Chevrolet Cruze LTZ: volta por cima

Versão top embala as vendas do sedã médio no Brasil e repõe a GM na briga dos sedãs médios


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– A Chevrolet estava devagar, quase parando, no segmento de sedãs médios no Brasil. Tinha apenas o veterano Vectra, que amargava baixas vendas, longe da tradição da marca em sedãs. Mas, quando entrou setembro, chegou o Cruze, um modelo comercializado em mais de 70 países que é parte importante na estratégia de tornar a Chevrolet uma marca global. E seu bom desempenho mundial foi logo acompanhado pelo Brasil. Nos dois primeiros meses completos de vendas, o Cruze já conseguiu números bastante expressivos para um novato.

Em outubro, o sedã teve 2.033 unidades emplacadas e no mês seguinte alcançou 2.823 exemplares. O desempenho em novembro foi suficiente para levar o Cruze à vice-liderança do nicho, atrás apenas do Toyota Corolla. Além disso, como é comum em modelos em início de produção, a fabricação ainda não está no auge. Vale lembrar que o Honda Civic – que ocupava o segundo lugar do segmento desde 2009 – está passando por troca de geração, o que diminuiu as suas vendas. E também que o segmento de sedãs médios foi o mais movimentado do ano, com outros quatro novos concorrentes lançados – Peugeot 408, Renault Fluence, Hyundai Elantra e Volkswagen Jetta.

Neste primeiro momento, o share de vendas do Cruze está dividido em 25% para a topo de linha LTZ e 75% para a de entrada LT. Entretanto, a versão mais cara praticamente não está disponível em pronta-entrega e já existem até listas de espera em algumas concessionárias. A maior procura pela LTZ se explica simplesmente pelo “timing”. No começo da venda de um veículo deste porte, é comum uma maior procura pelo carro mais equipado e exclusivo. Com o tempo, a demanda se equilibra e muitas vezes acontecem quedas de preços ou até a entrada de uma nova configuração ainda mais básica – no caso, uma eventual LS.

E a Chevrolet levou ao pé da letra a expressão “carro global” no desenvolvimento do Cruze. O modelo foi projetado na Alemanha, o desenho é sul-coreano, o motor é feito na Hungria, a transmissão automática vem do México, a manual da Áustria e a produção é distribuída em dez fábricas ao redor do mundo – inclusive a de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, que abastece o Mercosul. É praticamente um resumo do significado do termo globalização.

Na parte mecânica, a “torre de Babel” é composta pelo propulsor Ecotec que tem comando variável nas válvulas de admissão e escape e coletor de admissão de geometria variável. Alimentado por etanol ou gasolina, ele gera 144/140 cv de potência a 6.300 rpm e 18,9/17,8 kgfm de torque a 3.800 rotações. A transmissão pode ser automática ou manual, ambas com seis marchas.

Em termos de design, o fato de ser um carro global reduziu um pouco as possibilidades da Chevrolet. A tentativa foi criar um três volumes moderno, que denote requinte, mas sem extremas ousadias. A dianteira tem a identidade visual da marca, com a generosa grade bipartida por um friso na cor da carroceria. O faróis são pontudos e seguem a subida dos para-lamas. A lateral é o ângulo que mais agrada no Cruze. O teto faz um arco muito bonito com um caimento que só termina nas lanternas traseiras, que são horizontais. Elas contam com elementos circulares e são ligadas por uma barra cromada, exclusiva no carro brasileiro.

Entre as versões, a LT, de entrada, sai de R$ 67.900 e chega com airbags frontais e laterais, ABS com EBD, controle de tração e de estabilidade, ar-condicionado automático, cruise control, direção elétrica e rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth. A configuração testada, a topo de linha LTZ, ainda adiciona a transmissão automática, acabamento interno em dois tons de couro, airbag tipo cortina, sensor de estacionamento traseiro e de luminosidade e sistema de som Philips com tela de 7 polegadas e GPS e sai por R$ 78.900.

Ponto a ponto
Desempenho –
O trem de força que a Chevrolet introduziu no Cruze agrada. A versão flex do motor Ecotec, usada pela primeira vez no Brasil, tem comportamento bem suave, mas consegue mover o sedã com bastante competência. O motor tem comando variável de válvulas na admissão e no escape, o que ajuda a deixar o modelo mais esperto em baixas rotações. No entanto, é a partir das 3 mil rpm que o carro fica mais ágil e com um comportamento mais agressivo. A transmissão automática de seis velocidades é eficiente e faz as trocas com rapidez. Nota 8.

Estabilidade – Apesar de ter uma suspensão mais voltada para o conforto, o Cruze se sai bem em situações de curvas consecutivas. A carroceria rola pouco e o carro se mantém na mão. Em casos de exagero, todas as versões já vêm com controle de estabilidade, que pode entrar em ação para devolver o carro à trajetória. Destaque também para a direção, que é bastante direta e responde rapidamente às instruções do volante. Em retas, até a faixa dos 150 km/h não são necessárias correções na direção. Nota 9.

Interatividade – Os comandos são razoavelmente intuitivos para as funções vitais do carro e todos estão nos lugares mais comuns. O Cruze dispõe de sensor de estacionamento, o que é uma boa ajuda para manobrar um três volumes. O câmbio tem opção de trocas manuais, mas apenas por toques na alavanca. O sistema de entretenimento com tela de 7 polegadas é bem completo, com diversas funções, mas há excesso de botões. Nota 8.

Consumo – O Chevrolet Cruze LTZ conseguiu a média de 5,8 km/l rodando com etanol no tanque. Ainda não há medições do Inmetro para o sedã. Nota 5.

Conforto – Os bancos de couro acolhem bem os ocupantes e oferecem bom apoio lombar e lateral. O rodar do sedã da Chevrolet é suave graças à suspensão, com acerto voltado para o conforto. Dessa maneira, os buracos são bem absorvidos pelo conjunto. A distância de entre-eixos, de 2,68 metros, está na média do segmento. Assim, o espaço interno é bom, mas não impressiona. Nota 8.

Tecnologia – A versão LTZ agrega uma boa quantidade de tecnologia para o Cruze, com equipamentos como airbags de cortina e GPS com tela de 7 polegadas no painel. Além disso, de série ele já vem com controle de estabilidade e de tração. A plataforma, inaugurada no próprio Cruze em 2008, foi desenvolvida pela Opel – subsidiária alemã da GM. O motor Ecotec é novo no Brasil, mas já é usado na Europa há algum tempo. Ele conta com soluções modernas como o coletor de admissão de geometria variável, mas o consumo de combustível ficou abaixo do esperado. Nota 9.

Habitalidade – Há uma falta de porta-trecos na dianteira da cabine do médio da Chevrolet. É difícil achar lugares para guardar objetos de uso frequente, como celular e carteira. Os acessos dianteiros são bons e permitem entrar no carro com facilidade. Atrás, o caimento acentuado do teto dificulta um pouco a tarefa. Isso também faz com que os ocupantes traseiros fiquem um tanto afundados no banco traseiro. O porta-malas leva 450 litros de bagagem – abaixo da média do segmento – e ainda tem alças que invadem a área das bagagens. Nota 5.

Acabamento – Para um sedã médio de quase R$ 80 mil, há muito plástico rígido na cabine e pouco requinte. As únicas partes revestidas de material emborrachado contam com espumas muito finas. Ao menos, os encaixes são precisos e não há sinais de rebarbas. O revestimento de couro na parte central do painel ajuda a amenizar na parte visual. Nota 6.

Design – Basicamente, é um carro elegante e original. Não há muita ousadias em termos de design, mas é um desenho bem harmônico. Destaque para os faróis “pontudos” e para o arco do teto, que passa pelo contorno das lanternas traseiras e desce até o para-choque. Nota 8.

Custo/benefício – A versão LTZ é R$ 9 mil mais cara que a de entrada LT quando equipada com o mesmo câmbio automático. E para isso, adiciona alguns itens tecnológicos interessantes, como o GPS com tela de 7 polegadas. Na concorrência, existem rivais como Toyota Corolla Altis, Renault Fluence Privilège, Peugeot 408 Griffe, Ford Focus sedã Titanium, Volkswagen Jetta Highline e Honda Civic EXS. Todos vendidos acima dos R$ 78.900 pedidos pela Chevrolet pelo Cruze. Além disso, é um carro cheio de equipamentos de conforto e segurança. Nota 8.

Total – O Chevrolet Cruze LTZ somou 74 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões: o peso da marca
Há pelo menos 10 anos o segmento de sedãs médios tem como referência um modelo japonês. Toyota Corolla e Honda Civic se revezam na liderança, enquanto os outros lutam para tentar chegar lá. Essa longevidade de liderança nipônica mostra que, nessa faixa de preços, a tradição conta muito. Muitas vezes, até mais que o próprio produto em si. E isso ajuda a explicar o sucesso imediato do Cruze no Brasil. Não que seja um carro ruim, mas o nome Chevrolet tem grande participação nas altas vendas do veículo. É como se legiões de “viúvas” de Opala, Monza e Vectra estivessem esperando a marca lançar um sedã para irem às lojas.

Mas, obviamente, é preciso ter um veículo competente para a briga. E isso, a Chevrolet tem. Começando pelo aspecto dinâmico, o Cruze vai muito bem. O bom motor Ecotec de 144 cv de potência fornece força suficiente para uma condução urbana. Existe torque disponível em rotações baixas, o que torna desnecessário pisar muito fundo para ter uma resposta do motor. A transmissão automática de seis marchas trabalha bem em conjunto com o propulsor. As trocas são eficientes, na hora certa, mas poderiam ser mais velozes.

Em estabilidade, o sedã também vai bem. A plataforma tem boa rigidez torcional, o que significa que o carro perde pouco a aderência nas curvas. A suspensão é voltada mais para o conforto, mas mesmo assim, a carroceria rola o mínimo nas mudanças de direção. Destaque também para a direção elétrica. Ela é progressiva e altera sua resistência conforme a velocidade, mas sempre mantém uma relação bem direta e muito precisa. O rodar também é macio e, com isso, proporciona boa dose de conforto.

Na parte de dentro desta versão LTZ, logo chama a atenção o vistoso sistema de som e GPS com tela de sete polegadas no painel. Ele é bastante completo, com diversas funções, mas há uma quantidade um tanto exagerada de botões espalhados. Ainda no interior, o design até impressiona, com acabamento em dois tons. Mas os materiais são um pouco requintados para um carro dessa categoria. Existem muitos plásticos rígidos no painel, que não passam a sensação de sofisticação que o sedã deveria impor. Há até pedaços com material emborrachado, mas a espuma que o reveste é muito fina. Portanto, o Cruze é bem construído, tem boa dose de tecnologia embarcada e é bom dinamicamente. Mas a gravatinha dourada na grade é, sem dúvida, a “cereja do bolo” em um segmento tão disputado.

As opiniões expressas nesta matéria são de responsabilidade de seu autor e não refletem, necessariamente, a opinião do site WebMotors.
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