A estética requintada e, para alguns, feminino, camufla o apetite que o 208 GT tem por velocidade. Sorte de quem o conduz. Divertido, o hot francês herdou características que fizeram sucesso no oitentista 205 GTi. Estamos falando de um motorzinho furioso, entre-eixos curto e desenho que não passa despercebido.
Aos poucos estamos superando um trauma. Ávidos por foguetinhos em forma hatch, recebíamos das montadoras compactos fantasiados de adesivos de gosto duvidoso e equipados de motores mais sem graça do que as piadas daquele tio metido a comediante. Mas como um toque de mágica, a mentalidade das fabricantes deu uma mudada recentemente e fomos brindados com brinquedos bem divertidos.
Chegaram desde modelos arrojados como o Fiat 500 Abarth a opções mais simples (mas não menos divertidas) como o Renault Sandero R.S. O último hatch legitimamente hot a conviver entre nós foi o Peugeot 208 GT. A quem olha para o rostinho simpático e duvida da esportividade do compacto, ele responde apenas com sua capacidade de chegar aos 100 km/h em 7,6 segundos a partir da inércia.
O compacto tem especificações quase idênticas ao do 208 GTi vendido na Europa – a diferença básica é que o último tem motor que só bebe gasolina e carroceria duas portas, característica legal em termos de esportividade mas que não vende no Brasil. O propulsor 1.6 THP (turbo) flex destaca-se com rendimento de 166/173 cv a 6.000 rpm. Embora o nível de potência seja elástico, o pico de torque é bastante satisfatório. São 24,5 kgf.m disponíveis logo aos 1.400 giros tanto com gasolina quanto com etanol.
DNA DE RESPEITO
O bom acerto mecânico explica-se pelo DNA dos modelos Peugeot que recebem a inscrição GT e GTi, uma história que começou com o 205 GTi. O compacto de 1985 fez sucesso pelo design concebido pelo estúdio Pininfarina, entre-eixos curtinho (2,42 m) e pelos 132 cv desenvolvidos a 6.000 rotações. Para ter uma noção da reputação do francês, ele levou o prêmio de “Melhor Hot Hatch de Todos os Tempos” concedido no salão anual Performance Car Show, realizado em Birmingham, Inglaterra.
Desenho atraente, pico de potência do motor lá em cima e carroceria compacta – 3,97 m de comprimento, 1,47 m de altura e 2,54 m de entre-eixos – também são as qualidades do 208 GT. Mas se o 205 era uma máquina mais aguerrida e com nenhuma outra preocupação a não ser acelerar, o 208 importa-se muito com conforto e requinte.
A suspensão, por exemplo, é moderna e bem acertada para o ciclo urbano. É independente na frente e com travessa deformável atrás e conta ainda com amortecedores hidráulicos pressurizados à gás. O acerto, no entanto, poderia ser mais rígido já que estamos falando de um carrinho que ganha velocidade rapidamente e manda bem nas curvas. Não seria pedir demais também uma suspensão um pouco mais socada no chão. Uma vez que o 208 tem uma gama com várias versões, a mais esportiva delas poderia ter comportamento que fornecesse mais sensação de kart feeling.
Talvez seria a única mudança necessária para um ajuste fino de powertrain, o que ampliaria ainda mais a diversão que o francesinho proporciona. Isso porque o hatch imprime ao condutor uma dinâmica instantânea a cada ignição: pedal no assoalho, turbo enche rápido a câmara de combustão, um espirro suave é emitido pelo escapamento duplo de ponteiras cromadas, seguido de um sorriso iminente por parte do motorista.
Tal processo só é possível graças ao gerenciamento do propulsor feito pela transmissão manual de seis velocidades caracterizada por engates curtos e precisos.
DESIGN GOURMET
Quanto à estética do 208 GT, há diversos mimos que o 205 GTi jamais pensaria em ter. Reflexo dos novos tempos em que um LED é quase item obrigatório. No entanto, tudo é discreto e de bom gosto. Há detalhes em vermelho na grade, rodas de aro 17” com desenho exclusivo, aerofólio traseiro e retrovisores em preto brilhante e LEDs de uso diurno.
Por dentro, o carro transmite um ambiente extremamente agradável, o que é realidade desde a versão mais básica do 208. No GT há um LED vermelho enfeitando o cluster, bancos com revestimento em couro, pedais em aluminío, detalhes em preto brilhante na central multimídia e o agradabilíssimo volantinho revestido em couro e com costuras vermelhas.
Todos estes detalhes somados à vasta lista de itens de série explicam porque o 208 GT custa R$ 80.290. Ele está no mesmo patamos de preço de Suzuki Swift Sport (R$ 79.990) e Citroën DS3 (R$ 82.490), mas é quase R$ 20 mil mais caro do que o Renault Sandero R.S. (R$ 61.509).
O Sandero é muito mais simples do que o 208, mas não deve nada em nível de esportividade. O hatch que carrega propulsor 2.0 de 150 cv (etanol) é só 0,4 s mais lento do que o Peugeot em uma comparação simples de aceleração 0 a 100 km/h.
10.000 km
2x R$ 243,50
20.000 km
2x R$ 374
30.000 km
2x R$ 243,50
Se o Renault é uma alternativa mais adequada para quem tem no preço o principal quesito para escolher seu hot hatch, o Peugeot é opção para quem quer um veículo mais completo. Além dos itens estéticos já citados, o 208 GT traz de série ar-condicionado digital de duas zonas, quatro airbags, controle de tração e estabilidade, central multimídia com tela de 7” sensível ao toque e sistema Apple Car Play e Mirror Link, piloto automático, acendimento automático dos faróis e sensores de estacionamento.
O recheio farto de equipamentos, a mecânica que transmite diversão e a estética repleta de mimos tornam o 208 GT o hot hatch até R$ 100 mil mais completo do Brasil. Agrada quem quer conforto nas ruas, mas que pode acelerar com gosto em track days. Já os que colocam a esportividade em primeiro lugar se encaixam mais no perfil de DS3 e Fiat 500 Abarth (R$ 94.000). Mas se o orçamento for mais apertado, não existe receio em escolher o Sandero R.S.
PEUGEOT - 208 - 2018 |
1.6 THP GT 16V FLEX 4P MANUAL |
R$ 84490 |
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