Preço competitivo, lista de itens de série completinha e espaço interno bom são os pontos fortes do JAC T5 CVT. Desempenho do conjunto mecânico - motor 1.5 16V JetFlex e transmissão automática CVT - poderia ser melhor, especialmente em performance.
É possível cravar: trata-se do chinês melhor preparado para o mercado brasileiro. Entenda. Não estou falando que o novo JAC T5 CVT 1.5 Flex é o melhor, mas que, definitivamente, reúne as características minimamente necessárias e exigidas por quem está atrás de um utilitário esportivo compacto – é espaçoso, tem lista de equipamentos recheada, o motor é bicombustível e o mais importante: a transmissão é automática!
E como todo chinês que se aventura em solo brasileiro, preço competitivo é o mínimo. E o T5 tem. Parte de R$ 69.990, mesmo valor da opção com câmbio manual. Trata-se de uma promoção de lançamentos, por isso não se assuste se de repente, de uma hora para outra, este valor subir. Já a versão que avaliei estava completa, com Pack 3, e que custa R$ 73.990.
Por este valor, a lista de equipamentos de série é bem completa: direção elétrica, ar-condicionado digital, airbag duplo frontal, freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira), sistemas ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), rodas de liga leve de 16 polegadas (pneus 205/55/R16), controles de tração e estabilidade, auxílio de partida em rampa, sensor de estacionamento traseira, câmera de ré, bancos revestidos em couro, vidros e travas elétricas, faróis de neblina, cinto de segurança de três pontos para todos os ocupantes e ISOFIX para fixação de cadeirinha de criança.
Destaque também para a central multimídia com tela de 8 polegadas sensível ao toque com diversas funções, entre elas navegação por GPS e sistema de espelhamento do smartphone.
Potência não falta ao motor 1.5 VVT 16V JetFlex. São até 127 cv, quando abastecido com etanol. O torque máximo de 15,7 kgf.m entregue a medianas 4.000 rpm também não deixa o motorista na mão, mas se fosse um pouco maior e entregue a rotações mais baixas, o T5 de 1.220 kg ganharia muito em agilidade, especialmente nas acelerações no perímetro urbano. De acordo com a JAC, o SUVzinho faz de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos – exatamente 1,5 segundo mais lento que a opção manual, o que é muito. A velocidade máxima é de 192 km/h.
O câmbio CVT tem funcionamento suave e confortável. Entrega a tal comodidade imprescindível dos automáticos. No entanto, seu casamento com o propulsor poderia ser mais intenso. As saídas são muito morosas e é necessário pisar um pouco mais fundo no acelerador para sair dos semáforos com mais rapidez. As retomadas também não são impressionantes, mas não decepcionam nas ultrapassagens.
No perímetro rodoviário, trafegando a 120 km/h, o ponteiro do conta-giros assenta nos 3.000 rpm e o nível de ruídos não chega a ser sepulcral, mas está longe de incomodar ou atrapalhar a conversa entre os ocupantes. Quando precisei fazer uma ultrapassagem e pisei fundo no acelerar, o torque apareceu e a manobra, mesmo com porta-malas de generosos 600 litros, foi realizada sem dificuldades ou sustos.
É possível chamar as trocas pela manopla – acertadamente, na minha opinião, a JAC acertou em não colocar paddle shift no T5, pois a última coisa que passa na cabeça de alguém que está dirigindo este ‘China’ é incorporar o piloto e sair acelerando esportivamente. O CVT simula até 6 marchas, o que ajuda na descida de uma serra, por exemplo, rodar ‘engrenado’ e apelar bem menos dos freios para controlar a velocidade.
Em termos de consumo, o T5 CVT faz, na cidade, 6,8 km/l com etanol e 9,6 km/l com gasolina. Na estrada, os números são de 8,2 km/l (e) e 12,2 km/l (g). Com etanol, os índices deixaram um pouco a desejar. Já os com gasolina ficaram dentro da média.
O ponto negativo fica para a suspensão traseira – semi-independente tipo eixo de torção. Ao passar por lombadas, não importa a velocidade, existe um efeito ‘rebote’. Parece que a traseira ‘quica’, passando uma sensação de ser molenga demais. Ajustar os amortecedores pode ser uma saída para dar mais rigidez ao JAC. Na dianteira – independente tipo McPherson – o comportamento não compromete.
O T5 é espaçoso. Muito bom para a família. Além dos 600 litros de porta-malas que já mencionei, o JAC tem 4,32 metros de comprimento sendo 2,56 metros de distância entre os eixos. Não chega a ser um absurdo – existem sedãs com 2,70 metros -, mas a disposição dos bancos ajuda a levar até cinco passageiros com conforto.
A coluna de direção tem apenas ajuste de altura, devendo o de profundidade. Para encontrar uma boa posição ao volante (multifuncional) é necessário mexer na altura do assento, que são revestidos em couro, diga-se de passagem.
O acabamento, um dos pontos fracos de muitos dos modelos chineses comercializados por aqui, é ‘ok’. Os encaixes das peças não apresentam grandes espaços. Os materiais, no entanto, poderiam sugerir um pouco mais de requinte – há bastante plástico rígido por toda a cabine. Exagerados muitas vezes, os detalhes cromados estão distribuídos na medida certa.
O T5 CVT, assim como todos os modelos da JAC, tem 6 anos de garantia, sem limite de quilometragem. A primeira revisão acontece aos 3.000 km, mas é gratuita e o serviço limita-se a uma troca de óleo. No entanto, caso não seja realizada, a garantia vai para o ‘espaço’. Já o gasto com as revisões até 60.000 km ou 72 meses é de R$ 2.610. Confira tabela abaixo.
3.000 km
Gratuita
10.000 km ou 12 meses
R$ 225,00
20.000 km ou 24 meses
R$ 265,00
30.000 km ou 36 meses
R$ 390,00
40.000 km ou 48 meses
R$ 675,00
50.000 km ou 60 meses
R$ 455,00
60.000 km ou 72 meses
R$ 610,00
A cotação do seguro, no entanto, ficou com preço médio de R$ 7.440. O que chamou a atenção foi a discrepância de valores. Teve seguradora que cobrou mais de R$ 10.000 e outra cerca de R$ 3.500. Já o valor médio da franquia ficou em R$ 5.150.
Analisando custo-benefício e espaço interno, o JAC T5 CVT é um carro interessante. Seu preço é competitivo, a lista de equipamentos de série bem completa e há conforto para levar até cinco adultos – sem falar dos 600 litros de porta-malas. Analisando apenas o conjunto mecânico, é um carro que entrega a comodidade de um automático, mas é nítida a necessidade de uma evolução – ajustar a sintonia fina entre motor e câmbio, e mexer na suspensão traseira (molenga demais) já seria um bom começo.
Falta, no entanto, a JAC conquistar a confiança do consumidor no serviço de pós-venda. Só assim será considerada na hora da compra, pois quem cogita um T5 tem o dinheiro contado e não pode, em hipótese alguma, ter gastos extras ou mesmo ficar sem o carro.