– Com a chegada do Chevrolet Agile, a Volkswagen renovou o Fox, que já apresentava sinais da idade do projeto. Além disso, o novo hatchback da GM rivaliza diretamente com Renault Sandero, principalmente no tamanho. Confira abaixo o que estes três compactos, porém espaçosos apresentam de benefícios ao consumidor
No final do ano passado, a Chevrolet apresentou o Agile, veículo de design controverso que tende a agradar aqueles que gostam de carros pequenos, porém espaçosos, tal como ocorre com o Renault Sandero. Em resposta, a Volkswagen renovou o Fox, que já demonstrava sinais de desgaste.
Lado a lado, Agile e Sandero têm medidas semelhantes, mas propulsores totalmente diferentes, apesar da equivalência de potência e torque. O mesmo ocorre com o Volkswagen Fox. Assim, nada mais justo do que colocar os três hatchbacks em evidência, pois além de pertencerem a uma mesma categoria hatchback compacto, apresentam preços semelhantes. De acordo com a tabela Fipe, Volkswagen é o mais barato, e tem preço a partir de R$ 39.793 versão Prime, seguido do Renault, vendido a partir de R$ 40.782 versão Vibe, e por último, o Chevrolet, que sai a partir de R$ 42.256 versão LTZ.
Justiça seja feita, dos três, o Fox Prime é o que sai de fábrica mais “pelado”. Enquanto Agile LTZ e Sandero Vibe têm de série ar-condicionado, computador de bordo, levantador elétrico dos vidros dianteiros, rodas de liga leve de 15 polegadas e sistema de áudio com MP3, no Fox esses itens são tratados como opcionais.
O Agile tem, ainda, piloto automático e sensor crepuscular acendimento automático dos faróis, incluso no preço. Porém, dos três, o Fox é o único que apresenta regulagem de profundidade do volante. Os demais têm apenas regulagem de altura.
Powertrain
No quesito motorização devemos lembrar que todos eles são bicombustíveis aceitam gasolina e álcool em qualquer proporção. O Chevrolet Agile é oferecido com apenas uma versão de motor: 1.4 litro Econo.Flex, o mesmo que equipa a família Corsa e o sedan compacto Prisma. Assim, de acordo com a GM, desenvolve 97 cv de potência quando abastecido com gasolina e 102 cv quando abastecido com álcool, ambos a 6.000 rpm.
Epa! Tem algo errado ai! Pois no Prisma a potência é menor, varia de 95 cv/97 cv a 6.000 rpm/6.200 rpm g/a. Sim, caro leitor, é isso mesmo, e a diferença está na programação da ECU. Vale lembrar que o Agile inaugurou uma nova fase na GM em que toda parte de software de injeção eletrônica do módulo foi desenvolvida internamente, pela engenharia da montadora. Assim, dificilmente os scanners atuais conseguirão acessar as informações do módulo, a não ser a versão mais atualizada do TEC-2, da GM.
Já o Volkswagen Fox e o Renault Sandero Vibe apresentam motorização 1.6 litro e também uma versão de entrada de 1.0 litro, de 8 válvulas ou 16, como é o caso do Sandero, em outras versões do modelo. Porém, neste caso, nos limitaremos às versões mais potentes, pois as de entrada não são páreos para o Econo.Flex tanto em desempenho quanto em potência.
Assim, o Renault Sandero Vibe 1.6 litro 8 válvulas desenvolve potência máxima de 92 cv/95 cv a 5.250 rpm g/a enquanto o Volkswagen Fox 1.6 distancia-se dos rivais com potencia máxima de 101 cv/104 cv a 5.250 rpm g/a. Vale lembrar que para propulsores de 1.6 l de capacidade volumétrica estas potências são medianas, se comparados a outros motores como os Renault, Peugeot e Citroën 1.6 l 16 válvulas, que variam entre 107 cv a 113 cv.
Em termos de torque, o Chevrolet desenvolve 13,2 mKgf/13,5 mKgf g/a a 3.200 rpm, enquanto o Renault oferece 13,7 mKgf/14,1 mKgf a 2.850 rpm. O Volkswagen supera ambos, com torque máximo de 15,4 mKgf/15,6 ,Kgf a 2.500 rpm.
Diante estes números, podemos concluir que apesar de o motor 1.6 VHT da Volks ser o mais potente, o Econo.Flex da Chevrolet é mais bem aproveitado, por conseguir torque e potência de 1.6 com apenas 1.4 litro, o que reflete em consumo. Já o Hi-Torque da Renault, ainda que apresenta menor potência, tem como vantagem a robustez, uma característica dos veículos franceses.
Ao se comparar a relação peso/potência, Fox e Agile praticamente empatam, enquanto o Sandero amarra mais de 11 kg/cv. Isso, porém, não impede o Renault de rodar em boa forma, pois ao analisarmos a relação de marchas dos veículos testados tabela 2, verificamos que as três primeiras marchas do Sandero são mais curtas do que as do Agile 6,5% na 1ª, 2,4% na 2ª, e 5,3% na 3ª, e, em relação, ao Fox, todas são mais curtas, sendo a 1ª 8,2%, a 2ª 5,5%, a 3ª 9,1%, a 4ª 11,7%, e a 5ª 8,7%, o que minimiza o efeito negativo da relação peso/potência.
Já entre Agile e Fox, as 4ª e 5ª marchas do Chevrolet chegam a ser mais de 13% mais curtas do que as do Volkswagen. Tanta diferença acaba refletindo no conforto, pois o câmbio mais longo nas marchas altas privilegia-se uma menor rotação do motor em velocidades de cruzeiro.
Undercar
Sob o chassi, os três hatch compactos apresentam sistema similar de suspensão, sendo independente na dianteira, do tipo McPherson, com braços inferiores, amortecedor hidráulicos telescópicos, pressurizados a gás, com molas helicoidais e barra estabilizadora, e na traseira, com rodas semi-independentes, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos com barra estabilizadora.
Cada um, porém, tem uma estrutura específica. A dianteira do Chevrolet é mais simples, pois a bandeja possui apenas um ponto de fixação no chassi, revelando um projeto mais elaborado do que os apresentados pelos concorrentes Sandero e Fox. A propósito, o sistema de suspensão do Agile é idêntico ao Novo Corsa e Prisma. Na traseira, as semelhanças são ainda maiores.
Na frente, todos utilizam sistema de freios a disco, ventilados, e na traseira, a tambor, tendo como opcional, o sistema ABS.
Conforto
Este é um quesito que merece atenção, pois apesar de os modelos avaliados serem bem equipados, estamos falando de veículos compactos. O Chevrolet é um carro novo apesar de mecanicamente sob o capô e sob o chassi apresentar diversas semelhanças com a família Novo Corsa e Prisma. É, sem dúvidas, o que sai mais bem equipado de fábrica e trás conceitos novos, como o painel com contagiros que desce quando se acelera e a rotação do motor aumenta.
Os comandos estão bem à mão, exceto a buzina, que na versão avaliada, com airbag e controle de áudio no volante, fica mal localizada nas laterais inferiores do volante. São dois botões, posicionados logo abaixo do centro de apoio das mãos, e para acioná-la é preciso soltar uma das mãos.
A posição de dirigir também poderia ser melhor, pois o motorista não fica perfeitamente centralizado ao volante. Também sentimos falta da regulagem de profundidade do volante, que é sempre bem-vindo. A propósito, dos três veículos avaliados, somente o Volkswagen era equipado com este dispositivo.
O piloto automático como item de série foi uma excelente sacada da GM, item que não aparece nos outros dois veículos nem como opcional. O sensor crepuscular também é item de série no Agile, opcional no Fox e indisponível no Sandero.
Já o Renault Sandero Vibe é o menos envolvente dos três e transmite a sensação de um carro simples, quase popular, uma característica da marca nos veículos de menor valor agregado.
Neste quesito, o Fox levou certa vantagem sobre os concorrentes, pois transmitiu melhor a sensação de conforto, apesar de não contar com piloto automático. E, diferentemente do modelo antigo, a posição de dirigir ficou mais agradável, pois a Volks conseguiu reduzir a altura do banco em relação aos pedais e, com a regulagem de altura e profundidade do volante, foi possível encontrar uma posição agradável para dirigir.
Além disso, o acabamento interno do Fox mostrou ser mais aconchegante do que o dos concorrentes.
Manutenção
No comparativo de custo de peças, o Volkswagen apresenta preços mais elevados do que os concorrentes. Em média, os componentes do Fox são 25% mais caros do que os do Sandero, e 30% mais elevados em relação ao Agile.
Já entre Sandero e Agile a diferença é pequena, pois o Renault apresenta variação média de 3% a mais do que o Chevrolet.
De acordo com a tabela, verificamos que alguns componentes da Curva A do Agile, como filtros de ar, combustível e óleo motor, velas de ignição e pastilhas de freios, são até 240% mais baratos em relação ao Fox filtro de ar: R$ 16 na GM, R$ 46,90 na Renault, e R$ 54 na VW.
Já os tensionadores de correia dentada do Renault custam metade do preço do que os utilizados no Fox, e pelo menos 40% menos em relação ao Chevrolet. O mesmo ocorre com os cabos de velas do Renault que custam menos da metade dos cabos do Volks.
Em todo orçamento, o único item que o Fox leva vantagem é a correia dentada, que custa 40% menos do que a do Renault e é 28% mais barata do que a do Chevrolet.
Infelizmente a concessionária Nova não tinha o preço da bomba de combustível do Agile para este comparativo de preços, pois a diferença entre o componente vendido na Volks e o da Renault é absurda: o do Fox custa nada menos do que 15 vezes mais do que o do Sandero.
Avaliação do especialista
Agile 1.4 8v: a programação do sistema de injeção do Agile demonstrou certa deficiência da faixa de torque durante as médias rotações, com expressiva recuperação somente após os 4.500 rpm. Quanto à potência, o valor atingido foi superior ao dos concorrentes de 1.6 litro deste comparativo, ficando o mérito para o comando de válvulas roletado de baixo atrito e das melhorias no coletor de admissão.
Condições do teste: abastecido com gasolina comum, temperatura ambiente: 20°C e pressão atmosférica: 1025 milibares.Sandero 1.6 8v: o menos potente dos três carros avaliados demonstrou também, torque abaixo do esperado. Devido a relação final da transmissão ser curta, a desenvoltura do carro acaba por surpreender, onde consegue passar a sensação de ser o mais potente dos três carros avaliados. O nível de ruído nas médias rotações é um pouco alto, compensado pela boa linearidade de funcionamento.
Condições do teste: abastecido com gasolina comum, temperatura ambiente: 26°C e pressão atmosférica: 1025 milibares.
Fox 1.6 8v: o torque máximo atingido a apenas 2.501 rpm reafirma a proposta urbana a qual o Fox se enquadra, mais fiel em relação ao valor divulgado pelo manual em comparação as demais montadoras. A potência está dentro do tolerável, com ascendência gradual e sem grandes oscilações. É um gráfico ‘bem riscado’, o que se traduz em sólida desenvoltura do motor conforme a exigência do condutor.
Condições do teste: abastecido com gasolina comum, temperatura ambiente: 30°C e pressão atmosférica: 1025 milibares.
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