Um nome já conhecido dos brasileiros acaba de retornar ao mercado. É a Chevrolet Silverado, que volta depois de duas décadas numa geração muito mais sofisticada e luxuosa, na versão única High Country. A missão? Colocar a marca da gravata dourada na disputa pelos clientes da Ford F-150 e da RAM 1500.
A convite da Chevrolet, nós aqui do WM1 fomos até o Pantanal sul-mato-grossense para ter o primeiro contato em solo brasileiro com a picape, importada do México na configuração topo de linha. Confira como foi essa experiência a seguir. E não deixe de ver também o meu teste em vídeo.
A Chevrolet destaca que a Silverado High Country que você vê nas fotos foi configurada especificamente para o Brasil. Em outras palavras, isso quer dizer que - visualmente - a picape dos brasileiros é quase idêntica àquela oferecida aos americanos. Mas com alguns itens de série que, lá fora, só existem como opcional.
Dentre esses itens opcionais no exterior, o que chama mais atenção são os enormes retrovisores laterais. Eles foram pensados para reboque de trailers e, por isso mesmo, garantem visibilidade lateral de fazer inveja. Por outro lado, são uma fonte de ruídos ao trafegar em velocidades mais altas e em pisos irregulares. E não devem ser tão práticos nas ruas e avenidas das grandes cidades.
Já na caçamba - que leva 1.781 litros ou 716 quilos de carga - a Chevrolet optou por não incluir no pacote a prática tampa Multi-Flex, que pode se transformar em prolongador de caçamba ou até em uma escada de acesso ao compartimento de carga.
Sem dúvidas, a peça convencional da Silverado "brasileira" é menos versátil que a das concorrentes Ram 1500 (com abertura vertical ou horizontal) e da Ford F-150 (com escada embutida). Mas compensa isso com o comando na chave para baixar ou levantar a tampa.
O visual externo bem clássico da Silverado High Country se repete no interior. A Chevrolet optou por uma bela combinação de couro azulado e preto e apliques em madeira no painel e nas portas. Aquele padrão típico das picapes de luxo, com bons materiais, mas ainda abaixo do nível dos SUVs premium.
A Chevrolet Silverado também agrada pelo pacote tecnológico. Além do painel digital configurável de 12,3 polegadas, a picape tem uma multimídia com uma (enorme) tela de 13,4 polegadas - com sistema operacional Google, ou seja, funciona como uma tablet - e também um completíssimo head-up display, retrovisor interno por câmera e câmera 360°.
Já o pacote de assistentes de condução tem controlador adaptativo de velocidade, assistente de manutenção em faixa, alerta de colisão e frenagem autônoma frontal e traseira, monitor de pontos cegos e alerta vibratório no banco do motorista.
A lista de equipamentos de conforto também é bastante extensa: bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e ventilação, banco traseiro com aquecimento, teto solar, carregador de celular por indução, som premium Bose, ar-condicionado de duas zonas e estribos com acionamento elétrico.
Isso sem falar no amplo espaço da cabine. Dá para levar cinco pessoas de grande porte com muita folga. Além disso, não faltam porta-objetos. Como o quase porta-malas no console central ou os dois compartimentos secretos no encosto do banco traseiro. Perfeito para guardar uma garrafinha de água... ou algo do mesmo porte.
A Silverado High Country é vendida no Brasil com motor 5.3 V8 de 360 cv de potência e 52,9 kgf.m de torque. É o menor propulsor a gasolina disponível para o modelo na gringa (já que a Chevrolet oferece também um 6.2 V8 de 426 cv), e que deixa o modelo em desvantagem frente aos concorrentes, já que todos têm motores na faixa dos 400 cv.
Esse propulsor é atrelado a um câmbio automático de dez marchas - que é o mesmo usado na adversária Ford F-150, mas com uma calibração diferente - além da tração 4x4. Com esse conjunto, a Silverado vai de zero a 100 km/h em 7,4 segundos e atinge 180 km/h de velocidade máxima.
Pude testar a Silverado em um percurso de cerca de 250 quilômetros entre as cidades de Corumbá (MS) e Miranda (MS), enfrentando o asfalto da BR-262 (bom, mas com alguns trechos bem ondulados) e alguns longos trechos de terra.
Logo de cara, impressiona o bom acesso à cabine - graças aos estribos com acionamento elétrico - e a facilidade para se achar a posição ideal de guiar. Até a coluna de direção tem ajuste elétrico. Vesti bem a picape mesmo sendo um motorista com 1,65 m de altura.
A visualização do painel e do head-up display, assim como o acesso aos comandos e aos menus da multimídia também merecem elogios. Dá para sacar rapidamente o carro, apesar da enorme quantidade de botões.
Já o motor V8 a gasolina impressiona mais na prática do que na ficha técnica. Além do belo ronco típico dos oito cilindros, sobram potência e torque nas ultrapassagens. Até gostaria de ouvir esse propulsor trabalhando mais alto. Mas tenho certeza que a maioria prefere mesmo o isolamento acústico reforçado da cabine.
Esse motor 5.3 V8 - que também é usado no esportivo Camaro - tem um sistema de desativação de cilindros. Um sistema eletrônico gerencia isso automaticamente de acordo com a demanda por força ou economia, permitindo que a picape rode até 60% do tempo sem usar os oito canecos simultaneamente.
O reflexo disso é visto no consumo de combustível: médias de 6 km/l (cidade) e 7,2 km/l (estrada). Números razoáveis, que botam a Silverado entre as concorrentes Ram 1500 Limited - 5,5 km/l (cidade) e 7,2 km/l (estrada) e Ford F-150 - 6,3 km/l (cidade) e 8,6 km/l (estrada).
O câmbio automático de dez marchas trabalha como uma orquestra, garantindo um funcionamento suave e, ao mesmo tempo, bem ágil. Dá até para abrir mão da posição "Esporte" no seletor de modos de condução.
Ágil e fácil de guiar, apesar das 2,5 toneladas de peso, a picape tem um conjunto de suspensão bem tradicional para um veículo de carga - independente na dianteira e com feixes de mola na traseira.
Mas mesmo com os amortecedores off-road Rancho, o conjunto é muito macio. No asfalto e em altas velocidades, a carroceria oscila bastante, principalmente ao passar sobre ondulações. Aquela típica calibração que os americanos adoram.
Se essa característica incomoda na estrada, ajuda a tornar a vida muito mais fácil fora fora do asfalto. Saí inteiro depois de quase uma hora de estrada de cascalho e terra batida, pisando relativamente forte no acelerador. Vai por mim: depois, fiz o mesmo percurso em uma van e a diferença foi colossal.
A Chevrolet Silverado High Country está à venda no Brasil por R$ 519.990. Este é exatamente o mesmo preço da concorrente Ford F-150 Platinum e R$ 10 mil a menos que o valor inicial da Ram 1500 Limited.
Com um visual bem clássico e bons atributos como o pacote tecnológico e o motor V8 a gasolina, a Silverado High Country oferece um pacote bem consistente para brigar com a concorrência. Mesmo sem abrir ampla vantagem em nenhum dos pontos.
Pode até roubar vendas das concorrentes, mas vai agradar principalmente aos fãs das picapes da Chevrolet que estavam sedentos por um algo a mais. E você? Ficaria com a Silverado ou partiria para as outras grandalhonas do mercado?