Novo Citroën C4 Lounge ganhou motor THP Flex, passou por atualização no visual e ganhou novos equipamentos para dobrar suas vendas.
Procurando um sedã médio, pois precisa de bom espaço interno, porta-malas grande, equipamentos de série acima do ‘básico’ e um prazer ao volante minimamente superior às minivans e aos SUVs? Bom, possivelmente já pensou em Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta e até Nissan Sentra, porém, aposto que nunca passou pela sua cabeça colocar nesta lista o renovado C4 Lounge, correto? Então vamos fazer o seguinte: ‘vamos dar uma volta’ neste Citroën e no final da matéria você me diz se vale a pena ou não tê-lo como uma opção. Combinado?
Vamos começar por onde as mudanças estão na cara. Ou seja: design! O visual recebeu um tapa interessante. Não chegou a ser uma revolução, mas fato que o C4 Lounge atual está diferente do anterior. A frente ganhou para-choque redesenhado, novos faróis em Full-Led, grade em novo formato e o Chevron – a assinatura da marca – ganhou mais destaque.
As laterais não passaram por modificações. A única novidade, olhando de perfil, é as novas rodas de 17 polegadas. Muito bonitas, por sinal. A traseira ganhou alterações quase que imperceptíveis no grafismo das lanternas e no para-choque, que, assim como o dianteiro, ganhou novos traços.
O interior também passou por modificações interessantes, mas nada de impressionar. Destaque para o painel de instrumentos 100% digital, mas 0% configurável. Não é possível mudar o formato ou mesmo a cor da iluminação de nenhum dos leitores – conta-giros ou velocímetro, por exemplo. Ponto positivo, porém, para estaque para uma espécie de ‘econômetro’ do lado direito, que por meio de luzes horizontais mostra se o motorista está dirigindo de forma eficiente – salvando combustível – ou não.
Outra novidade é a central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque. É a mesma do Peugeot 3008. Por intermédio dela, por exemplo, podemos controlar o ar-condicionado, que é de duas zonas – e tem saída de ar para os ocupantes do banco traseiro. A central também vem com sistema de navegação e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay.
Gosto do acabamento do C4 Lounge. Bancos, volante e manopla do câmbio são revestidos em couro e há material emborrachado, por exemplo, sobre o painel central. Isso denota requinte e diminui o ‘bate-bate de peças’ quando o Citroën estiver com algumas dezenas de milhares de quilômetros rodados. Tudo está bem encaixado também.
Performance é um dos pontos altos do C4 Lounge. Incrível como este motor 1.6 16v THP (Turbo High Pressure) é polivalente. Dá emoção ao 208 GT, por exemplo, e faz bem seu trabalho de empurrar o grandalhão 5008.
No caso do C4, o bloco agora é bicombustível, gerando 166 cv de potência com gasolina e 173 cv com etanol, sempre a 6.000 rpm. O torque é de bons 24,5 kgf.m entre 1.400 e 4.000 giros. No entanto, 16 kgf.m já estão no acelerador a 1.000 rotações, o que ajuda a amenizar o pequeno legue que existe antes do turbo encher!
Como comparação, no 1.4 16V Turbo do Cruze, o torque é de 24,5 kgf.m também, mas a potência máxima estaciona em ‘meros’ 153 cv. Já o 1.5 16V Turbo do Civic tem ‘apenas’ 22,4 kgf.m de torque, mas os mesmos 173 cv de potência do C4 Lounge. Nesse quesito, a referência é o Jetta e seu 2.0 TSI de 211 cv e mais de 28 kgf.m de força.
A transmissão é automática de seis marchas, com conversor de torque normal – nada de CVT. Este câmbio tem um bom relacionamento com o motor, conseguindo extrair 'fôlego' em retomadas e acelerações, e aliviar as rotações em velocidades constantes, privilegiando uma condução mais eficiente e menos ‘beberrona’. Existe opção de trocas manuais pela alavanca, mas não tem aletas nem como opcionais.
Esta transmissão apresenta dois botões junto à manopla. Um deles é o ECO, que faz as mudanças de marchas em rotações mais baixas, proporcionando economia de combustível. E a ‘S’,Sport, que faz o oposto, trabalhando as trocas em giros mais elevados. É uma tentativa de entregar uma ligeira esportividade. Nada, porém, que empolgue!
Ao contrário de seu antecessor, o C4 Pallas, o ajuste da suspensão do C4 Lounge foca no conforto, mas não é molenga. O que agrada. Na dianteira, o sistema é independente, tipo McPherson, e a traseira trabalha com eixo de torção.
Os freios são a disco nas quatro rodas. Há controles de tração e estabilidade de série em todas as versões, assim como ABS (antitravamento das rodas) e EBD (Distribuição Eletrônica da Força de Frenagem), e auxílio de partida em rampa.
Em termos de segurança, nesta versão topo de linha Shine há seis airbags – frontais, laterais e de cortina – e ISOFIX para fixação da cadeirinha. Tem câmera de ré, mas ficou faltando o sensor de estacionamento traseiro para complementar.
O C4 Lounge oferece boa posição ao volante. Tem ajustes amplos do banco e da coluna de direção, tanto em altura quanto em profundidade. Só o volante que é muito grande. Interessante como em um mesmo grupo, se tem este volante gigante e se tem o i-cockpit, de alguns modelos da Peugeot, que é moderno e cheio de personalidade.
A direção é eletro-hidráulica e não é anestesiada. Chama atenção, porém, o peso ligeiramente maior em manobras de estacionamento, por exemplo. As direções elétricas atuais são muito mais leves e confortáveis.
O espaço interno do Citroën não deve em nada para os demais concorrentes. Enquanto Cruze, Corolla, Civic e Sentra têm 2,70 metros de distância entre os eixos, o C4 Lounge tem 1 centímetro a mais. E sabe o que isso significa? Nada! O Jetta, nessa disputa, é carta fora do baralho com 2,65 metros, somente.
O porém do Citroën, que não chega a ser um problema, é mesmo porta-malas. Definitivamente 450 litros não é pouco. Aliás, é muito bom. No entanto, em comparação à concorrência, fica atrás da japonesada – Corolla (470 litros), Sentra (503 litros) e Civic (519 litros).
O Citroën C4 Lounge parte, na versão Feel, de R$ 93.920. Na configuração Shine, que esta que testamos, o preço é de R$ 102.790. As seis primeiras revisões – até 60.000 km – custam R$ 4.252. Só como forma de comparação, as mesmas seis primeiras revisões periódicas para o Corolla, líder do segmento e uma referência em pós-venda, sai por R$ 3.254,04. Diferença de quase R$ 1.000.
Em termos de produto, o C4 Lounge não deve em relação aos seus concorrentes diretos. Tem um bom conjunto mecânico, não deve em nada em espaço interno – só o porta-malas é um pouco menor em relação aos ‘japas’ – e os itens de série estão em pé de igualdade, também. O problema do sedã fabricado na Argentina está no pós-venda. Apesar da Citroën estar trabalhando com diversas ações e programas, seus carros sofrem uma depreciação superior a alguns de seus adversários – e aqui estamos falando de Corolla e Civic, especialmente – e o serviço pós-venda ainda não é visto com o mesmo brilho no olhar de clientes de modelos de Honda e Toyota.
Por isso, deixo a seguinte pergunta: você compraria este sedã se ele fosse chamado de 'Toyota' C4 Lounge?
CITROËN - C4 LOUNGE - 2019 |
1.6 THP FLEX SHINE BVA |
R$ 103990 |
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