Versão de entrada do BMW Série 3 com o pacote M Sport, que dá um aspecto visual e mais agressivo ao carro que, veja só, é fabricado no Brasil.
Há pelo menos dois anos eu queria acelerar a nova geração do BMW Série 3, que chegou importada ao nosso país no começo de 2019, mas só começou a ser feita por aqui meses depois. E nesse teste quem veio parar em minhas mãos foi o BMW 320i M Sport, a versão de entrada do sedã com um pacote visual da série M, divisão preparadora da empresa. Se eu gostei? Venha que vou te contar.
O belíssimo carro preto que você confere nas imagens exclusivas do fotógrafo Ricardo Rollo é um 320i M Sport, que custa, atualmente, R$ 274.950 - a versão de entrada sem as alterações visuais sai por R$ 253.950. É caro, mas é o mesmo ou até menos do que a maioria dos rivais (Mercedes-Benz Classe C, Volvo S60 e Audi A4, entre outros) cobram. E esse BM ainda é feito no Brasil - e isso é incrível.
Visual invocado na frente, rodona esportiva de 19 polegadas na silhueta e uma traseira arrebatadora são as maiores virtudes do design desse sedã, que me encanta desde 2019 e também me parece ser um dos desenhos automotivos mais atemporais que já conheci. É fato: o carro é bonito hoje e será lindo mesmo daqui a 10 anos.
Abro a porta e quase faço um exercício: ele é baixo (são só 1,44 m de altura) e por isso sinto que praticamente sento sobre o assoalho do carro. Ajusto os bancos por botões elétricos nas laterais (quem vai ao meu lado, na frente, pode fazer o mesmo) e noto que consigo descer ainda mais a posição de dirigir.
Coloco as mãos no volante e sinto aquela sensação que só um BMW consegue oferecer: vou me divertir. Acredite, em 13 anos que atuo nessa área, foram raras as vezes que uma pegada firme na direção me deram certeza de que o que estava por vir era diversão.
Isso só acontece com carros da BMW e outras marcas alemãs, como a Porsche. Ok, com modelos de Ferrari, McLaren, Alfa Romeo e Lamborghini também tive sensações parecidas - e algumas até melhores -, mas isso é outra história.
A pegada de direção dos carros da BMW é um show à parte. Com assistência elétrica, o modelo oferece o peso na medida certa de acordo com o modo de condução - o 320i M Sport tem os estilos "Sport", "Comfort" e "Eco Pro", além de um "Individual", totalmente personalizável. Pela central multimídia dá para configurar respostas de motor, câmbio, suspensão e escape de um jeito bem fácil.
Bancos de couro sintético marrom - no tom Mocha/Preto, que é um espetáculo -; equipamentos e mimos espalhados por toda a cabine, inclusive para quem vai atrás; e o cuidado com o acabamento que a BMW toma com o Série 3 impressionam. De fato, surpreende saber que esse carro é feito no Brasil, com todo o respeito aos funcionários da BMW de Araquari (SC). Aliás, para essas pessoas, só tenho como oferecer uma humilde salva de palmas.
O carro também tem elementos de condução semi-autônoma. Corrige o volante automaticamente em escapadas eventuais de faixa; freia sozinho - e avisa que fará isso pelo painel de instrumentos - caso detecte uma situação de emergência; emite alertas de colisão frontais; tem sinal de tráfego cruzado traseiro e também vem de série com itens como assistente de partida em rampa, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, alerta de ponto cego e um serviço de chamada de assistência em caso de emergências.
Tem mais: em termos de segurança passiva, vem com sete airbags; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; controles eletrônicos de tração e estabilidade, como já mencionado; assistência na recuperação veicular em caso de furto e uma série de outras funcionalidades oferecidas pela central multimídia que, veja só, também oferece conexão com a internet.
Conecto meu celular e percebo que o sistema consegue oferecer informações de trânsito em tempo real, o que é ótimo. Uma central de botões no console resume tudo que o sistema pode oferecer: rádio, acesso à internet por meio de apps, mapa individual e sistema navegador do GPS. Uma espécie de roldana giratória, sensível ao toque como a tela, é quem comanda tudo.
Demora um tempo para você entender, mas depois que se acostuma, fica perfeito. Dá até para escrever, letra por letra, sobre esse equipamento. O 320i M Sport ainda vem com serviço de concierge, como já faz a GM e outras marcas do segmento premium, disponível por meio de um botão no teto, perto dos comandos do teto solar, que é elétrico, mas não panorâmico.
A tela da central multimídia também é bem intuitiva: um botão que parece uma casinha fica na parte de cima, com a função de "home" caso você se perca pela navegação. Funções adentro, é possível configurar o sistema de áudio; alterar as luzes ambiente, que são de LED; e até ajustar o assistente de estacionamento. Tem também duas entradas USB e um carregador de celular sem fio no console.
Pelo volante também é possível mexer em alguns ajustes da central e em funções do computador de bordo, que fica no quadro de instrumentos 100% digital atrás do volante. Do lado direito também dá para manusear as funções de comando de voz e fazer ligações; do esquerdo ficam todas as configurações do controle de cruzeiro adaptativo (ACC), outro de seus equipamentos.
Para quem vai atrás - mesmo atrás de mim, com o banco bem pra baixo e ajustado para meus 1,80 metro -, o espaço é excelente. Mas só para dois adultos, já que o túnel no assoalho, ao centro, é bem elevado. Duas pessoas adultas ou três crianças, que seja, mas três adultos já sofrem um pouco. Pelo menos há uma zona de ar-condicionado exclusiva e duas entradas USB-C só para quem vai lá atrás.
Esse privilégio de ter espaço na cabine, porém, compromete o tamanho do porta-malas, que tem apenas 365 litros de capacidade volumétrica, número pequeno para um sedã médio, já que o carro suporta um estepe temporário e ainda a bateria no compartimento - que possivelmente foi colocada ali porque não coube no espaço sob o capô. A tampa, pelo menos, é motorizada.
Quem move o BMW 320i M Sport e demais versões de entrada do Série 3 é um motor 2.0 turboflex de até 184 cv e 30,6 kgf.m com os dois combustíveis. Aliado a ele está uma caixa de câmbio automática de oito marchas e o sistema de tração traseira, para delírio dos puristas - como eu.
Não é possível desativar totalmente os controles de tração e estabilidade, o que é bom em termos de segurança, mas ineficiente para quem pensa em comprar o carro a fim de levá-lo para a pista - se você é uma dessas pessoas, consulte seu mecânico para descobrir como fazer o procedimento. Vale destacar que esse mesmo motor consegue oferecer versões e potência e torque ainda mais fortes em outras configurações de acabamento que são vendidas fora do Brasil.
Dou partida no botão que fica ao lado da manopla de câmbio e já coloco o carro no modo "Sport", que automaticamente desativa o sistema start-stop - que desliga e liga o motor em paradas rápidas para economizar combustível. O ronco não é nervoso e, para ser sincero, é bem silencioso pelo que o carro consegue oferecer - segundo a marca, o 0-100 km/h é feito em 7,1 segundos.
Percorro trechos de cidade e estrada e noto que seu desempenho é progressivo, e não instantâneo como em versões mais nervosas - o próprio Série 3, no Brasil, tem uma versão híbrida com 292 cv muito mais apta a engolir asfalto e, olha só, economizar combustível; mas nesse caso o patamar de preço sobe para R$ 354.950 (etiqueta da versão 330e M Sport).
Muito mais do que "low profile", mesmo com desenho bem agressivo, o carro faz curva como poucos rivais. Tem estabilidade e uma tocada como um bom e legítimo carro alemão, mesmo tendo origem catarinense. E por oferecer a possibilidade de trocas de marchas por aletas atrás do volante, é difícil não se encantar com o carro.
E o consumo? Segundo o Inmetro, que mediu o carro apenas na gasolina, ele é capaz de fazer até 11,1 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada. Nossa média, em percurso misto, sempre com duas pessoas à bordo, ar-condicionado ligado e o mesmo combustível, foi de 10,4 km/l. E achei isso ótimo.
É realmente complicado, como falamos algumas vezes, pagar quase R$ 280 mil em um BMW Série 3 de entrada, ainda que a versão testada seja bem completa e visualmente atraente. Principalmente porque em seu lançamento, dois anos atrás, o carro, na mesma versão, chegava por aqui pela etiqueta de R$ 219.950 - naquela época, o 330i M Sport, mais completo e potente, custava R$ 269.950.
Mas o mundo mudou e sabemos que a maioria dos compradores dessa faixa de veículos manteve a capacidade financeira de assinar o cheque. Então se você é um desses, procura um sedã médio alemão e acredita - e confia - no potencial da fábrica brasileira da BMW, pode ir sem medo, porque o 320i M Sport prova que nosso país pode produzir luxo com propriedade.
BMW - 320I - 2021 |
2.0 16V TURBO FLEX M SPORT AUTOMÁTICO |
R$ 274950 |
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