Bem equipada e com bom preço, a Fiat Titano Ranch pode ser uma opção se você não ligar para a dinâmica mais rústica do modelo frente aos concorrentes
O mundo realmente está mudando de maneira veloz. Tão rápido que até as picapes estão cada vez mais parecidas com carros de passeio. Muitas vezes, nem é preciso força para abrir uma tampa de caçamba. Um absurdo! Se você é um daqueles saudosos pelos velhos e bons tempos, então você precisa conhecer a Fiat Titano Ranch.
Uma picape média que não inventa moda, feita dentro da cartilha das tradicionais picapes médias. E, mesmo sendo a topo de linha, está entre as cargueiras mais acessíveis do nosso mercado. Mas será que o preço é o único ponto positivo desse modelo? E quais são os pontos contrários? Confira nas próximas linhas.
A Fiat Titano tem uma história curiosa, que nasceu bem distante de Betim (MG), onde é feita boa parte dos carros da marca italiana vendidos no Brasil. Esta picape surgiu em 2019, na China, como a Kaicene F70. Um produto da Changan. Sim. Aquela marca que fazia os caminhõezinhos Chana. Não demorou muito e essa F70 virou um produto internacional, com o nome Peugeot Landtrek.
Seria com esse nome e o logo do leão que a F70 chegaria ao Brasil. A Stellantis, no entanto, decidiu mudar a estratégia e foi assim que a F70/Landtrek virou Fiat Titano. Talvez seja por isso mesmo que essa picape, que é montada no Uruguai, seja tão diferente de Strada e Toro.
A Titano não tem um visual ousado e parece até um pouco datada quando comparada a produtos como a Ford Ranger e a Chevrolet S10 reestilizada. Mas não dá para chamar a picape da Fiat de feia. Ainda mais nessa versão Ranch, que é bem caprichada.
Falando agora das medidas externas, essa é uma picape - perdão pelo trocadilho - média. Ou seja: não é nem a maior, nem a menor do segmento. Tem 5,33 metros de comprimento, 1,89 m de altura, 1,96 m de largura e 3,18 m de entre-eixos. E a capacidade de carga é de 1.020 quilos.
A Fiat fez questão de ressaltar que a Titano é a picape com a caçamba mais ampla da categoria, com 1.314 litros. Mas esse volume só está disponível na versão de entrada Endurance, que não tem protetor de caçamba.
Nessa Ranch, que tem o revestimento plástico no compartimento, o volume cai para 1.109 litros. Ainda bastante bom para uma picape média. Mas é preciso ter braços fortes ou uma bela força de vontade, já que a tampa da caçamba é pesada e não tem nenhum recurso para deixá-la mais amigável.
Ainda bem que Peugeot e Fiat fazem parte da mesma família. É que a Titano não poderia ter menos em comum com os carros de passeio da marca italiana.
Na verdade, ela parece uma mistura da identidade visual dos Peugeot dos anos 2010 com elementos típicos dos carros chineses da mesma época. Ou seja, são linhas datadas e que ficam um pouco abaixo daquilo que se espera de uma picape média em 2024.
A função se sobrepôs à forma no projeto da Titano, pois todos os comandos são muito intuitivos e não faltam botões físicos (ainda bem). Todos bem posicionados. Algo incomum para um projeto de origem chinesa.
Achar a posição ideal de guiar também não é difícil, desde que você não tenha que alterar a inclinação ou distância do volante, que tem uma trava pesadíssima.
Apesar de ser rústica, a Titano tem belas soluções de aproveitamento de espaço. Uma delas é o banco traseiro, que tem um porta-tralhas abaixo do assento e encosto rebatível, permitindo "ganhar" algo parecido com um porta-malas. Os encostos dos bancos dianteiros têm também ganchos capazes de suportar sacolas ou mochilas de até quatro quilos.
Aliás, confesso que eu esperava menos do banco traseiro. Mas fiquei surpreso com o conforto. Tem boa inclinação do encosto e as saídas de ventilação são eficientes e contribuem para gelar a cabine rapidamente.
Posicionada entre as versões de entrada e intermediárias da concorrência, a Fiat Titano Ranch oferece uma bela lista de equipamentos para a sua faixa de preço.
Tem itens como ar-condicionado automático de duas zonas, central multimídia com tela de 10 polegadas, assistente de descida em rampa, chave presencial, monitor de pressão dos pneus, controle de velocidade de cruzeiro, sensor de chuva, farois de LED com acionamento automático, capota marítima, estribos, rodas de liga leve de 18 polegadas, e faróis de neblina.
Já os pacotes tecnológico e de segurança têm como destaques os seis airbags, o alerta de saída de faixa, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e a câmera de 360° graus. Mas fica devendo o pacote ADAS. Porém, as concorrentes na mesma faixa de preço também não têm isso .
A Fiat Titano feita no Uruguai tem um motor 2.2 turbodiesel, com 180 cv de potência e 40,8 kgf.m de torque a 2.000 rpm. Diferentemente do que muita gente imagina, é um propulsor conhecido, da mesma família do 2.2 usado nas vans Fiat Ducato e Peugeot Boxer. Nesta versão Ranch, é combinado apenas ao câmbio automático de seis marchas. Já a tração é 4x4 com reduzida.
Com esse conjunto, a Titano acelera de zero a 100 km/h m 12,4 segundos e atinge 175 km/h de velocidade máxima. Números que ficam na média do segmento. O consumo, por sua vez, deixa a Titano em desvantagem mesmo frente a concorrentes mais potentes: 8,5 km/ na cidade e 9,2 km/l no uso rodoviário.
Aqui que o bicho pega para a Titano. E nem estou falando do rendimento do motor turbodiesel. Apesar dos números de potência e torque menos vistosos que o de algumas concorrentes, o 2.2 dá conta do recado e tem um desempenho bem satisfatório para a proposta e posicionamento do modelo.
Se a ideia for comprar uma picape com pegada de carro de passeio e boa para o asfalto, então é melhor buscar uma alternativa à Titano. Essa média da Fiat é uma cargueira de rodar áspero, que vibra mais ou menos de maneira constante mesmo em asfalto sem muitas ondulações.
Já as oscilações da carroceria acontecem de acordo com a velocidade. Combinado com a direção hidráulica, que não é muito leve, a Titano proporciona uma direção cansativa em jornadas rodoviárias mais longas, em comparação com suas concorrentes equipadas com direção elétrica, por exemplo.
Por outro lado, surpreende na terra. Com suspensões mais macias do que a média, é possível enfrentar pisos irregulares e buracos com mais tranquilidade do que em modelos concorrentes.
Falando agora em usabilidade, a Titano é OK. A multimídia, com tela de 10 polegadas, tem visual simples e espelhamento do smartphone só por cabo. Mas tem GPS nativo. Como nos velhos tempos. E essa picape tem portas USB-A aqui na dianteira. Dá até para botar um carregador por indução, que é um acessório de concessionária que essa Titano aqui tem.
A tela multifuncional também não chama muito a atenção, mas oferece um computador de bordo bem completo. E agora, falando no sistema de câmera 360°, a resolução do conjunto poderia ser melhor. Inclusive, o avatar da Titano um pouco esquisito, é verdade.
Mas o sistema cumpre a função de ser um auxílio em manobras. E ponto. Contudo, não gostei do alerta de saída de faixa, que deveria se chamar alerta de manutenção no centro da faixa. É que ele apita sempre que você se aproxima das bordas. Depois de um tempo, você acaba desligando o recurso.
A Titano pode evoluir em prazer ao volante, pois se parece mais com uma cargueira do início dos anos 2010 do que com as picapes mais atuais da categoria. Ou seja: se você é daqueles picapeiros raiz e que não liga para firulas, ainda dá para manter a Fiat na sua lista de opções.
Até os 50 mil quilômetros rodados, o dono de uma Fiat Titano Ranch terá que desembolsar R$ 9.402 com as revisões obrigatórias. Um empate técnico na comparação com a Toyota Hilux SR (R$ 9.315,21), mas superior ao da concorrente direta Ford Ranger XLS 2.0 4x4 (R$ 7.299).
Aqui, vale destacar que o modelo da marca do oval adota um sistema diferente de manutenção, com revisões a cada 16 mil quilômetros ou 12 meses, ou sempre que o aviso de revisão acender no painel. Ou seja: pode ser que esse intervalo entre as inspeções seja mais curto. Ou mais longo.
Na simulação do seguro no Auto Compara, a Titano teve o seguro mais caro: R$ 22.424,48. Para o mesmo tipo de cobertura, o valor pedido para a Chevrolet S10 WT foi de R$ 19.121, enquanto para a Ford Ranger XLS 2.0 4x4 a proteção total ficou em R$ 18.858,48 na melhor proposta. Os valores foram calculados no meu perfil (homem, casado, 37 anos e principal condutor do veículo) e sem bônus ou descontos adicionais.
A Fiat Titano Ranch sai por R$ 259.990. É exatamente o mesmo valor pedido pela Ford na Ranger XLS 2.0 4x4 e mais barato que as concorrentes Chevrolet S10 WT automática (R$ 268.060) e Toyota Hilux SR (R$ 272.190).
Se você se encantou com a Titano Ranch, mas valoriza o custo-benefício, vale a pena olhar as versões mais baratas da linha, que são ainda mais interessantes e vantajosas do que essa topo de linha aqui.
Com boa caçamba e capacidade de carga, a Titano tem números de picape média e é uma cargueira competente. E ainda consegue se destacar frente às concorrentes da mesma faixa de preço pela lista de equipamentos mais completa. Por outro lado, é preciso estar disposto a aceitar um rodar menos confortável no asfalto. Acredito que há quem goste.
FIAT - TITANO - 2025 |
2.2 TURBO DIESEL RANCH 4X4 AT6 |
R$ 259990 |
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