Quer saber se uma pizzaria é boa? Peça o seu recheio mais básico, normalmente a receita envolve muçarela bem derretida, fartas rodelas de tomate, orégano a gosto e azeitonas verdes. Se ela for caprichada, bem-feita é porque a forma é boa. O lugar está aprovado. Com a mesma lógica, separamos a versão Sport para experimentar o tempero do Jeep Compass 2022, que acaba de chegar atualizado às “mesas” de todo o país.
Os preços no cardápio ficaram um pouco salgados. A versão pelada do SUV mais famoso da marca sai por R$ 139.990. Meio indigesto. Porém, o valor segue o pedido nos pratos das demais cantinas, se é que me entende. A Toyota, por exemplo, serve o recém-lançado Corolla Cross a partir de R$ 144.990 enquanto o Hyundai Tucson começa em R$ 149.990.
Se salgou no valor, a Jeep compensou no recheio. O Compass Sport se apresenta à mesa equipado com seis airbags (frontais, laterais e de cortina), freio de estacionamento automático com a inédita função auto hold (que segura o carro parado e é ótima no anda e para das cidades), faróis full LED (inclusive para neblina), ar-condicionado dual zone, abertura das portas com chave de presença, sensores de chuva e crepuscular além de central multimídia de 8,4 polegadas com pareamento sem fio para Android Auto e Apple Car Play (nas demais versões a central é ainda maior, com 10,2 polegadas). Apenas para citar os principais ingredientes.
Décadas atrás, a Toyota ficou mundialmente conhecida ao acrescentar em suas receitas o método Kaizen. Que entregava pitadas de melhoria contínua em seus processos. Na prática, depois de um lançamento a montadora seguia no aprimoramento dos seus “pratos” indefinitivamente.
A Jeep buscou inspirações nesta culinária japonesa para o seu Compass 2022. Quer um exemplo? O design que já era um dos pontos altos entre os compradores ganhou apenas atualizações cosméticas, porém cirúrgicas. Um cliente desapercebido nem irá reparar, mas agora os faróis são em Full LED, que além de mais modernos e vistosos são mais efetivos que os de halogénos ou de xênon (de acordo com a versão) das versões 2021.
Já os para-choques, além de receberem novo visual melhoraram em 33% o ângulo de ataque do SUV. A mudança, apesar de parecer sutil, era alvo de reclamação de vários donos que ficavam incomodados com o carro raspar a frente com frequência em valetas e entradas de garagem. Era realmente incômodo rodar em um SUV que batia em qualquer saída de estacionamento, simplesmente não fazia sentido.
Outro ponto que era criticado pelos clientes era relacionado a cozinha, ou melhor, a mecânica. O antigo 2.0L Tigershark aspirado, que entregava até 166 cavalos de potência, tinha fama de lento e beberrão (neste contexto não é um elogio, só para deixar claro). Segundo o Inmetro, não passava de 6,1 km/l na cidade quando abastecido com etanol.
Por isso, o chef tratou de mudar radicalmente e agora o Compass passa a adotar o moderno motor GSE 1.3L turbo, que entrega até 185 cv máximo e um torque de até 27,5 kgf.m (contra 20,5 kgf.m do antecessor).
Com isso, segundo a Jeep, a velocidade máxima subiu de 192 km/h para 207km/h e o zero a 100km/h passou a ser cumprido em apenas 8,8 segundos (contra 10,6s). Sem contar com o consumo, que passou a chegar a 10,5 km/l na cidade (com gasolina) e 12,1km/l, na estrada, com o mesmo combustível. Por todas estas evoluções, o propulsor recebeu nota A do Inmetro.
Na prática, o novo propulsor deu vida ao Compass. Com o antigo motor, o SUV ia de vagaroso a lento e parecia cansado demais para encarar ultrapassagens ou fazer retomadas. Era como entrar naquele restaurante de costume e encontrar as cadeiras meio gastas, o garçom finge que não te vê, os pratos riscados e a comida não muito quente. Entende?
A concorrência renovada havia deixado o modelo da Jeep com esta mesma aparência. Apesar de ser um lugar de boas recordações de anos atrás era preciso se atualizar. E foi o que a marca fez.
O Sport T270 (referência ao torque máximo do motor) é esperto, quase arisco, desenvolve bem na cidade, a ponto de na saída do semáforo nem parecer se importar com os 1.504 quilos do carro. Já na estrada, roda com potência de sobra para encarar subidas ou pistas de mão dupla. Vale dizer que todas as versões ganharam ainda o modo Sport, que deixa a resposta do acelerador mais esperta e a direção um pouco mais firme. O câmbio de seis marchas foi mantido, assim como a possibilidade de troca de marchas na alavanca.
No caso da versão de entrada só faltaram as borboletas (os padle shift) atrás do volante que, por sinal, ganhou refinamento com o novo desenho. Também seria legal atualizar o painel de instrumentos na Sport, que manteve a configuração mais simples que equipava o modelo desde o seu lançamento, em 2016. Com tela de 3,5 polegadas (ao contrário da versão topo que tem cluster 100% digital), ela não combina mais com a modernidade proposta nesta reestilização.
As medidas da “cantina” também não mudaram e estão na média do segmento. O Jeep Compass 2022 leva com conforto até quatro adultos. Um ponto que não dava muito para evoluir era o tamanho do porta-malas, que foi mantido em 410 litros. Talvez por isso a marca alterou a forma de medição e passou a informar 476 litros. Mas como nenhuma alteração física foi feita, mantivemos o dado original do lançamento.
A Jeep se mexeu rápido e tratou de colocar o molho na medida para deixar o seu prato principal ainda mais saboroso. Mesmo na sua versão de entrada, a Sport T270, o Compass apresenta pitadas certeiras para enfrentar a concorrência.
A marca encontrou o ponto certo ao deixá-lo mais conectado (a central multimídia de 8,4 polegadas da versão é uma clara evolução em relação ao modelo anterior). Melhorou a harmonização entre o econômico e o vigoroso com o novo propulsor. Acrescentou bons ingredientes ao cardápio (o auto hold, por exemplo, ajuda bem na cidade). E deu pinceladas certas no desenho que já agradava.
O prato de entrada está aprovado. Arrisco a dizer que o Compass 2022 deve permanecer como queridinho dos consumidores brasileiros. Pelo menos até que chegue um novo “pizzaiolo” de peso na cidade.
JEEP - COMPASS - 2022 |
1.3 T270 TURBO FLEX SPORT AT6 |
R$ 171990 |
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