O Citroën C4 Cactus estreou no mercado brasileiro em 2018 como o SUV compacto mais rápido do País e inaugurou o sistema de frenagem de emergência na categoria. Muita coisa mudou na indústria de lá para cá, mas o protagonista desta avaliação não acompanhou o ritmo das novidades. Na linha 2021, apresenta raras alterações, e ainda carrega o fardo de ser o único veículo de passeio da Citroën à venda.
Com a aposentadoria de C3 e AirCross, a montadora aposta no momento apenas nos utilitários Jumper e Jumpy, além do C4. E convenhamos que o modelo não tem tabela de preço das mais acessíveis. Parte de R$ 96.490 na versão Live e pode chegar a R$ 124.990 na configuração Shine Pack, aqui testada.
Essa versão é a única equipada com o famoso e vigoroso motor 1.6 turbo que desenvolve até 173 cv a 6.000 rpm, o mais potente do segmento. O torque também é chamativo: 24,5 kgf.m entregues já aos 1.400 giros. Não é por menos a aceleração de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos. Isso significa que o crossover é mais rápido até do que o hot hatch Volkswagen Polo GTS, chega aos 100 km/h em 8,4 s.
Na prática, os números expressivos transformam-se em agilidade em qualquer tipo de tocada. Seja para fazer uma ultrapassagem na estrada ou subir uma ladeira íngreme na cidade, o C4 mostra competência sem qualquer gargalo.
Aqui, vale elogio ao câmbio automático de seis velocidades (disponível em todas as versões, após a aposentadoria do câmbio manual). Bem ajustado ao propulsor, garante desenvoltura e bom consumo de combustível. Segundo o Inmetro, o índice é de 10,4 (gasolina) e 7,2 (etanol) km/l na cidade. Já na estrada, os números sobem para 12,6 (g) e 8,9 (e) km/l.
As palmas podem ser direcionadas ainda para o acerto de suspensão. Embora a Citroën tenha aumentado a altura do C4 feito em Porto Real (RJ) em relação ao modelo vendido na Europa, o sistema é macio e transmite conforto sem ser molenga.
Causa estranheza, no entanto, o fato de o carro ter posição de dirigir alta, mas ser relativamente curto. Há impressão de desproporção. Embora seja vendido como SUV no Brasil, o C4 é, de fato, um hatch médio no exterior. Não por acaso, o Citroën tem comprimento seis centímetros a menos do que o nada elástico Jeep Renegade. São 4,23 m, ante 4,17 m.
As medidas comedidas podem não influenciar no conforto para as pernas dos passageiros traseiros, uma vez que o entre-eixos é de 2,60 m. Mas a altura de 1,53 m em conjunto com a largura de 1,71 m mostram que o C4 não é um carro para famílias espaçosas.
Nem é o modelo ideal para quem gosta de um bagageiro generoso. O porta-malas tem 320 litros, igual ao do Jeep Renegade.
Isso nos leva a crer que os elementos que enfatizam a praticidade dos SUVs não são o forte do C4 Cactus. Isso não quer dizer, porém, que falamos de um produto ruim. Pelo contrário, o modelo continua com um visual com personalidade e que combina com o interior de acabamento caprichado.
Sem novidades estéticas na nova linha, o C4 mantém destaque para os plásticos que envolvem toda a base da carroceria, além do conjunto de faróis com distribuição inusitada, uma vez que os LEDs de uso diurnos assumem protagonismo por estarem isolados junto ao logo da Citroën.
Por dentro, o acabamento continua com peças de boa qualidade. Há mistura de plástico rígido com material emborrachado, além de elementos cromados ou enfeitados em preto brilhante. O layout do interior transmite a sensação de estarmos em um carro jovem e moderno.
Essa sensação tem a ver também com a estratégia minimalista de disposição de botões. Embora suscite um direcionamento clean, a ideia prejudica a praticidade. Para gerenciar a temperatura ou intensidade do ar-condicionado, por exemplo, é preciso acionar um botão no painel e depois mexer na central multimídia. Seria uma tarefa simples, mas que acumulou etapas por não estar disposta em um simples botão.
Também mostra-se uma escolha incoerente quando notamos que há destaque para o botão giratório do controle de tração e estabilidade. Ele tem modos que interferem nesses sistemas para que o carro tenha melhor desempenho em terrenos arenosos ou molhados. Mas, como não falamos de um carro off-road e 4x4, esse botão tende a morar no esquecimento e poderia ser apenas coadjuvante da central multimídia.
Por falar no sistema de conectividade, ele é simples e bem organizado. Tem 7 polegadas, câmera de ré e pareamento com Android Auto e Apple CarPlay. Fica responsável também pela maioria das informações do carro, uma vez que a tela digital que corresponde ao painel de instrumentos é simples e avessa a customizações.
As telas digitais são itens de série desde a versão de entrada. O mesmo vale para faróis, luzes diurnas e lanternas em LED, vidros elétricos com acionamento por um toque, assistente de partida em rampa, controle de cruzeiro, volante com ajuste de altura e profundidade e ar-condicionado digital.
Já a versão topo de linha acumula revestimento em couro para bancos e volante, rodas de liga leve de 17 polegadas, raque de teto funcional, chave presencial com partida por botão, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e faróis exclusivos. São itens apenas da configuração Shine Pack os seis airbags, freio a disco nas quatro rodas, além do sistema de frenagem automática e dos alertas de colisão e saída de faixa.
Existe ainda a possibilidade de equipar o Citroën C4 Cactus com quatro pacotes de opcionais. Há itens como sensores de estacionamento, antena de rádio curta e suporte para bicicletas. Se todos os equipamentos forem adicionados, o preço do modelo vai a R$ 131.354.
Uma ausência sentida é a do teto-solar, que não é oferecido nem como acessório.
Em relação ao pós-venda, o valor mais em conta para o seguro no AutoCompara é de R$ 3.965,68, se considerarmos o pacote completo. Já o valor das seis primeiras revisões totaliza R$ 5.145.
Após minuciar os atributos do Citroën C4 Cactus, é possível dizer que o modelo continua atualizado e mantém as qualidades inerentes a visual, segurança e, principalmente, desempenho.
Porém, outros concorrentes também entregam predicados relevantes, mas contam com o diferencial de serem maiores, algo determinante na categoria de SUVs.
Um exemplo simbólico é o Volkswagen Nivus. Além de contar com o bom desempenho e economia do motor turbo, é recheado de equipamentos e maior do que o C4 tanto no comprimento de 4,26 m, quanto no bagageiro de 415 litros. Mas o diferencial matador é que o modelo da Volks custa R$ 112.770 com todos os opcionais. Isso significa que o C4 Cactus é R$ 12.220 mais caro.
Os argumentos mais consistentes para levar para casa o modelo da Citroën são o desempenho acima da média ou o gosto em relação aos carros da marca francesa.
CITROËN - C4 CACTUS - 2022 |
1.6 THP FLEX SHINE PACK EAT6 |
R$ 126451 |
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