As que mais se aproximam dessa "perfeição" são as médias, pois fazem tudo o que as pequenas fazem e também chegam aonde as grandes chegam - talvez com menos conforto, é verdade, mas chegam.
A Honda CB 500F é justamente uma destas motos. Compacta, mas nem tão pequena, muito ágil, leve para seu tamanho (176 kg a seco) e, no fim das contas, bastante versátil, é uma moto a ser levada em conta na hora da compra por quem busca um modelo que resolva tudo - ou quase tudo. Quer andar na cidade com satisfatória destreza? Quer passear no fim de semana com garupa? Quer viajar para longe? A CB 500F te atende nisso tudo.
Melhor ainda que ela resolve essas demandas por um preço interessante: R$ 29.100 na atual tabela, valor que bate com os de alguns modelos menores, na faixa dos 300 cm³, de certas marcas concorrentes. A irmã quase gêmea CB 500X, aquela com uma pegada mais "adventure", custa um pouco mais - R$ 31.260 - e é ainda mais versátil. Mas hoje nosso papo é sobre a CB 500F.
Uma pitada de história
A linha CB 500 surgiu em 1998, com uma naked arredondada e sedutora. Moto com cara de moto, tinha farolzão redondo com aro cromado, motor bicilíndrico em linha de 498,8 cm³ com 54 cv de potência e 4,5 kgf.m alimentado por dois carburadores e desempenho divertido.
Quer uma Honda CB 500F nova ou seminova? Corre lá no nosso estoque
Era, inclusive, muito boa de curva, mesmo tendo suspensão bichoque atrás. Saiu de linha em 2004 e deixou saudade até 2013, quando a Honda lançou a nova linha CB 500 - que, desde então, já passou por algumas alterações.
Design moderno e harmonioso
A Honda CB 500F atual em nada lembra a antiga. Tem aquele visual um pouco robótico, musculoso e agressivo das motos modernas que a turma de hoje tanto gosta.
Estão lá farol triangular de LED, grandes aletas laterais, um tancão para 17,1 litros e rabeta arrebitada com lanterna triangular, tudo bem harmonioso. A faixa que corta a parte superior do tanque dá um agradável toque de esportividade e sofisticação à moto.
O painel de LCD com fundo preto já é manjado. Bem completinho, à noite é ótimo, mas de dia continua ruim de consultar sob sol forte. Este painel tem indicador digital de marcha engatada e luz de "shift-up", que indica o momento ideal para subir a marcha. De fábrica, ela pisca quando o motor alcança 8.750 rpm. Mas é possível ajustar ao gosto do piloto, com atuação entre 5.000 rpm a 8.750 rpm.
O motor bicilíndrico com duplo comando, refrigeração líquida e 471 cm³ rende 54 cv de potência a 8.500 rpm. O torque máximo é de 4,5 kgf.m a 6.500 rpm - repare que são os mesmos números da CB 500 antiga!
Nessa moto linha 2020 que andamos, foram feitos alguns aprimoramentos em relação às antecessoras. O objetivo foi mudar a entrega da potência e do torque, favorecendo o uso urbano e evitando trocas frequentes de marchas.
Segundo Alfredo Guedes, engenheiro e assessor técnico da Honda, os comandos de escape e admissão foram retrabalhados, para melhorar o fluxo da entrada de ar. Também houve o reposicionamento da bateria.
Além disso, o mapeamento da injeção foi ajustado para melhorar a mistura ar/combustível e ter ganhos entre 3.000 rpm e 7.000 rpm. Em resumo, a potência passou a chegar mais rapidamente e o torque, a vir mais cedo.
Ao contrário da irmã "X", esta "F" não sofreu aumento no curso das suspensões e manteve os bons 12 cm na frente e 11,9 cm, atrás. Mas ganhou novas molas e uma calibragem mais rígida no amortecedor traseiro, que também tem nove regulagens na pré-carga.
Melhor ainda foi ter recebido embreagem assistida e deslizante - o acionamento no manete ficou extremamente leve e a roda traseira não trava naquelas reduções mais severas - e sinalização de emergência: em frenagens fortes, que resultem em desaceleração superior a 0,6 g, o pisca-alerta é acionado automaticamente.
Hora de acelerar
A primeira surpresa que se tem na Honda CB 500F está no conforto. O banco não é uma poltrona do papai, mas é bem satisfatório. A posição das pernas é apenas levemente recuada e compõe uma posição de pilotagem bastante cômoda, com o guidom em razoável altura (poderia ser uns 2 cm mais alto) e com o encaixe perfeito para os joelhos no tanque. Você literalmente "veste" a moto!E que embreagem é essa? Agora assistida, realmente ficou muito macia - é o fim do cansaço na mão esquerda, principalmente nos engarrafamentos! No trânsito urbano, por sinal, cuidado com os espelhos: têm hastes longas e por isso proporcionam boa retrovisão, mas gostam de esbarrar nos retrovisores dos carros, nos corredores.
Outro senão está nos botões da buzina e do pisca, no punho esquerdo. Depois de décadas, a partir de poucos anos atrás, a Honda foi trocando os dois de lugar em suas motos - provavelmente em busca de melhor ergonomia. Pois é, mas a vida nunca mais foi a mesma: continuo buzinando no pisca e piscando na buzina - quem teve essa ideia?
Mesmo quem nunca andou nesta moto não terá qualquer dificuldade: em poucos quilômetros já existe intimidade. As respostas do motor em giros baixos e médios são satisfatórias, e não se troca de marchas com muita frequência. Mas ainda há essa necessidade em velocidades muito baixas, já que o motor não é milagrosamente elástico.
Por outro lado, os níveis de ruídos e vibrações são baixíssimos, o consumo é satisfatório (fizemos média urbana de 27,9 km/l) e o conjunto passa uma interessante impressão de robustez, de que você pode ir com esta moto até o outro lado do mundo.
Só não poderá ir em velocidades muito altas, pois a partir dos 110 km/h já existe uma certa briga com o vento - não há qualquer proteção aerodinâmica. Inclusive, daí para cima o ganho de velocidade é relativamente lento.
O barato aqui, mesmo, é rodar civilizadamente, curtindo a pegada suave de uma moto que desfila bonito, é confortável, muito ágil no trânsito urbano, faz curvas e freia com extrema segurança e, se não tem "pegada" nem proporciona emoções avassaladoras, transmite tranquilidade e a certeza de que se fez uma boa compra.
Comentários