Com ótimo preço, o BYD King surpreende também pelo porte e pelo funcionamento do conjunto motriz. Mas pesa contra a ausência do pacote ADAS.
O Toyota Corolla é líder e rei incontestável do segmento dos sedãs médios. Muitos tentaram destronar esse monarca amado pelo povo, mas todos fracassaram. Pois o BYD King é o mais novo desses desafiantes ao trono. Um sujeito tão pretensioso que tem "rei" até no nome.
Verdade seja dita: o híbrido plug-in BYD King não teria essa marra toda se não fossem as suas armas. Com porte mais próximo ao dos sedãs grandes que ao dos médios e uma bela lista de atributos, a marca chinesa quer que você acredite que o recém-chegado terá o impacto de um Rambo teletransportado para uma batalha medieval.
Mas será tudo isso mesmo? Confira a seguir o meu teste com o BYD King e veja o que eu achei desse sedã médio híbrido plug-in.
O BYD King estreou em 2022 na China. É um produto recente, que deixa claro no visual da dianteira e da traseira que se trata de um carro da marca chinesa.
Mesmo assim, o King tem linhas mais sóbrias que as de modelos como o Dolphin Mini e o Yuan Pro. Diria que o visual é até mais conservador do que a média do segmento.
Uma prova disso são as rodas de 17 polegadas, calçadas com pneus bem borrachudos. Elas parecem pequenas para o modelo.
E isso fica ainda mais claro pelo fato de o King ser um carro bastante longo e baixo. São 4,78 metros de comprimento, 1,50 m de altura, 1,84 m de largura e 2,72 m de entre-eixos.
Essas dimensões aproximam o King mais dos sedãs grandes que dos médios. Só para comparar, um Toyota Corolla tem 14 cm a menos no comprimento.
Isso tudo não quer dizer que o King seja um carro feio. Pelo contrário. Só é mais conservador do que eu esperava. Mas isso não é exatamente um problema no segmento dos sedãs.
As dimensões externas generosas ficam evidentes na cabine. O espaço para as pernas no banco traseiro é muito bom, mesmo com os assentos dianteiros recuados. Com carroceria larga, é possível levar quatro adultos com bastante conforto.
Mas desde que esses passageiros não sejam altos. É que o banco traseiro tem uma posição bastante elevada e a cabeça quase encosta no teto mesmo se você tiver menos de 1,70 m de altura.
Na dianteira, mesmo com s bancos menos elevados que na traseira, o King ainda trata melhor os baixinhos que os altinhos. Aqui vale uma observação: a posição de dirigir desse carro é no mínimo curiosa.
Tenho 1,65 m de altura e não gosto de guiar com o banco elevado. Logo, joguei o assento no ponto mais baixo possível e as minhas pernas ficaram numa posição mais esticada, típica dos carros mais esportivos. Mesmo assim, ainda estava alto o suficiente para ver o trânsito de cima.
Apesar dessa posição de guiar exótica, o King não é um carro de ergonomia ruim. Tem um bom equilíbrio entre botões físicos e comandos virtuais. Todos posicionados no padrão da marca chinesa. Ou seja: é um carro bem intuitivo. Principalmente se você já conhece outros carros da BYD.
O acabamento interno também merece aplausos. Materiais macios ao toque em várias superfícies são combinados com a montagem precisa dos plásticos e firulas como iluminação por LEDs decorativos e com tonalidade personalizável.
Já o porta-malas tem 450 litros de capacidade. No papel, um volume que fica na média do segmento. Na prática, o fato de ser um bagageiro estreito, profundo e com boca pequena dificulta na hora de colocar ou retirar bagagens maiores.
O BYD King GS tem bancos de couro com ajustes elétricos nos assentos dianteiros, painel digital de 8,8 polegadas, multimídia com tela de 12,8 polegadas, iluminação interna decorativa, chave presencial, carregador de celular por indução e ar-condicionado automático de duas zonas e saídas para o banco traseiro.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem faróis de LED com acionamento automático, câmera 360°, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, seis airbags, monitor de pressão dos pneus e controlador automático de velocidade.
Além da falta do teto solar, outra ausência marcante é a do pacote ADAS, que já está presente em todos os concorrentes diretos. Ou seja: ficam de fora itens como frenagem autônoma, assistente de manutenção em faixa e o controle adaptativo de velocidade de cruzeiro.
O BYD King é um híbrido plug-in, equipado com um motor 1.5 a gasolina, que despeja 110 cv de potência, e um propulsor elétrico com 197 cv de potência. Um conjunto com potência máxima combinada de 235 cv.
O resultado é um carro que acelera de zero a 100 km/h em 7,3 segundos e atinge 185 km/h de velocidade máxima. Bons números para um sedã híbrido e sem pretensões esportivas.
Já a bateria de 18,3 kWh permite que o King tenha um alcance 100% elétrico de 80 quilômetros no ciclo PBEV do Inmetro. A autonomia total impressiona: mais de 1.100 quilômetros com um tanque.
O sedã da BYD tem suspensão McPherson na dianteira e por barra de torção na traseira. Os freios são a disco, ventilados na dianteira e sólidos na traseira.
Mas o mais bacana desse sedã eletrificado da marca chinesa é a forma como essa dança dos motores é gerenciada. Na prática, é como ter um carro elétrico, um plug-in e um híbrido autocarregável ao mesmo tempo.
Mesmo com um botão que permite forçar o King a rodar no modo 100% elétrico, o sistema híbrido é inteligente e faz o carro dispensar o propulsor a combustão na maior parte do tempo.
O motor 1.5 entra em ação para auxiliar o elétrico quando é necessário mais força e potência. Ou na estrada, onde o propulsor a bateria rende pior que o a combustão.
Por ser um plug-in, a bateria do motor elétrico é carregada na tomada. Mas também é possível usar o motor a combustão para atingir um nível de até 70% de carga.
É claro que esse perfil de uso é menos eficiente. Mas permite ao King ser um plug-in sem precisar, necessariamente, de um carregador.
E o melhor: praticamente acaba com aquele problema do plug-in se tornar um monomotor. Esses carros não vão bem - em desempenho e consumo - só com o propulsor a combustão em ação.
Com um isolamento acústico muito eficiente, você só vai perceber que o motor a combustão está em funcionamento ao olhar no painel. O propulsor a gasolina só ronca algo quando você pisa até o fundo no acelerador.
Falando agora do desempenho: o King é um carro que responde rápido ao acelerador. Mas impressiona mais em arrancadas e retomadas em baixas velocidades. Nessas situações, é bem fácil sair cantando pneu.
Na estrada, essa sensação de potência e torque de sobra é menor. Mesmo no modo de condução Sport - o mais apimentado dos três disponíveis - existe um atraso considerável entre o comando no acelerador e a entrada em ação do propulsor a gasolina.
Como acontece em outros modelos da BYD, a minha crítica ao King vai para o acerto dinâmicoo. Este sedã tem um acerto de direção bem leve e uma suspensão muito macia.
Esse acerto mais voltado para o conforto faz com que o King seja bastante confortável ao rodar em pisos irregulares no uso urbano. Por outro lado, você sente claramente a carroceria inclinar em curvas rápidas ou manobras evasivas na estrada.
Nada assustador ou que transmita insegurança. Mas é algo que foge do padrão do segmento, onde o cliente já se acostumou com carros bem acertados e gostosos de guiar. Mesmo que sacrifiquem um pouco o conforto.
O BYD King GS é o topo de linha e custa R$ 187.800. A garantia é de seis anos sem limite de quilometragem e de oito anos apenas para a bateria e periféricos do sistema híbrido.
O modelo da BYD custa praticamente o mesmo preço do Toyota Corolla na versão Altis Hybrid, que sai por R$ 187.790. Um belíssimo preço para um sedã espaçoso e híbrido plug-in.
Mas o preço de compra não é o único gasto que você terá com o carro, não é mesmo? O plano de manutenção do King prevê revisões a cada 12 mil quilômetros ou um ano.
Se você rodar 60 mil quilômetros, terá que desembolsar R$ 6.460 apenas nas inspeções obrigatórias. Fiz os cálculos do seguro no Auto Compara e o valor da proteção total para o meu perfil - homem, casado, 37 anos - e a conta ficou em R$ 13.091,09.
Vale a pena levar o BYD King? Diria que é uma opção a ser considerada para quem não tem uma fidelidade tão grande às marcas tradicionais e precisa de uma sedã confortável, equipado com um conjunto motriz feito sob medida para economizar combustível e entregar bom desempenho.
Por outro lado, não é um carro de rodar tão refinado e pesa contra ele a ausência do pacote ADAS, algo que já é padrão na categoria. Somando todos os prós e contras, diria que esse King tem potencial para ser um dos líderes dos sedãs médios, mas sem desafiar o Corolla.
Duvida? Em agosto, o King foi o terceiro sedã médio mais vendido no Brasil, com 384 emplacamentos. Pouco atrás do segundo colocado, o Nissan Sentra, que emplacou 485 unidades no período.
Já o sedã da Toyota foi líder, com impressionantes 3.515 licenciamentos. Ou seja: o rei da BYD ainda terá que ganhar mais força para tomar a coroa do Corolla.
BYD - KING - 2025 |
1.5 DM-I PHEV GS AUTOMÁTICO |
R$ 187800 |
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