Ford Mustang Gt Performance (6)

Bati um recorde de velocidade com o Mustang GT

Calma! Não é o que você está imaginado. Enfrentei trânsito lento com o esportivo da Ford e conto como foi a experiência


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Um dos meus alívios com o trabalho home office é justamente não precisar perder algumas horas do meu dia preso no trânsito. Mas existem momentos na minha rotina como jornalista em que não há escapatória. Pois foi o que aconteceu comigo recentemente. Bem na semana em que eu estava com um Ford Mustang GT Performance na garagem.

Como já testei o muscle car em pista e na estrada em outra ocasião, resolvi topar um desafio diferente: bater um recorde de velocidade - mínima, no caso - a bordo do cupê esportivo equipado com um motor V8 de 488 cv.

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Botei os 488 cv do Ford Mustang em um teste de paciência
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Um Ford Mustang GT no trânsito

Um monstro civilizado

Um sedã ou um SUV de luxo parecem escolhas mais óbvias para essa tarefa. E são realmente carros mais adequados, oferecendo um nível de conforto e de amenidades que ajudam a suportar melhor a torturante tarefa de guiar no tráfego lento.

Nem é preciso lembrar que os carros esportivos geralmente não se saem bem nesse uso. Afinal, são automóveis feitos para serem guiados rápido. Por isso mesmo, tem bancos desconfortáveis para longas jornadas e/ou suspensões firmes em excesso. Algo que não combina muito bem com o uso urbano. Principalmente nas maravilhosas ruas das cidades brasileiras.

Para a minha sorte, o DNA americano do Mustang GT contribui para que ele seja um esportivo bastante civilizado. E que apesar do motor V8 e das dimensões avantajadas - 4,81 m de comprimento, 1,96 m de largura, 1,40 m de altura e 2,72 m de entre-eixos -, nos Estados Unidos esse carro não tem a aura de exclusividade que tem aqui no Brasil.

O esportivo da Ford é um carro bem usável fora do seu habitat natural. Um exemplo disso é o vão livre para o solo, de 14,4 cm. Maior que a dos esportivos europeus, é quase a medida de um hatch comum. Ou seja: nem é preciso ser tão cuidadoso nas saídas de rampas de prédios ou para cruzar as valetas.

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O Mustang oferece muito conforto... nos bancos dianteiros
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Conforto de sobra... na dianteira

Tenho 1,65 m de altura e o Ford Mustang me deixa com a impressão de estar usando uma roupa alguns números maior. Carro feito para pessoas mais altas e corpulentas, não exige que o condutor tenha porte de jóquei.

Por isso mesmo, tem bancos grandes e uma posição de guiar mais próxima dos carros comuns que dos esportivos puros. O painel digital configurável e a grande tela da central multimídia SYNC 4 - de 13,2 polegadas - realmente passam a impressão de que eu estou no comando de um avião de caça.

Os bancos dianteiros, aliás, tem ajustes elétricos, aquecimento e ventilação. E o sistema de som também merece muitos elogios: é um Bang & Olufsen com 11 alto-falantes e um subwoofer. Itens como o ar-condicionado automático de duas zonas também contribuem para deixar o Mustang ainda mais confortável.

Esse carro leva quatro pessoas. Mas o conforto está reservado apenas para o assentos dianteiros. Na traseira, o espaço para as pernas é mínimo e mesmo um passageiro com 1,65 m encosta a cabeça no teto.

Até dá para levar uma criança com relativo conforto. O problema é o malabarismo para se colocar uma cadeirinha infantil. Em resumo: o Mustang é um carro para levar, no máximo, um acompanhante. Mas pelo menos o porta-malas é bem amplo: são 382 litros de capacidade.

Passo de tartaruga

O Ford Mustang GT Performance está equipado com um motor 5.0 V8 a gasolina, que despeja 488 cv de potência e 57,5 kgf.m de torque a 5.000 rpm. Tem um câmbio automático de dez marchas e tração apenas nas rodas traseiras. Um esportivo raiz, sem muitas firulas, sobrealimentação ou eletrificação.

Em situação ideal de pressão, temperatura - e uma pista adequada - o Mustang acelera de zero a 100 km/h em 4,3 segundos e chega a 250 km/h.

Mas nesse teste de mundo real pelas ruas e avenidas da capital paulista e do ABC, rodei 3h26 com o esportivo da Ford, registrando a incrível velocidade média de 13 km/h. Não rolou nem de dar aquelas esticadas.

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Esse foi o desempenho empolgante do Mustang depois da jornada de trânsito lento
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Mas me senti menos cansado do que imaginava. Além dos equipamentos de conforto que eu citei mais acima, algo que fez bastante diferença foram os acertos dinâmicos voltados para o conforto. Dá para deixar o Mustang GT com a direção levinha e a suspensão - adaptativa - relativamente macia.

Com isso, o cupê esportivo acaba se comportando no trânsito quase como um sedã grandalhão. São tantas as opções de personalização que eu aproveitei o trânsito lento - quase parado - para testar também os modos do escape.

Sim! Dá par ter o Mustang mansinho, mas com o escape berrando alto. Algo que ajuda a espantar o tédio e a despertar o ódio - ou seria a inveja? - dos seus companheiros de infortúnio em carros menos interessantes que esse daqui.

E o consumo, ó!

Confesso que fiquei com dó de botar o Mustang nessa situação, sem poder flexionar os seus músculos e com o V8 a maior parte do tempo em marcha-lenta. Mas ele deu o seu troco bebendo gasolina com a sede de alguém secando o estoque do bar no dia do fim do mundo.

Em condições normais, o Mustang registra médias de 6,2 km/l (cidade) e 8,3 km/l (estrada). São bons números para um esportivo. Inclusive no meu outro teste com o esportivo da Ford eu consegui registrar marcas bem bacanas no uso rodoviário.

O trânsito é cruel. O start-stop até entrava em ação. Mas o ar-condicionado ligado 100% do tempo exigia que o V8 ficasse boa parte do tempo ligado. Fechei o meu dia com média de 3,7 km/l.

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O Mustang GT é um dos esportivos mais versáteis do mercado brasileiro
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Conclusão

É claro que ninguém compra um Mustang para botar no trânsito. Isso é uma heresia. Mas a experiência de rodar com o esportivo da Ford no tráfego lento ficou muito longe da ser uma sessão em uma câmara de tortura.

Pelo contrário. Diria que esse muscle car é um dos esportivos mais adequados para quem pensa em usar o carro regularmente, fora dos passeios rodoviários de fim de semana.

É claro que a fome de gasolina dessa máquina aumenta de maneira inversamente proporcional à velocidade média. Mas para quem tem R$ 529 mil para gastar em um carro, isso certamente não é problema, certo?

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