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Corolla Cross 2.0 Flex se equivale à concorrência?

Opção mais vendida do SUV médio da Toyota vai bem em desempenho e consumo, mas rivais levam vantagem em tecnologia

por Lukas Kenji

A motorização híbrida é o maior diferencial do Toyota Corolla Cross, mas cerca de 70% das vendas do SUV correspondem às versões equipadas com motor flex. Por isso, o WM1 traz para você conhecer melhor a configuração XRE, que é a topo de linha equipada com o motor 2.0. A versão custa R$ 157.090, faixa de preço que compete com as versões mais procuradas de Jeep Compass e Volkswagen Taos.

Visualmente, o Corolla Cross flex não tem muitas diferenças em relação ao híbrido. Os faróis são de LED, enquanto as luzes de neblina ficam discretas na base do para-choque. A pegada do SUV fabricado em Sorocaba (SP) é mais jovem na comparação com a variante sedã do Corolla.
O modelo conta com raque de teto, além de rodas de 18 polegadas com acabamento em cinza escuro. Outros itens de série são retrovisores com rebatimento elétrico, além de câmera de ré e sensores de estacionamento traseiros. No entanto, existem apenas dois elementos centralizados. Então, alô, funileiros do Brasil: pode ter bastante serviço a caminho!
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Naturalmente, o acabamento interno remete bastante ao sedã. Tem layout sóbrio e que suscita amplitude. Embora não haja materiais diversos, há boa quantidade de áreas macias. Basta tocar nos plásticos para notar que vários são emborrachados. Mas esse material traz aquelas costuras na mesma pegada da Hilux e que não transmitem originalidade, uma vez que falamos de plástico, e não de couro.

Pé no passado

Outra coisa que é difícil de entender é o freio de estacionamento no pé, tecnologia mais antiga do que andar para frente.
Em contrapartida, um ponto positivo é que há diversos porta-trecos, o que é uma maravilha para quem costuma levar a casa para dentro do carro. Por outro lado, há escassez de portas USB, apesar de vários slots sem uso.
Isso prejudica o quesito conectividade, que já não é um ponto forte do Corolla Cross. Apesar de a central multimídia ser baseada em uma peça moderna e esteticamente chamativa, a tela tem baixa nitidez e pouca resolução.

Também é preciso pontuar que o pareamento com Android Auto e Apple CarPlay só rola ao plugar o cabo USB, enquanto os rivais possuem conexão sem fio.
Já o painel de instrumentos tem uma telinha digital com diversas informações sobre a viagem, mas é mais simples em relação ao visor que equipa as versões híbridas.
Outras diferenças em relação ao Corolla Cross Hybrid são ar-condicionado digital com apenas uma zona de climatização, além de bancos revestidos em couro, porém, sem ajustes elétricos.

Também são itens de série da versão XRE volante multifuncional revestido em couro com ajuste de altura e profundidade, sensor de chuva, além de sete airbags.
Mas as maiores ausências são os equipamentos semi-autônomos e de segurança ativa. Piloto automático adaptativo, sistema de frenagem de emergência, além de assistente de manutenção em faixa, equipam apenas as versões mais caras.
Além disso, também faz falta o teto-solar, o que corrobora com o argumento de que seria legal a Toyota oferecer uma opção flex melhor equipada.
Mas quem viaja no banco de trás não tem muito o que reclamar. Há saída de ar-condicionado e portas USB. Outro ponto de destaque é que o SUV de 4,46 metros de comprimento e 2,64 m de entre-eixos comporta tranquilamente até quem viaja na posição central porque o calombo do banco não é alto, enquanto o túnel central é semiplano.

Já o porta-malas acompanha a média do segmento. São 440 litros de capacidade, portanto, 58 litros menor em relação ao Volkswagen Taos, que lidera o quesito.

Desempenho surpreende

Mas, diferente do que muitos podem imaginar, o ponto de destaque do Corolla Cross XRE é justamente o motor 2.0.
Em relação à performance, é evidente que os turbinados Compass e Taos são mais prazerosos. No entanto, dentro da proposta de oferecer pleno conforto e bom nível de consumo de combustível, o propulsor de 190 cv e 24,5 kgf.m de torque merece, sim, elogios.

É aquele clássico carro que coloca qualquer bebê que gosta de chorar à noite para dormir rapidinho.
Mesmo que a suspensão traseira não tenha o moderno acerto multibraços, esse SUV tem um ajuste que não é molenga e ainda assim consegue neutralizar batidas secas e a buraqueira cotidiana.
Embora seja um SUV médio, a posição de guiar não é tão alta. Por diversas vezes faz você pensar que está ao volante de um hatch, principalmente quando o para-choque dá uma raspada em uma valeta mais chata.

Mas, de volta ao desempenho, vale frisar que chega a ser impressionante a capacidade da Toyota de casar tão bem um motor flex com um câmbio CVT. Não por acaso, esse conjunto aspirado é mais de 3 segundos mais rápido do que o Corolla Cross híbrido.

Consumo de turbinado

Já em termos de consumo, é claro que o conjunto de dois motores leva vantagem, mas o flex está longe de fazer feio. Na cidade, a aferição do Inmetro aponta para 11,5 km/l (g) e 8 km/l (e). Na estrada, os números saltam para 12,8 km/l (g) e 9 km/l (e).
Quanto ao pós-venda, chama atenção o fato de as revisões serem mais caras em relação ao modelo híbrido. A soma dos cinco primeiros serviços é de R$ 3.673,12, valor que está próximo ao aplicado pelos principais concorrentes.
O mesmo não pode ser dito quanto ao seguro, que é mais caro na comparação com Compass e Taos. A apólice mais vantajosa no AutoCompara é de R$ 3.817,17, o que chega a ser R$ 700 mais salgado do que os rivais.

No final das contas, o Toyota Corolla Cross XRE é uma opção bastante competitiva no segmento. Embora não tenha o conjunto mecânico mais moderno, a opção 2.0 flex aspirada chega perto de equivaler-se aos concorrentes em termos de desempenho e consumo de combustível.
Portanto, a parte dinâmica não é o problema do Toyota, que vale-se ainda da confiabilidade conquistada pela marca japonesa. A questão é que o público de SUVs costuma privilegiar mais aspectos de tecnologia do que a galera que compra sedãs. Assim, esse pode ser considerado o ponto de atenção do Corolla Cross, que fica aquém no quesito conectividade.

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