabamento mais requintado e um conjunto mecânico mais potente. Seria o modelo, então, um Compass esportivo de luxo?
Para descobrir, viajamos para Avignon, no Sul da França. O WM1 foi a única mídia brasileira presente no evento de lançamento da versão híbrida plug-in do SUV, ou seja, que pode ser recarregado na tomada. O Tonale é o primeiro exemplar eletrificado da montadora centenária, que visa ter uma gama 100% elétrica até 2027.
A opção híbrida chegou para ocupar o topo da gama, que tem opções a gasolina, a diesel e até uma opção híbrida leve. Mas, antes de trocar uma ideia com mais detalhes sobre desempenho, vamos falar mais sobre o estilo do modelo?
As imagens não deixam dúvidas de que estamos falando de um SUV com pegada esportiva. As linhas insinuantes no capô e no topo do para-choque combinam com a extensa grade inferior e os recortes nas extremidades da base frontal.
Já os faróis são caracterizados por esses LEDs com três elementos, que formam a identidade visual da Alfa Romeo em parceria com o tradicional scudetto triangular, como é conhecida a grade triangular da marca.
Outro apetrecho muito famoso está presente no desenho das rodas de liga leve de 20 polegadas com cinco círculos. O arremate é dado pelas pinças de freio Mopar, grife de aftermarket da Stellantis.
O visual traseiro representa uma continuidade do que é visto na frente. Isso vale principalmente para as lanternas de LED interligadas. Já o para-choque combina elegância e esportividade: é encorpado e carrega duas ponteiras de escape nas extremidades.
O habitáculo deixa mais evidente o caráter luxuoso do Alfa Romeo Tonale. Um destaque é o material metálico com textura tridimensional que permeia o painel e que ganha iluminação de cores personalizáveis à noite.
Há couro em boa parte da cabine. Nas versões mais caras, o acabamento é em camurça com costuras vermelhas.
Outros itens chamativos são as saídas de ar-condicionado que fazem referência ao gráfico de força G e a central multimídia horizontal de 10,25 polegadas. Para os padrões de hoje, parece até pequena, mas cumpre o papel de ser intuitiva, atraente e precisa. Faz par com o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, que enriquece a viagem por meio de gráficos sóbrios, porém modernos.
Em contrapartida, o volante e diversos elementos do console carregam os mesmos layouts que costumamos ver em modelos da Jeep e até da Fiat.
O interior do Tonale também transmite a sensação de ser confortável e amplo. Com 4,52 m de comprimento, o carro é 12 cm mais comprido que o Compass. Por outro lado, ambos são equivalentes em entre-eixos, com 2,63 m.
Em relação ao porta-malas, um ponto de atenção: se nas versões totalmente térmicas o bagageiro leva 500 litros, o volume cai para 385 litros no híbrido plug-in. Isso porque o motor elétrico fica posicionado no eixo traseiro. O volume é, portanto, menor que o do Compass híbrido, que tem 420 litros de capacidade.
Esportivo só no visual
Outra referência ao modelo da Jeep está no conjunto mecânico. O novo SUV tem o mesmo motor 1.3 turbo a gasolina do Compass, que rende 180 cv de potência. No entanto, o primo italiano é acoplado a um motor elétrico mais potente, com 122 cv.
Em suma, temos uma potência total de 280 cv, enquanto o torque é de 27,5 kgf.m, entregues antes dos 2.000 giros. Isso garante um desempenho satisfatório ao Tonale. Não por acaso, cumpre com o zero a 100 km/h em 6,2 segundos.
Nada mal para um bichão de 1.835 quilos. Mas não é uma performance muito melhor que a do Compass 4xe, que é 4 décimos mais lento.
Em potência, o Tonale Hybrid Plug-in só fica atrás do Jaguar E-Pace (309 cv), em uma categoria que agrega representantes como BMW X1, Audi Q3 e Volvo XC40. Isso, falando sempre sobre versões híbridas recarregáveis.
Mas o fato é que a esportividade do italiano fica mais no visual do que no desempenho. A tocada do Tonale ainda é de um SUV familiar, sem aquela pimentinha naturalmente presente em um Porsche Macan ou em versões esportivas, como um Audi RS Q3.
Para termos um SUV milanês mais ardido, deveríamos esperar por uma versão Quadrifoglio, mas isso não deve rolar.
Voltemos, então, a usar o Compass novamente como exemplo porque agora o assunto é recarga de bateria. O Tonale se baseia no mesmo sistema do Compass híbrido, e pode ser recarregado em sistemas de até 7,4 Kw. Segundo a Alfa Romeo, são necessárias quase três horas para uma recarga total.
A autonomia totalmente elétrica supera os 80 quilômetros. Mas se juntarmos o motor à combustão, o Tonale pode rodar pouco mais de 600 quilômetros sem parar para abastecer.
As versões híbridas recarregáveis do mais novo modelo da Alfa Romeo têm preços entre 51 mil e 56 mil euros. Em conversão direta, é algo próximo de R$ 262 mil e R$ 305 mil, respectivamente. A título de comparação, o Compass 4xe é tabelado na França entre 43 mil (R$ 234 mil) e 49 mil euros (R$ 267 mil).
O jornalista viajou a convite da Alfa Romeu