Bem equipado, bom de dirigir e muito econômico, o Corolla Cross XRX Hybrid é prejudicado pelo preço e pelo desempenho no uso rodoviário
O Toyota Corolla Cross chegou ao Brasil em 2021 e foi o primeiro SUV híbrido flex feito no Brasil. De lá para cá, o mercado mudou bastante e o "SUV do Corolla" bem que merecia uma atualização, que chegou nessa linha 2025.
Não foi nada muito profundo. Apenas uma reestilização visual - que voltou a colocar o "nosso" Cross em sintonia com os carros feitos no exterior - e algumas importantes alterações na cabine. Mas sem mexer no já tradicional conjunto motriz híbrido flex autocarregável.
Mas será que foi suficiente para o modelo continuar atraente no mercado brasileiro? Confira as minhas impressões do Corolla Cross na versão topo de linha XRX Hybrid.
Boa parte das mudanças estéticas do Corolla Cross 2025 foram concentradas na dianteira, que trocou a grade "bocão" por uma nova peça de visual futurista, com padrão de colmeia e integrada ao para-choque. Os faróis também são novos e, além da iluminação por LED, agora têm setas sequenciais.
No restante do carro, as mudanças estéticas foram mais sutis. As lanternas traseiras receberam novo arranjo de luzes e o logotipo "Hybrid" foi substituído pela sigla "HEV" de Hybrid Electric Vehicle, ou veículo elétrico híbrido. Nesta versão topo de linha XRX Hybrid, o Corolla Cross incorporou ainda novas rodas de 18 polegadas. E só.
O resultado é um carro que agora tem uma identidade visual frontal destoante das conservadoras linhas do restante do carro. Mas, incrivelmente, o resultado visual ficou bem bom. Sem alterações estruturais, o Corolla Cross não teve mudanças nas dimensões.
Com 4,46 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,62 m de altura e entre-eixos de 2,64 m, é um dos menores SUV médios do nosso mercado. É maior que o Jeep Compass (4,40 m) e empata com o Volkswagen Taos Highline. Mas é menor que o concorrente direto GWM Haval HEV2 (4,68 m).
A Toyota aproveitou o lançamento da linha 2025 para fazer também algumas alterações na cabine do Corolla Cross.
Algumas intervenções foram pequenas, como a adoção de novos revestimentos e de luzes nas soleiras. Novidades mais significativas foram a incorporação do painel digital configurável de 12,3 polegadas lançado no sedã Corolla e também a (esperada) troca do freio de estacionamento por pedal por um sistema com acionamento elétrico e função Auto Hold.
A cabine do Corolla Cross é condizente com as dimensões externas relativamente pequenas. Não é tão ampla quanto as de concorrentes maiores, mas leva quatro adultos com conforto. Mesmo colocando a cadeirinha do meu filho no banco traseiro, ainda sobrou espaço para mais um ocupante no banco dianteiro do passageiro.
O porta-malas tem capacidade de 440 litros. Numericamente falando, é um volume apenas razoável. Principalmente em se tratando de um SUV médio. Mas é o suficiente para carregar duas malas de grande porte. O acesso ao compartimento é tranquilo mesmo para os mais baixinhos e ficou ainda mais fácil na linha 2025, com a incorporação da tampa do bagageiro com acionamento por sensor.
Em usabilidade, o painel digital de 12,3 polegadas é bem completo e fácil de configurar. Dá para personalizar até três tipos de visualizações distintas e alternar rapidamente entre elas. Achei bacana. Mas não gostei muito da multimídia. Ela faz o feijão com arroz. Tem tela de nove polegadas e espelhamento sem fio. Mas, tirando isso, tem visual simples e recursos limitados.
É verdade que a lista de mudanças não foi tão extensa. O acabamento interno é bom para um SUV médio, mas ainda está um patamar abaixo do sedã Corolla. E a multimídia poderia ser mais sofisticada. Mas a Toyota mexeu no que mais incomodava. Conseguiu, assim, deixar o Corolla Cross mais caprichado e dentro daquilo que se espera de um carro de mais de R$ 200 mil.
Topo de linha, esse Corolla Cross XRX Hybrid tem um pacote único de equipamentos, sem opcionais.
Na lista de itens de conforto, os destaques são ar-condicionado automático de duas zonas, carregador de celular por indução, multimídia com tela de nove polegadas, bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista, teto solar panorâmico, chave presencial, porta-malas com abertura por sensor e sensor de chuva.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem sete airbags, controlador adaptativo de velocidade, assistente de manutenção em faixa, monitor de pontos cegos, frenagem autônoma e faróis de LED com acionamento automático e controle automático de luz alta.
Aqui, nenhuma mudança em relação ao Cross de 2021. O SUV ainda é equipado com um conjunto motriz híbrido flex e autocarregável, composto por um propulsor 1.8 flex e dois motores elétricos.
O conjunto desenvolve a potência combinada de 122 cv e o torque máximo é de 14,5 kgf.m a 3.600 rpm (motor flex) e 16,6 kgf.m (elétrico). Com um câmbio automático do tipo transeixo CVT, registra médias de consumo, com gasolina, de até 14,6 km/l (estrada) e 17,7 km/l (cidade). Abastecido com etanol, as médias no teste padrão Inmetro são de 10,1 km/l (estrada) e 12,5 km/l (cidade).
Sempre afirmei que o Corolla Cross é um SUV pensado especificamente para os fãs do Corolla. E com as mudanças estéticas e nos equipamentos feitas na linha 2025, o Cross ficou ainda mais próximo do sedã.
Como o três volumes, o Corolla Cross é um carro gostoso de dirigir. Está longe de ter pretensões esportivas, mas tem direção precisa e com peso bacana, além de um conjunto de suspensão acertadinho. Macio, mas sem ser molenga demais.
Só olhando os números desse conjunto motriz híbrido você percebe que o Cross Hybrid não é a melhor escolha para quem busca desempenho. Longe disso. No uso rodoviário e com o carro carregado, é preciso pisar fundo no acelerador para manter o SUV embalado. Isso faz o motor 1.8 roncar alto e manda para o espaço a economia proporcionada pelo conjunto motriz híbrido.
Onde o Corolla Cross ainda brilha é no baixo consumo. No meu teste, botei o SUV para rodar numa condição hostil para qualquer carro: com 100% de etanol no tanque e enfrentando 50 quilômetros de trânsito muito lento, quase parando, nas ruas e avenidas de São Paulo (SP).
Consegui cravar 12,2 km/l no computador de bordo. Marca pouco inferior à do resultado oficial do Inmetro. Isso sem tentar dirigir da forma mais eficiente e com o ar-condicionado ligado 100% do tempo.
Mesmo na estrada, onde os híbridos são menos eficientes, rodei mais 90 quilômetros com etanol e consegui registrar média de 14,4 km/l. Ou seja: dá para optar pelo combustível vegetal, que é mais limpo que a gasolina, sem precisar sofrer tanto com um tanque que seca rápido.
Antes de falar o que eu achei do SUV da Toyota, bora dar uma olhada nos custos desse carro aqui. O valor das revisões até os 50 mil quilômetros do Corolla Cross é de R$ 4.363,90. Fica acima do custo para outros utilitários esportivos na mesma faixa de preço, como o Haval H6 HEV2 (R$ 4.215,27) e o Jeep Compass Limited (R$ 3.519).
O seguro, por outro lado, fica na média dos concorrentes. Na simulação que eu fiz no Auto Compara para o meu perfil e sem bônus ou descontos, a melhor oferta foi de R$ 7.504,48. No caso do Haval H6 HEV2, teria que desembolsar R$ 7.218,06 na proposta mais acessível de cobertura completa. Ou R$ 8.453,18, no caso do Jeep Compass Limited.
O Corolla Cross XRX Hybrid sai por R$ 213.010. Como produto isolado, é um bom carro que ficou ainda melhor na linha 2025. É bem equipado, bom de guiar e muito econômico com gasolina ou com etanol.
Se você é um daqueles fãs da Toyota que pretendem migrar do sedã para o SUV, garanto que não irá se arrepender. Tenho certeza de que muita gente fez exatamente isso, já que esse carro fechou maio com 1.191 emplacamentos e foi um dos eletrificados mais emplacados no período.
Mas, vale a pena? Pensando de maneira bem racional, não. É que o Corolla Cross tem um concorrente chamado GWM Haval HEV2, que sai por R$ 214 mil e também é um SUV híbrido autocarregável. Mesmo sem ser flex, é muito mais potente (243 cv) e tem dimensões maiores.
Se você curtiu o Corolla Cross 2025 e não faz questão do conjunto motriz híbrido, uma alternativa bem válida é o carro com motor 2.0 flex de 175 cv. Sai por R$ 191.790 na versão XRX e tem um custo-benefício bem superior ao do XRX Hybrid. Além do desempenho mais empolgante na estrada.
TOYOTA - COROLLA CROSS - 2024 |
1.8 VVT-I HYBRID FLEX XRX CVT |
R$ 210990 |
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