A disputa entre Chevrolet Onix e Hyundai HB20 inspirou a Fiat. Isso mesmo! De olho nos dois best-sellers do mercado brasileiro da atualidade, a marca italiana lança no Brasil o Argo, modelo que mata imediatamente o Punto e, com o tempo, deverá enterrar de vez o experientíssimo Palio.
Os preços do Fiat Argo ainda não foram revelados, mas nós do WM1 já aceleramos o modelo na pista da Fazenda Capuava, em Campinas, interior de São Paulo. A única opção disponível era a topo de linha HGT, equipada com motor 1.8 16V EVO bicombustível e duas opções de transmissão: manual ou automático, ambos de seis marchas.
No entanto, antes de detalhar o desempenho do Argo, é importante destacar que outros dois motores estarão à disposição – 1.0 FireFly de três cilindros e 1.3 FireFly, de quatro ‘canecos’ – e outros dois câmbios – manual ou automatizada GSR (mesma presente no Mobi). Para estes propulsores e transmissões, a única configuração disponível é a Drive.
Se a primeira impressão é a que fica, podemos dizer que o Fiat Argo, na versão HGT (repito: na versão HGT), está bonito na ‘fita’. Um pouco, devemos admitir, por romper de maneira brusca – graças aos deuses do design – o ar ‘simpático’ dos últimos modelos da marca italiana por aqui. Muito por realmente incorporar traços arrojados, apostando em faróis e lanternas afiladas, muitos vincos no teto, capô e laterais, apliques aerodinâmicos (spoiler, aerofólio e saias) e rodas de liga leve com belo desenho.
O interior traz um acabamento sóbrio, utilizando bastante plástico texturizado – todos agradáveis ao toque. Destaque para os cromados utilizados sem exagero e o acertado investimento em tons escuros - preto, na grande maioria. No caso da versão HGT avaliada por nós, uma peça plástica vermelha cortando o painel central chamou bastante a atenção. Um leve exagero diante de uma certa discrição. Combinação que agradou.
Na maciota, para buscar uma simulação de cidade, o conjunto mecânico mostrou desenvoltura. As marchas passam suavemente, sem trancos ou momentos de indecisão
Chave no bolso e botão pressionado para dar vida ao Argo. Ajustes de altura e profundidade da coluna de direção, além de regulagem de altura do banco, deixam o motorista na poltrona de casa. O volante é multifuncional e tem excelente pegada, além de base achatada – um toque visual para imprimir esportividade.
Manopla na posição ‘D’ e ganhamos o asfalto da Fazenda Capuava. Na maciota, para buscar uma simulação de cidade, o conjunto mecânico mostrou desenvoltura. As marchas passam suavemente, sem trancos ou momentos de indecisão. As acelerações não chegam a ser um assombro, mas as retomadas até que agradam e surpreendem pelo fato de o casamento ‘motor+câmbio’ ser o mesmo do insosso Renegade. Nada como ser mais leve para ganhar em desenvoltura.
A eficiência em relação ao Jeep é maior também, mas não muito. Os níveis de consumo, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, ficaram, na cidade, em 8 km/l (etanol)/11,5 km/l (gasolina), e na estrada em 9,6 km/l (e)/13,8 km/l (g). Lembrando: função start-stop é de série...
O quesito performance não empolga, mas diverte – especialmente em uma pista. Claro que seria muito melhor contar com uma variação turbo, remetendo aos Punto e Bravo T-Jet. Com uma tocada mais puxada, abusando do acelerador e deixando para frear um pouco mais dentro das curvas, a gente percebe que o câmbio está ajustado para preservar todo o conjunto de qualquer exagero ou irresponsabilidade. Ao buscar marchas para baixo, espetando a aleta esquerda atrás do volante, automaticamente o sistema apita e não executa a operação, obrigando abusar mais dos freios para não passar reto.
O quesito performance não empolga, mas diverte – especialmente em uma pista. Claro que seria muito melhor contar com uma variação turbo, remetendo aos Punto e Bravo T-Jet
Um ponto a exaltar é o equilíbrio do carro. Por ser tração dianteira, naturalmente arrasta um pouco mais a frente quando ‘damos pé’ na saída das curvas. Os controles de tração e estabilidade estão lá – são de série -, mas não atuam de maneira intrusiva, limando a diversão de quem busca esportividade. Claro que se der um coice no pedal da direita, o sistema vai impedir ‘besteiras’. Mas se for progressivo, deitando e dosando o pé, o Argo consegue ser interessante. Entendam: interessante para um carro que não é e nem tem pretensões de ser de pista.
A suspensão é firme e traz uma inclinação dentro dos limites. Como o asfalto da Fazenda Capuava é um tapete persa, não podemos cravar que consegue absorver bem ou mal as imperfeições de uma rua ou avenida.
A direção elétrico é progressiva e muito confortável para manobras. Nos boxes, para tirar um dos carros, foi possível sentir a leveza do sistema. Na pista, o volante ganha peso em uma medida equilibrada, sem limar completamente a comodidade.
O Fiat Argo foca Chevrolet Onix e Hyundai HB20, mas aposta em medidas superiores. Tem 4 metros cravados de comprimento e 2,52 metros de distância entre os eixos. A grande sacada está na largura, com 1,75 metro. O porta-malas vai no padrão da massa: 300 litros. O espaço para quem viaja no banco traseiro não é fantástico, mas muito bom em comparação a Onix e HB20.
Em termos de equipamentos, a grande sacada da Fiat foi incorporar no Argo uma central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque e compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Parece bobagem, mas este nível de conectividade que fez do Chevrolet Onix, com a central MyLink, um sucesso de vendas entre os hatches compactos.
Outros itens de série da versão HGT são: ar-condicionado, bancos e vidros elétricos (nas quatro portas), auxílio de partida em rampa, controlador e limitador de velocidade, faróis de neblina, rodas de liga leve de 16 polegadas, retrovisores elétricos, volante revestido em couro, quadro de instrumentos com tela de 7 polegadas, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) e airbag duplo frontal.
Os opcionais ficam por conta dos side bags, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, ar-condicionado digital, sensores de chuva e crepuscular, bancos revestidos em couro e rodas de liga leve de 17 polegadas.
Em termos de equipamentos, a grande sacada da Fiat foi incorporar no Argo uma central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque e compatível com Apple CarPlay e Android Auto
Definir se vale a pena ou não, fica impossível sem saber os preços das versões. No entanto, é possível ver o Argo como um carro competitivo. Estrategicamente posicionado em um segmento que vende muito bem – algo que a Fiat errou um pouco com o Mobi, que começa somente agora a engrenar nas vendas. Não acredito, inicialmente, que o Argo se tornará em um curto espaço de tempo no carro mais vendido do Brasil, desbancando Onix e HB20. Vejo o Fiat mais em sintonia com o futuro Volkswagen Polo, que chega ainda este ano ao mercado. Vamos ver...