JAC e-JS1 é elétrico prático e com recarga rápida

Já guiei vários carros elétricos e em todos tive a mesma preocupação de não poder rodar para muito longe pois não saberia onde fazer a recarga da bateria. Mas com o JAC e-JS1 não foi assim e vou contar para vocês porque gostei (muito) da experiência de poder acelerar esse carrinho por aí.

Antes, falemos um pouco sobre suas características. Pequeno (é um subcompacto com 3,65 m de comprimento, 1,67 m de largura, 1,54 m de altura e 2,39 m de entre-eixos, praticamente o mesmo que um VW Up, com quem compartilha plataforma), ele custa R$ 164.900 (R$ 179.900 na versão EXT com roupa aventureira) e, assim como todo eletrificado, tem desconto no IPVA e não pega rodízio em SP.

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Como é ter um JAC e-JS1

O carrinho tem 300 km de autonomia, que é um número menor do que estamos acostumados a ver em EVs no Brasil, mas suficiente para quem usa o carro para trabalhar e roda (bem) menos de 100 km por dia. Se você tem tomada 220V na garagem de sua casa, tem a maior vantagem de ter um carro elétrico: poder deixá-lo conectado durante toda a noite e sair com a bateria cheia pela manhã.

Só que o JAC e-JS1 tem um diferencial: a recarga dele é muito mais rápida do que a dos outros carros elétricos (pelo menos dos que eu já testei, como Chevrolet Bolt, BMW i3, Renault Zoe, Volvo XC40 e Fiat 500e) porque sua bateria também é menor. Em tomada de 220V, consegui recuperar de 18% para 96% da bateria em apenas seis horas. Segundo a marca, o carro recupera de 0 a 100% em 12 horas.

Em carregadores rápidos como wallboxes (que podem ser comprados à parte com a JAC Motors) a recuperação é ainda mais rápida: em vaga de shopping, vi a bateria saltar de 53% para 98% em meia hora. E isso tudo fica mais incrível quando lembramos que a utilização de uma tomada 220V para recuperar a energia do carro em sua casa custaria, em nossos cálculos, no máximo R$ 80/mês.

Pequenino e muito esperto

Esses detalhes sobre o quanto o JAC e-JS1 consome e também sobre o quanto a conta de luz pode aumentar são ínfimos quando lembramos que o carro é um foguetinho sobre rodas que ainda diverte quem dirige. Com apenas 1.180 kg (muito leve para um EV), o carro acelera de 0 a 100 km/h em 10,7 s - mais rápido que muitos SUVs compactos que têm preço parecido.

Além disso, seu tamanho diminuto proporciona manobras ridiculamente fáceis. E essas proporções ainda o ajudam a ser bem esperto em saídas de farol ou retomadas de velocidade na cidade, já que dispõe de bons 15,3 kgfm de torque de forma instantânea. Mas isso dura só até os 80 km/h - depois, o motor perde um pouco da força para poupar a bateria, como em todo EV.

E não adianta forçar, já que a velocidade máxima é limitada em 110 km/h para não sobrecarregar o conjunto.

Isso significa que na estrada o subcompacto não prevalece como na cidade. Vale lembrar que sua proposta é totalmente urbana e que, justamente por isso, espaço interno para quem vai no banco de trás e porta-malas não são pontos fortes (tem somente 121 litros de capacidade no bagageiro). Mesmo assim, é um "tesãozinho" de se guiar.

Vale lembrar que o JAC e-JS1 utiliza um motor elétrico dianteiro de 62 cv e 15,3 kgfm de torque com sistema de câmbio convencional de carros automáticos (uma marcha à frente e a ré) e sistema de tração dianteira.

O modelo também é o primeiro carro desenvolvido pela SOL, joint-venture formada após a Volkswagen desembolsar um bilhão de euros (mais de R$ 5 bilhões) para adquirir, em 2020, 50% da JAC Motors na China para a criação de uma marca de veículos elétricos

iPedal

Outra coisa que o carro também oferece é o iPedal, uma espécie de freio automático que faz com que o carro reduza a velocidade de forma autônoma assim que você retira o pé do acelerador - e desse modo poupa os freios e passa a recuperar um pouco da carga da bateria com energias cinéticas geradas pela desaceleração.

Funciona da seguinte maneira: quando você tira o pé, o motor elétrico - na mesma hora - se transforma em um gerador e recarrega automaticamente a bateria. Parece pouco, mas isso pode elevar a autonomia do veículo em até 20%.

Outro ponto forte é o acerto de suspensões - que foram feitos pela Volks. A calibração é mais firme, mas não prejudica o conforto dos ocupantes e ainda proporciona um comportamento dinâmico bacana em curvas mais rápidas. O ajuste da direção elétrica também recebeu toque germânico no que diz respeito à precisão na hora de mudar a trajetória - e isso é surpreendente.

Outra coisa que é vantajosa é a manutenção, já que carrinho não tem câmbio, radiador, filtro de ar, de óleo e de combustível, sistema de escapamento, correias, velas e catalisador, por exemplo. Por esse motivo, de acordo com a JAC, o custo de manutenção do e-JS1 é até seis vezes mais barato que o valor de um carro equivalente com motor térmico - como Mobi e Kwid, por exemplo.

E por dentro?

Apesar da simplicidade do acabamento da cabine, o E-JS1 tem chave presencial, painel digital de 6,2 polegadas atrás do volante, central multimídia com tela de 10,25 polegadas com comandos táteis de diversas funções do carro - como do ar-condicionado, por exemplo -, freio de estacionamento por botão e até carregador de celular por indução. Uma pena o sistema estar em chinês.

Ou seja, é bem completinho.

Outra coisa: os bancos dianteiros com encosto inteiriço remetem ao Volkswagen Up, enquanto as alavancas que controlam os limpadores de para-brisa e o seletor de marchas na coluna de direção são claramente inspiradas nos comandos dos carros da - também alemã - Mercedes-Benz.

Conclusão

A conclusão é essa mesma que você pensou: o carrinho não vai "bombar" de vender por vários motivos, mas os principais são o preço de mais de R$ 160 mil - por esse valor dá para levar para casa SUVs médios e até modelos híbridos bem maiores, como o Corolla - e pelo preconceito que existe em cima de uma marca chinesa considerada pequena dentro do nosso mercado.

Mas que o JAC e-JS1 foi, sem dúvidas, o elétrico mais interessante em termos de proposta que eu já guiei, isso foi: além de ser o mais barato entre eles, o carrinho também recarrega de forma rápida, o que pode pesar na hora da decisão de compra. Para quem já tem dois ou três carros na garagem e busca uma alternativa para fugir do preço da gasolina, tá aí uma ótima ideia.