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Audi Q8 privilegia sofisticação

Embora tenha plataforma de Lamborghini e motor de Porsche, SUV-cupê pende mais para requinte do que para performance

por Lukas Kenji

O Audi Q8 é o típico exemplo de carro que você para em frente, observa e fala: “que nave!” A reação não é à toa, afinal, o modelo tem plataforma de Urus e motor de Cayenne. Isso quer dizer, então, que ele é o SUV mais equilibrado do Grupo Volkswagen ou uma opção para quem não tem bala na agulha para manter um Lamborghini ou um Porsche?
Uma coisa precisa ser dita rapidamente. O protagonista desta avaliação é objeto de cobiça para quem, sim, tem muita grana. A versão de entrada custa R$ 494.990, enquanto a configuração testada é a Black Performance, tabelada em R$ 531.990.
Mas não pense que as cifras elevadas eximem o Audi Q8 de opcionais. Pelo contrário, se somarmos todos os extras, podemos adicionar R$ 89 mil na conta.
Nesta faixa de preço, o Audi Q8 briga com BMW X4 - no preço e motor - e X6 - no porte e no preço -, Mercedes-Benz GLE e Range Rover Velar. Ou seja, estamos falando de utilitários com foco em um visual mais despojado, que fogem do design convencional. E todos carregam motores parrudos.
O Audi Q8 tem o mesmo motor 3.0 V6 do Cayenne de entrada. Desenvolve 340 cv de potência e 50,1 kgf.m de torque. Ele se vale do auxílio de um gerador elétrico de 48V que atua em duas ocasiões: na primeira, funciona como uma espécie de motor de partida, enquanto, no segundo caso, atua em velocidades de cruzeiro, entre 55 km/h e 160 km/h.

Neste intervalo, o motor V6 para de funcionar e o carro fica a cargo deste gerador elétrico. Sendo assim, podemos dizer que o Audi é um híbrido leve.
Embora o modelo tenha esses recursos para poupar combustível, o consumo dele não é lá essas coisas. Recebeu apenas nota “E” no índice do Inmetro. Na cidade, o consumo médio é de 6,6 km/l, e sobe para 7 km/l, na estrada.

Pesado, mas disposto

Mas, convenhamos, o que interessa mesmo ao consumidor deste carro é desempenho. E isso ele entrega com facilidade. Cumpre com a aceleração de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos.
Independentemente dos números, o desempenhos do Q8 é de saltar os olhos. Mais pela dirigibilidade do que pela capacidade do motor em si. Isso porque o SUV de 4,98 m de comprimento e 2.340 quilos de peso suscitaria uma espécie de tanque: pesado e brutal, mas que não faz curvas. Na prática, a realidade é outra.
Claro que o centro de gravidade elevado impede a real sensação de estar em um carro esportivo, porém, o acerto dinâmico foi muito bem ajustado. Ele começa por um motor vigoroso, passa por uma transmissão inteligente e ligeira e chega a uma suspensão extremamente sofisticada.

Dando nome aos bois, o câmbio é tiptronic de oito velocidades e a suspensão tem ajuste fivelink (muktibraço) nos dois eixos. Outro ponto importante é a tração integral, que, em modo padrão, tem distribuição de 60/40 para a traseira. A propósito, o eixo traseiro é esterçante, o que amplia a sensação de o carro estar sempre à mão.
Também é preciso destacar em termos dinâmicos os modos de direção. São sete. Eles atuam na curva de transição de marcha, respostas da direção e até na altura da suspensão. Embora não pareça, o SUV importado da Eslováquia topa uma aventura fora de estrada. Inclusive, há dois modos de direção dedicados a isso.

Estiloso

Ao passar a limpo os aspectos de desempenho do mais novo membro da família Q da Audi, bora falar sobre design, quesito para o qual o modelo foi feito para brilhar. Ele é considerado o primeiro SUV-cupê da marca. Mas a única característica nesta direção está na ausência de moldura nos vidros, uma vez que a típica caída no teto não é tão evidente.

Ganha protagonismo o conjunto ótico, de aspecto tridimensional. Ele corresponde a boa parte da parte traseira e pode ser de LED, no caso dos projetores frontais. Outro elemento importante é a grade. Afinal, ela servirá de base para os demais SUVs da Audi.
Nela, ficam nítidos os radares e câmeras que são fundamentais para o funcionamento dos sistemas semiautônomos. Estamos falando de câmera 360 graus, além de assistente de ponto cego e permanência em faixa. Outros itens disponíveis são head-up display e ACC, o controle de cruzeiro adaptativo. Todos os itens são opcionais.
Por dentro, a tecnologia continua. É enfatizada nas três telas digitais. A que corresponde ao painel de instrumentos já não é novidade. Chamada de Virtual Cockpit, tem 12,3 polegadas, e exibe diversas informações sobre o veículo, como entretenimento e mapas.

Mas o show fica por conta da central multimídia disponível em duas telas, um sistema muito parecido com o da Land Rover. O visor de cima tem 10,1 polegadas e carrega consigo a exibição de todas as funções do carro. Já a tela inferior, de 8,6”, permite o gerenciamento do ar-condicionado.
Os visores ajudam a compor um ambiente interno extremamente agradável. De novo, é uma atmosfera de nave. Há diversidade de materiais, com destaque para a estrutura metálica que se estende pelo console de ponta a ponta e é arrematada pelas luzes de ambiente. Há mais de 30 opções de cores.

Sinta-se à vontade

Quem viaja no banco de trás também tem direito a uma tela digital para controle da climatização. Há também duas portas USB. Mas isso é mero detalhe diante das largas medidas que proporcionam conforto de sobra aos passageiros. Temos 2 metros só de largura, enquanto o entre-eixos chega a 2,95 m.
Mesmo assim, não é possível dizer que três adultos viajam tranquilos atrás. Isso porque o túnel central é elevado e o SUV tem “apenas” 1,70 m de altura. Porém, a sofisticação da suspensão e o primoroso isolamento acústico fazem você querer morar nesse carro.
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Quer mais um bom argumento para ficar aqui? Nesta versão completona, existe até sistema de som tridimensional da Bang & Olufsen. Para falar a verdade, esse é o único equipamento que vale a pena da versão mais cara.

Itens como soleiras de alumínio, forro do teto preto, capa dos retrovisores externos também preta, além de pinças vermelhas dos freios são dispensáveis, uma vez que a diferença de preço entre as versões belisca os R$ 38 mil.

Se quiser mais emoção...

Embora tenha muitos opcionais para um carro de meio milhão de reais, o Audi Q8 cumpre com a proposta de sofisticação e performance. Inclusive, ele pende mais para o lado do requinte e conforto do que para o dinamismo.
A boa notícia é que, se você quiser mais desempenho e topar esperar um pouco, pode comprar o RS Q8, que já foi confirmado para o Brasil. Ele tem motor 4.0 biturbo de 600 cv e aceleração da inércia aos 100 km/h em 3,8 segundos.

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