A polêmica que envolve o visual do novo Hyundai Creta mascara um carro repleto de virtudes essenciais no disputado segmento de SUVs compactos. Ainda mais quando o assunto é a versão Platinum, a topo de linha equipada com o motor 1.0 turbo derivado do HB20 (outro modelo que também sofreu críticas estéticas, mas que vende como água no deserto).
Tabelado em R$ 138.690, o Creta Platinum pode não ser o melhor em vários quesitos, mas oferece equilíbrio de predicados para ser uma versão bastante atraente. Com 120 cv de potência, por exemplo, está longe de ser o mais potente da categoria. O posto, quando é esse o assunto, é ocupado pela dupla Citroën C4 Cactus e Honda HR-V Touring, que entregam 173 cv de potência. No entanto, a performance é condizente com a proposta de um utilitário-esportivo.
O Creta é capaz de superar ladeiras sem problemas, assim como não dá dor de cabeça em retomadas na estrada. Mas também deixa a impressão de anestesia no início das acelerações, o que corrobora com o fato de que é o mais lento entre os SUVs turbinados, com aceleração de 0 a 100 km/h cumprida em 11,5 segundos. O mais rápido é o C4, com (até desnecessários) 7,7 s.
O torque de 17,5 kgf.m a 1.500 rpm do Creta 1.0 só não é pior do que o Chevrolet Tracker 1.0 turbo, que emana 16,8 kgf.m. Por outro lado, o rival da GM é um segundo mais rápido e tem melhores índices de consumo de combustível muito por conta do peso. Sobe na balança com 1.228 kg, ante 1.270 kg do Hyundai.
Em relação ao consumo, o Tracker 1.0 volta aos holofotes como o mais econômico. Com gasolina, por exemplo, desenvolve 11,9 km/l na cidade, e 13,7 km/l, na estrada. Já o protagonista deste texto faz 11,6 km/l e 12 km/l, respectivamente.
É justo destacar que o Creta tem o melhor consumo na cidade com etanol. São 8,3 km/l, uma pequena amostra de que a oferta do motor Kappa 1.0 TDGI significa profunda evolução em relação à geração anterior do modelo, que usava como base o motor 1.6 aspirado que desenvolve 7,6 km/l no mesmo cenário.
Além dos números, é necessário ressaltar que o modelo fabricado em Piracicaba (SP) tem suspensão confortável, com boa posição de dirigir, além de habitáculo ergonômico e que deve agradar motorista e passageiros.
Veja aqui o vídeo do teste que o WM1 fez com o Hyundai Creta Platinum:
Com 4,30 m de comprimento, o Creta fica perto dos rivais Caoa Chery Tiggo 5X e Honda HR-V, os maiores do segmento, novamente se levarmos em consideração os SUVs turbinados. Já o entre-eixos de 2,61m não fica muito atrás do Volkswagen T-Cross, o melhor da categoria, com 2,65 m.
Na prática, isso significa que o Hyundai abriga tranquilamente no banco de trás quem tem estatura mediana. Isso vale até para o meio do banco traseiro, uma vez que o túnel central é baixinho. Há ainda itens de conveniência como saídas de ar-condicionado e uma porta USB.
Já no console central, há dois dispositivos USB. Esse ponto ganha relevância porque a central multimídia precisa de conexão via cabo para ser pareada com Android Auto e Apple CarPlay. Aliás, embora o display seja chamativo (tem 10,25 polegadas) e tenha boa funcionalidade, poderia ser melhor explorado, uma vez que os sistemas de pareamento não são exibidos por completo.
Por falar em telas, o painel de instrumentos mudou bastante em relação à geração anterior do Creta. Agora é digital e tem como maior novidade a exibição do ponto cego captado por câmeras instaladas nos retrovisores externos. O recurso é útil principalmente porque faz com que o motorista não precise tirar os olhos do horizonte.
Por outro lado, o cluster oferece poucas informações. Também é outro item que poderia ser melhor explorado. Um detalhe legal é que muda de cor de acordo com o modo de condução selecionado. No ajuste mais econômico, vem à tona o verde. Já no modo esportivo, aparece o vermelho.
Em termos estéticos, as telas digitais agregam modernidade ao layout renovado e de bom gosto. Os materiais são de boa qualidade ao toque e com desenhos envolventes. Destaque para o volante que remete a carros de competição. Entretanto, há poucas áreas macias, sendo que o painel e as portas são permeados por plástico.
Outros pontos de destaque são os confortáveis bancos marrons revestidos em couro, além do teto solar panorâmico. São itens de série assim como carregador de celular por indução, ar-condicionado digital, seis airbags, freio a disco nas quatro rodas, assistente de partida em rampa, sensor de estacionamento traseiro, chave presencial com partida por botão, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento, além de faróis de neblina, rodas de 17 polegadas e contato com central de assistência por botão.
Em relação a equipamentos, os vacilos do SUV da Hyundai são as ausências de faróis de LED e itens de tecnologia ativa como frenagem de emergência, controle de velocidade adaptativo e assistente de permanência em faixa. Tais elementos só fazem parte da versão topo de linha Ultimate 2.0 (R$ 153.690), mas bem que poderiam ser oferecidos ao menos como opcionais na versão 1.0.
Já que citamos a opção 2.0, é bom deixar claro que o Creta 1.0 turbo é mais econômico em termos de consumo e também quando o assunto é o pós-venda. As seis primeiras revisões somam R$ 3.791,34, portanto, R$ 158,16 mais em conta na comparação com a versão aspirada.
O orçamento também é mais vantajoso em relação ao Chevrolet Tracker 1.0 Turbo, por exemplo, que cobra R$ 3.964. Outro ponto positivo para o Hyundai é a garantia de 5 anos, enquanto boa parte dos concorrentes oferecem 3 anos de suporte.
Quanto ao seguro, cenário também em conta. A apólice mais barata encontrada no AutoCompara é de R$ 3.379,14, valor bastante competitivo no segmento.
Todos esses predicados ajudam a colocar o Hyundai Creta Platinum como uma das melhores opções do segmento. O modelo está mais econômico, tem boa oferta de espaço (inclusive, o melhor porta-malas entre os turbinados, com 422 litros), além de bom custo-benefício tanto na compra, quanto no pós-venda.
HYUNDAI - CRETA - 2022 |
1.0 TGDI FLEX PLATINUM AUTOMÁTICO |
R$ 148490 |
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