A meu ver, há um novo padrão de carro ideal para uso no dia a dia urbano. E não estou falando de SUV ou sedã, dois típicos carros de porte e proposta familiar. Sim, a sugestão aqui é fazer você pensar em um GWM Ora 03, rival direto do BYD Dolphin.
Se você já tem um ou mais automóveis em casa, procura outro para "ralar" durante a semana e tem um local onde possa instalar um wallbox (tomada de recarga mais rápida para carros elétricos), garantimos que o GWM Ora 03 Skin é uma boa recomendação. E aqui vamos explicar os motivos.
Nessa versão de entrada, o hatch compacto tem bateria com capacidade menor que a da configuração GT, de R$ 184 mil, que já apresentamos por aqui: são 48 kWh contra 63 kWh. Isso significa que a autonomia cai de 319 para 232 quilômetros de acordo com o padrão do Programa de Etiquetagem do Inmetro (PBEV).
É pouco se comparado ao que um carro a combustão da mesma faixa de preço pode rodar. Também é menos que os 291 quilômetros oferecidos pela versão mais mansa do BYD Dolphin - outra belíssima opção pelo mesmo preço.
Mas releia o segundo parágrafo: a proposta da GWM é conquistar quem já tem outros carros e oferecer uma opção somente para uso no dia a dia, por poucos quilômetros. E se você pensar dessa maneira, a oferta se torna muitíssimo interessante.
O padrão de acabamento e de equipamentos oferecidos é excelente. Aceleramos a versão Skin Copacabana, especial e limitada a 200 unidades, que tem interior em cores exclusivas e teto solar como diferencial - embora isso custe R$ 10 mil a mais. Ou seja, R$ 160 mil.
Logo que entro, percebo qualidade de refino, ajuste e de detalhes que passam longe (e por cima) do que conhecíamos de modelos como Renault Kwid E-Tech, JAC e-JS1 e Caoa Chery iCar - aliás, já comparamos esses três carros aqui no WM1, depois faça uma visita.
O padrão de um carro elétrico de R$ 150 mil mudou. Os três concorrentes menores citados acima precisaram diminuir bastante de preço, como se sabe. BYD Dolphin e GWM Ora 03 redefiniram - e devem continuar redefinindo - o nível técnico e de qualidade empregado nessa faixa de valor.
Com materiais de ótima qualidade e um nível de esmero de carros de marcas premium, o Ora 03 Skin surpreende positivamente. O isolamento acústico é notável e de fato não parece que estamos em um carro cuja proposta é ajudar a democratizar o carro elétrico no Brasil.
O espaço interno é outro ponto de destaque. O Ora 03 tem 4,25 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,60 m de altura e 2,65 m de entre-eixos. Como na maioria dos EVs, não há necessidade de peças maiores de escapamento por baixo, nem de um diferencial central ou de um eixo cardã. Sob o assoalho, fica só a bateria, plana e feita de íons de lítio.
Por conta disso, o espaço traseiro também é ótimo, caso você queira ou precise dar uma carona. Isso sem comprometer o tamanho do porta-malas, que tem 228 litros de capacidade com os bancos traseiros levantados e pode chegar a excelentes 858 litros se os assentos de trás forem rebatidos.
O painel de instrumentos é muito bom. Atrás do volante - que poderia ser um pouquinho só menor - o cluster e a central multimídia se fundem em um grande display panorâmico, que tem duas telas, cada uma com 10,25 polegadas.
CarPlay e Android Auto, exigências cada vez maiores dos motoristas - e também cada vez mais comuns - podem ser conectados na central sem necessidade de cabo. Além disso, o modelo ainda tem carregador de celular por indução, banco do motorista com ajuste elétrico, ar-condicionado, volante multifuncional e rodas de liga leve de 18 polegadas.
Entre os itens de segurança, a versão Skin vem com Controle de Cruzeiro Adaptativo (ACC) com função Stop & Go, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e um central), frenagem autônoma de emergência (com reconhecimento de ciclistas e pedestres), assistente de permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado (dianteiro e traseiro), câmera 360° e monitoramento de pontos cegos.
A GMW, aliás, fez questão de nos lembrar que, na Europa, o Ora 03 recebeu nota máxima (cinco estrelas) no teste de segurança do Euro NCAP.
Vale lembrar ainda que a versão GT, a mais cara, tem como itens adicionais um assistente de estacionamento completo (com cinco radares, cinco câmeras e 12 sensores), bancos dianteiros com massageador e ventilação, teto solar panorâmico e um kit de visual mais esportivo.
O carro roda legal: tem fôlego para sair na frente em arrancadas de faróis (graças ao bom torque de 25,5 kgf.m instantâneos) e cumpre perfeitamente a autonomia prometida no painel. Bem diferente do que acontece com outros carrinhos elétricos.
O Ora 3 também tem aquela função chamada iPedal, que permite ao motorista dirigir utilizando somente o pedal do acelerador, sem usar o de freio - poupando o sistema de frenagem e trabalhando de modo mais sustentável.
É prático: você acelera e o carro vai. Você tira o pé do acelerador, ele freia sozinho, até parar - e, sim, a luz de freio das lanternas se acendem, mesmo que você não chegue a pisar no pedal de freio.
São cinco modos de condução, do mais eficiente ao mais esportivo - embora a função iPedal possa ser usada independentemente do modo escolhido.
Em resumo: um carro completinho, espaçoso, bem acabado, que anda muito bem e que tem autonomia suficiente para você rodar por uns três ou quatro dias por grandes regiões metropolitanas sem necessidade de abastecer.
O segredo, como eu sempre reforcei em reportagens sobre carros elétricos, é você ter uma fonte de recarregamento em casa ou no trabalho. Se puder "espetar" seu Ora 03 toda vez que parar o carro nesses lugares, você rodará com a bateria quase sempre cheia.
Tem mais uma coisa: o Ora 03 - Skin ou GT, independentemente da versão -, quer conquistar o público mais jovem e por conta disso tem uma pegada "gamer" - a prova disso é que, neste final de semana, a GWM promoveu um evento na Max Arena, no bairro da Mooca, em São Paulo (SP).
E quem foi a embaixadora escolhida pela marca para promover esse lançamento? Nyvi Estephan, apresentadora, atriz e a host de eSports mais conhecida do Brasil.
A GWM também oferece interessantes planos de revisão a preços fixos, que são bem menores que os de carros com motores térmicos - afinal há bem menos itens de desgaste natural e fluidos em um carro elétrico.
As revisões devem ser feitas em períodos maiores também: a cada 24 mil quilômetros ou dois anos, o que acontecer primeiro. São cinco anos de garantia para o carro e oito anos (ou 200 mil quilômetros) para as baterias.