Na linha 2025 a Chevrolet foi além de uma reestilização visual e conseguiu aproximar o Trailblazer dos seus concorrentes diretos e mais atuais
Quem aqui se lembra o que estava fazendo em 2012? Pois foi naquele ano que o Chevrolet Trailblazer estreou como o substituto do Blazer no mercado brasileiro. Muita coisa mudou de lá para cá, não é mesmo? Concorrentes chegaram e partiram, e outros mudaram de geração.
Mas o SUV da Chevrolet foi em frente - recebendo uma mudança aqui e outra lá -, e é atualmente um dos carros mais antigos do mercado brasileiro em uma mesma geração. E na linha 2025 a marca da gravata decidiu repetir mais uma vez a fórmula e fazer uma nova - e leve - atualização no Trailblazer.
Sabendo de todo esse contexto, confesso que me surpreendi com o Chevrolet Trailblazer 2025. Mas será que as mudanças serão capazes de impulsionar as vendas do SUV no mercado? Confira a seguir como foi o meu teste com o SUV.
Produzido no Brasil, na fábrica de São José dos Campos (SP), o Trailblazer 2025 estreou o terceiro facelift do modelo. Mais uma vez a Chevrolet decidiu usar quase a mesma fórmula dos retoques feitos em 2017 e 2021.
A dianteira concentrou boa parte das novidades estéticas. Mudaram faróis, capô, para-lamas, grade e para-choque. As alterações deixaram o SUV com a mesma "cara" dos modelos mais recentes da Chevrolet.
De resto, sem alterações nas laterais e na traseira da carroceria: o Trailblazer é praticamente o mesmo desde 2012. O SUV atual só não é idêntico ao Trail pioneiro, pois a Chevrolet mexeu também nas rodas de 18 polegadas, nos retrovisores, nos frisos e no acabamento das lanternas traseiras.
Mesmo com esse abismo de tempo entre o estilo da dianteira e o do restante da carroceria, não dá para dizer que o Trailblazer é um carro feio. É claro que a traseira já entrega a idade do projeto, mas o Trailblazer ainda é um SUV visualmente bem agradável e com linhas muito robustas.
Algo importante para um modelo que é tratado pela Chevrolet como o "SUV mais raiz do mercado".
Mas as mudanças na carroceria não foram as únicas alterações feitas no Trailblazer 2025. Por dentro, o SUV mudou até mais do que por fora.
Justamente por ser o SUV da S10, o Trailblazer também recebeu um painel totalmente redesenhado, com estilo que lembra muito o da picape Silverado.
Outra grande novidade da linha 2025 foi a introdução de um quadro de instrumentos digital de oito polegadas, que forma um conjunto quase integrado com a tela da central multimídia MyLink, de 11 polegadas.
Com visual bastante atual e alta resolução, as duas telas têm a mesma interface vista na Spin 2025 e o painel digital é configurável, pero no mucho. Além das poucas opções de visualização, é preciso acessar a multimídia para fazer as alterações de layout. Algo que não é lá muito intuitivo ou prático.
A Chevrolet mexeu também no acabamento - com materiais macios ao toque em mais áreas - e trouxe para o SUV novos bancos dianteiros, com espuma mais macia no centro e mais densa nos apoios laterais. Segundo a marca, o isolamento acústico da cabine também foi reforçado.
De resto, o Trailblazer continua o mesmo carro espaçoso de sempre, com bancos e porta-malas mais confortáveis que os da maioria dos SUVs de sete lugares. E até um sistema de ar-condicionado traseiro com controle de ventilação e saídas de ar no teto.
A Chevrolet diz que é um sistema parecido com os dos aviões. Já eu achei o arranjo muito parecido com os das vans de transporte executivo, mesmo. De qualquer maneira, é um sistema eficiente e que ajuda a manter a cabine climatizada na popa dessa barca.
Falando em porta-malas, o Trailblazer leva 554 litros. Mas o volume cai para 205 litros com todos os assentos ocupados.
A versão Premier saiu de cena e estreou no lugar dela a High Country. Começando pela lista de itens de conforto, o SUV tem ar-condicionado automático, coluna de direção com ajustes de altura e profundidade, chave presencial, painel digital, multimídia com tela de 11 polegadas, carregador de celular por indução e bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem seis airbags, faróis de LED com acionamento e facho alto automáticos, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, monitor de pontos cegos e de saída de faixa, alerta de tráfego cruzado na traseira, frenagem automática de emergência e wi-fi nativo.
O pecado dessa lista de equipamentos é a ausência de alguns itens já presentes na concorrência, como o controlador adaptativo de velocidade no lugar do convencional e a tampa do porta-malas com abertura e fechamento elétricos.
O Trailblazer 2025 recebeu várias melhorias mecânicas. O motor 2.8 turbodiesel teve uma atualização eletrônica e agora desenvolve 207 cv de potência e 52 kgf.m de torque entre 1.600 e 2.400 rpm. A tração é 4x4, com reduzida.
Já no lugar do antigo câmbio automático de seis marchas, a Chevrolet instalou uma nova transmissão de oito velocidades. Segundo a marca, essas mudanças deixaram o SUV mais ágil e até 12% mais econômico.
O SUV da Chevrolet vai de zero a 100 km/h em 9,5 segundos (um segundo a menos que o Trail 2024) e registra médias oficiais de consumo de 9,2 km/l na cidade e de 11,2 km/l na estrada.
A direção, com assistência elétrica, foi revisada e recebeu novos pontos de fixação para reduzir as vibrações e deixar o conjunto mais direto. Com uma coluna telescópica, finalmente o modelo ganhou ajuste de profundidade para o volante.
Para completar o upgrade mecânico, a Chevrolet mexeu também na suspensão, com nova geometria, calibragem dos amortecedores e bitolas alargadas, além da adoção de novos pneus. O objetivo, segundo a marca, foi deixar o SUV mais econômico e, ao mesmo tempo, mais estável.
Eu já conhecia o Trailblazer de outros carnavais e já tinha ouvido que o SUV estava melhor nessa linha 2025. Mas, como diz o ditado, era preciso ver para crer.
Pois eu confesso que o SUV ficou realmente bem melhor do que eu esperava. É impressionante como as mudanças fizeram bem ao modelo.
Rodei mais de 600 quilômetros com o Trailblazer 2025, em percursos urbano e rodoviário, e duas coisas me impressionaram bastante no modelo da Chevrolet.
Uma delas foi o funcionamento exemplar do novo câmbio de oito marchas, que deixou o SUV mais esperto. Acabou aquele atraso de resposta que era visto com a transmissão de seis marchas.
A impressão é que o 2.8 turbodiesel agora está sempre pronto para reagir ao comando no acelerador. E em velocidade de cruzeiro, o novo câmbio faz o motor girar baixinho, o que contribui para aumentar o conforto e para a redução no consumo de combustível.
No meu teste, registrei média de 12,5 km/l mesmo enfrentando alguns trechos de trânsito lento. Nada mal para um carro de mais de duas toneladas.
Já o segundo ponto é o rodar suave: a combinação da direção revisada, do banco confortável e da suspensão recalibrada deixaram o Trailblazer ainda mais cômodo, principalmente em viagens mais longas.
É claro que, pesado e grandalhão, o SUV da Chevrolet ainda se comporta como uma barca, com uma suspensão - duplo A na dianteira e multilink na traseira - claramente voltada para o conforto.
Mas, em alguns momentos, justamente por vibrar pouco e oscilar menos do que se espera, até dá para esquecer que esse é um SUV raiz, já que o comportamento do Trailblazer 2025 ficou mais próximo do de utilitários esportivos monobloco que de modelos com chassi de picape.
Antes de fechar esse teste, preciso falar em custos. O Chevrolet Trailblazer 2025 é vendido na versão única High Country de sete lugares, com preço de R$ 377.890.
Esse valor posiciona o SUV da Chevrolet entre os concorrentes diretos Mitsubishi Pajero Sport HPE (R$ 376.990) e Toyota SW4 SRX Platinum (R$ 379.990 na configuração de cinco lugares).
O plano de manutenção do Trailblazer 2025 inclui revisões a cada 10 mil quilômetros ou 12 meses. Somente para arcar os custos desses serviços periódicos, o dono de um Trailblazer 2025 terá que desembolsar R$ 9.824. Valor menor que o das revisões do Toyota SW4 (R$ 11.307,41) e Mitsubishi Pajero Sport (R$ 11.625).
Falando agora do seguro, ponto mais uma vez para o Trailblazer 2025. Fiz uma simulação no meu perfil - homem, casado, 37 anos - e o SUV da Chevrolet ficou com a proteção total mais barata: R$ 15.556,60, ante os R$ 38.749,19 do SW4 e os R$ 21.666,80 do Pajero Sport.
Mas vale a pena investir em um? Com as melhorias da linha 2025, a Chevrolet conseguiu deixar o Trailblazer mais atraente, aproximando conteúdo e características do SUV da Chevrolet dos de seus principais concorrentes.
Ou seja: considerando também os custos mais baixos, vale a pena conhecer o carro antes de fechar a compra de um SUV grande de sete lugares.
Agora, se a Chevrolet vai conseguir alavancar as vendas do Trailblazer, é uma outra história. No acumulado do ano até agosto, o modelo emplacou apenas 1.163 unidades. São números mais tímidos que os do Pajero Sport (1.718 unidades) e do SW4 (10.502 unidades).
CHEVROLET - TRAILBLAZER - 2025 |
2.8 16V TURBO DIESEL HIGH COUNTRY 7L 4X4 AUTOMÁTICO |
R$ 377890 |
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