Pelo menos desde os anos 2000, a Honda segue um claro padrão ao lançar novas gerações do Civic. Sabendo que o modelo médio é um dos (raros) casos de automóveis com fãs, a marca intercala uma geração conservadora com uma bem arrojada. E vice-versa.
O objetivo é agradar a todas as tribos de apaixonados, embora cada uma delas tenha que esperar sua vez para ser mimada pela Honda. Como parte daqueles que gostam das gerações mais ousadas, confesso que olhei torto para este Civic de 11ª geração no primeiro contato que eu tive com o sedã, agora importado da Tailândia apenas com motorização híbrida (que lhe rendeu o nome oficial de Civic Híbrido).
Mas acabei me surpreendendo com o carro e você vai conferir nas próximas linhas as razões que me fizeram mudar de opinião a respeito do Civic Híbrido. Não deixe de ver também o meu teste em vídeo.
De cara, o Honda Civic Híbrido ficou mais sóbrio e conservador que o Civic 10, embora desta vez a marca japonesa tenha realmente acertado a mão, com linhas que são bem bonitas.
Fica clara a influência do irmão maior Accord no visual externo dessa 11ª geração, que é marcada pelas linhas bem limpas e que contribuem para que o modelo pareça ter crescido bastante de tamanho, embora as medidas sejam praticamente as mesmas do "10". Agora são 4,68 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,43 m de altura e 2,74 m de entre-eixos, enquanto o "10" tinha 4,64 m, 1,80 m, 1,43 m e 2,70 m, respectivamente.
Na traseira, as belas lanternas com formato bumerangue e a caída da carroceria - que davam ao sedã ares de fastback - foram substituídas por grandes lanternas horizontais, em um terceiro volume de linhas mais convencionais.
Essa influência do Accord fica mais clara ainda no interior do Civic, que ficou mais classudo, com linhas mais... conservadoras, e uma clara evolução na escolha dos materiais. Algo que já era um ponto forte na geração passada.
O espaço interno segue como um dos pontos fortes do modelo. O banco traseiro é bem confortável e lembra bastante um sofá. Já o porta-malas ficou menor: passou de 517 litros para 495 litros. Mas, na prática, a área de carga ainda é bem generosa. Dá para lotar o carro e ainda levar a bagagem da família sem problemas.
Mas é no posto de pilotagem que o motorista vai sentir diferença. O condutor ainda se acomoda em posição bem baixa. Mas como o painel e o restante do conjunto também foram rebaixados, acabou aquela sensação de cockpit do antecessor. A ergonomia segue impecável.
O Civic Híbrido está disponível apenas na versão Touring e com um pacote único de equipamentos, que é bem completo.
Entre os itens de conforto, se destacam chave presencial, teto-solar, multimídia com tela de nove polegadas e som premium Bose, painel digital de 10,2 polegadas, cancelamento ativo de ruídos, ar-condicionado automático digital de duas zonas, carregador por indução e bancos com ajustes elétricos nos assentos dianteiros.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem controle adaptativo de velocidade de cruzeiro, frenagem autônoma e assistente de manutenção em faixa, farol alto automático, oito airbags (frontais, de cortina e laterais dianteiros e traseiros), câmera de ré, sensores de estacionamento na dianteira e traseira, monitor de ponto cego por câmera (LaneWatch) e monitor de fadiga do motorista.
O conjunto motriz híbrido do Civic de 11ª geração é composto por um motor elétrico de 184 cv e um propulsor 2.0 aspirado de 143 cv. Mas que funcionam de maneira bem diferente do Toyota Corolla Hybrid. Casado a esse conjunto está o câmbio e-CVT.
É que o propulsor a gasolina não é o principal responsável por fazer o Civic rodar. Esse papel é do motor elétrico, com o 2.0 a gasolina funcionando boa parte do tempo para mover o gerador de eletricidade responsável por carregar a bateria motriz do sedã.
O motor a combustão só entra em ação para mover o carro justamente naquela situação em que o elétrico é menos eficiente: em altas velocidades constantes, típicas do uso rodoviário.
Essa combinação de motores resulta em um carro que é, ao mesmo tempo, bom de acelerar e comedido na hora de beber gasolina.
Eu guiei pelo menos um exemplar de todas as gerações do Civic desde o início dos anos 2000 e posso garantir que o desempenho do híbrido é superior ao do (saudoso) Civic Touring da geração passada, que tinha motor 1.5 turbo de 173 cv.
Isso mesmo registrando números oficiais de consumo de 15,9 km/l (estrada) e 18,3 km/l (cidade). Embora, no uso real, seja fácil de ultrapassar a marca de 18 km/l mesmo sem dirigir 100% do tempo da forma mais econômica possível.
Vale destacar, que, apesar do nome e-CVT, o câmbio do Civic Híbrido é bem diferente do CVT dos Honda a combustão. Mais parecida com o transmissão dos elétricos (com uma marcha à frente e a ré), ela simula de maneira eletrônica o comportamento de uma caixa automática convencional.
Tanto que as borboletas no volante servem para alterar a atuação do sistema de freio regenerativo. Mas a grande surpresa mesmo foi notar que os acertos de suspensão e direção desse novo Civic são bem parecidos com os do "10".
Ou seja, uma bela surpresa para os fãs das gerações mais esportivas do modelo, já que as linhas externas mais contidas não sugerem um carro com direção tão direta e a suspensão com acerto tão firme.
Essas características certamente contribuem para deixar o sedã ainda mais bacana de guiar. Mas não podemos esquecer que esse carro foi pensado mesmo para a outra tribo.
Por conta disso, o Civic Híbrido tem um sistema de cancelamento ativo de ruídos que ajuda a isolar bem o ruído vindo de fora, permitindo aproveitar com tranquilidade a sua música preferida no belíssimo sistema de som Bose, com 12 alto-falantes.
O Honda Civic Híbrido realmente é um carro que evoluiu bastante em relação ao antecessor. Manteve qualidades reconhecidas da 10ª geração, mas com toques que deram mais refinamento ao modelo, que se aproximou mais em sofisticação dos sedãs de grande porte.
Mas um problema é o preço: o Civic parte de R$ 244.900 e é, de longe, o sedã médio mais caro do mercado brasileiro. Custa quase R$ 20 mil a mais que o esportivo Volkswagen Jetta GLI e R$ 54 mil a mais que o seu concorrente mais direto, o também híbrido Toyota Corolla Altis Hybrid Premium.
Essa estratégia deixou o Civic Híbrido mais distante do seu público tradicional. Se os fãs vão comprar a ideia, só o tempo vai dizer. Já eu lamento não ter uma conta bancária tão recheada. O Honda certamente estaria na minha lista de opções.
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