Me considero um motorista muito tranquilo. Daqueles que receberam pouquíssimas multas de trânsito em quase 20 anos de CNH. Mas alguns carros são capazes de mexer completamente com o nosso comportamento ao volante. Este é o caso do Jaguar F-Pace SVR.
Abri a porta do SUV e, automaticamente, é como se aquele diabinho que está no nosso ombro passasse a falar mais alto. Nem olhei para o lado e quase botei o motor V8 de 550 cv para exibir o seu ronco grave no mesmo momento em que uma mãe passava próximo ao Jaguar com o seu bebê dormindo no colo.
Mas graças a um "insight" de consciência - e o medo de arranjar confusão com uma vizinha -, evitei o que seria um desastre. Amplificado pela acústica peculiar das garagens de prédios.
O ronco impressionante, no entanto, não é a única característica do F-Pace SVR que chama a atenção. Confira nas próximas linhas as minhas impressões sobre o SUV esportivo da Jaguar.
Revelado em 2015, o modelo foi o primeiro SUV lançado pela marca britânica. Mas tem um visual com bastante personalidade, com linhas que remetem aos tradicionais sedãs, cupês e conversíveis da marca. Tanto que é difícil de imaginar que o F-Pace compartilha a mesma plataforma com o Range Rover Velar.
Nessa versão SVR - sigla do braço esportivo da Jaguar -, o SUV fica ainda mais arrojado com um pacote visual exclusivo, com novos para-choques, entradas de ar nos para-lamas, saídas quádruplas de escape e rodas de 21 polegadas (com a opção de peças de 22 polegadas).
Além da carroceria de belas linhas - que fica ainda mais atraente com a pintura metálica Azul Ultra do carro das fotos -, o F-Pace tem um porte avantajado. São 4,76 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,67 m de altura e 2,87 m de entre-eixos.
Para comparar, o Jaguar é pouca coisa mais comprido que os SUVs Volkswagen Tiguan Allspace e Volvo XC60. Mas é mais largo e tem entre-eixos mais longo.
A reestilização, que chegou ao mercado brasileiro em 2021, resultou em leves alterações na carroceria e mudanças profundas no interior, que ganhou central multimídia Pivi Pro com tela de 11,4 polegadas e os comandos de climatização com botões sensíveis ao toque.
Apesar da agressividade externa, o interior é mais sóbrio do que em muitos modelos esportivados menos nobres que este Jaguar. Sobram materiais macios ao toque e elementos em alumínio.
Os bancos, com desenho esportivo e apoio de cabeça integrado, têm forração em couro e Alcantara. Já os bancos dianteiros têm ainda ajustes elétricos, memória de posição, aquecimento e ventilação.
Falando em equipamentos de série, o F-Pace SVR também tem sistema de som premium Meridian, ar-condicionado automático de duas zonas, head-up display, faróis de LED, frenagem autônoma, volante aquecido, chave presencial e tampa do porta-malas motorizada.
Mas não é só isso. A lista inclui ainda controle de cruzeiro adaptativo, assistente de pontos cegos e tráfego cruzado na traseira, painel digital configurável, carregador de celular por indução e escapamento com sonoridade variável.
A lista de opcionais exibe iluminação da cabine com 30 opções de cores, além de acessórios estéticos e itens mais úteis, como o para-brisa térmico, o sistema de estacionamento autônomo e o Jaguar Drive Control, que ajusta automaticamente as configurações do motor e dos freios para as condições climáticas.
Mas voltando à cena da mãe com o bebê: depois de esperar longos instantes - que pareceram uma eternidade - para despertar o coração do Jaguar, não consegui segurar o desejo de dar algumas aceleradas com o carro parado para curtir o som dos oito cilindros.
Esse é um carro que, desde a partida, te instiga a pisar fundo no acelerador. O F-Pace até tem opções de modos de condução mais voltados para priorizar o conforto e até a redução do consumo de combustível. E com o eficiente câmbio automático de oito marchas, dá para dirigir o SUV de pé leve, como se fosse um confortável carro de família.
Mas o SVR não vê a hora de liberar o seu comportamento nervoso. O 5.0 V8 a gasolina é um motor à moda antiga. Sem auxílio de um propulsão elétrico, aposta na sobrealimentação por um compressor volumétrico para desenvolver 550 cv e 71,4 kgf.m de torque.
O suficiente para permitir que o SUV acelere de zero a 100 km/h em 4 segundos e atinja a velocidade máxima de 286 km/h. Traduzidos para o mundo das sensações, esses números se transformam em acelerações brutais e fazem o corpo grudar no banco.
Como aquelas que vemos silenciosamente em carros elétricos de alto desempenho, como o BYD Han e o Porsche Taycan. Mas que no Jaguar é acompanhada do maravilhoso urro de um dos motores V8 com o ronco mais bonito da atualidade. Vou deixar até um vídeo abaixo pra dar uma amostra do que eu estou falando.
É claro que, nas curvas, a física nos faz lembrar que estamos à bordo de um SUV de mais de 2,5 toneladas. Ele é menos grudado no chão que um cupê esportivo. Mas está (muito, mas muito) longe de fazer feio.
O SVR realmente é um carro muito agradável para dirigir de pé embaixo. Esse apetite todo por asfalto se reflete no consumo de combustível. De acordo com os números oficiais do Inmetro, o F-Pace SVR registra médias de 5,6 km/l (cidade) e 8,4 km/l (estrada). Mas quem está ligando para isso quando está de pé embaixo, não é mesmo?
Toda essa empolgação na hora de dirigir quase faz com que eu me esqueça que é preciso testar também as funcionalidades da máquina. E neste ponto o F-Pace também agrada bastante.
A central multimídia tem um layout bacana e é fácil de operar, assim como os botões do sistema de climatização. Não é necessário muito tempo de adaptação para se sentir familiarizado com o modelo.
O mesmo vale para o painel digital, que permite exibir os instrumentos convencionais ou o mapa do navegador GPS. Vale lembra que as informações básicas de condução são espelhadas também na tela do head-up display.
O Jaguar F-Pace SVR é uma máquina de R$ 841,2 mil. Preço que coloca o SUV esportivo da Jaguar bem acima de concorrentes do mesmo porte, como o Porsche Macan GTS (R$ 669 mil e 440 cv) e o híbrido Audi Q5 Performance Black 55 TFSI e S tronic (R$ 502.990 e 367 cv).
Apesar disso, essa versão SVR do F-Pace é uma escolha 100% voltada para a emoção e certamente os apaixonados vão desembolsar os mais de R$ 840 mil sem medo de serem felizes.
Por sorte (para a Jaguar) o consumidor mais "pé no chão" pode optar pela versão R-Dynamic SE nas motorizações híbrida plug-in e híbrida leve, que custam na faixa de R$ 600 mil e são bem mais eficientes. E racionais...
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