Confortável e bem equipado, o Jeep Grand Cherokee 4xe agrada mais como SUV de grande porte do que como um automóvel híbrido plug-in.
Que me perdoem os filmes americanos e as suas representações do Brasil com uma frota imensa de velhos automóveis ianques: quando o assunto é carro, nós estamos mais próximos da Europa que dos Estados Unidos. O Jeep Grand Cherokee 4xe é uma das poucas exceções a essa regra. É o mais puro creme do American way of life em terras tupiniquins.
Grandalhão, espaçoso e cheio de equipamentos, o SUV mais caro da gama brasileira da Jeep é um carro que se chama a atenção em muitos sentidos. Inclusive, no preço. Mas será que vale aquilo que custa? Isso, você confere nas próximas linhas
O atual Jeep Grand Cherokee de quinta geração é um carro bem recente. Foi revelado em setembro de 2021 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em outubro do ano passado. Mas a sua fama o precede, já que desde os anos 1990 é um daqueles modelos de automóveis que são conhecidos até por quem não entende muito de carro.
De lá para cá, o Grand Cherokee evoluiu bastante em visual e tecnologia, mas sem perder a sua essência. Mesmo nessa versão 4xe, que deixa de lado o V8 a gasolina por uma motorização híbrida. Ainda é um automóvel imponente e que dita o estilo para os outros modelos menores e mais acessíveis da marca.
É só olhar para um Jeep Commander para sacar que, neste caso, a semelhança com o Grand Cherokee não é mera coincidência. Ambos tem uma grade frontal parecida, rodas grandes e lanternas traseiras bem semelhantes.
E por falar no SUV de sete lugares feito em Goiana (PE), esse americaníssimo Grand Cherokee consegue ser ainda mais avantajado mesmo levando "apenas" cinco ocupantes: são 4.91 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,80 m de altura e entre-eixos de 2,96 m.
Pelas dimensões e por levar apenas cinco ocupantes, você deve estar achando que o porta-malas do Grand Cherokee deve gigante. E o nobre leitor está absolutamente... certo! São 580 litros de capacidade. Volume excelente para quem costuma fazer longas viagens em família.
Eu não cheguei a fazer uma expedição com o SUV (ão?) da Jeep, mas usei bastante o carro no meu dia a dia. Coube toda a compra do mês da minha família de três pessoas e ainda sobrou espaço para mais. Ah! E a tampa do porta-malas tem acionamento elétrico. Como manda o figurino.
Mas o porta-malas não é o único ponto forte da cabine do Grand Cherokee. O banco traseiro, por exemplo, oferece conforto de sedã de luxo, com espaço de sobra para as pernas e itens de conforto e comodidade como as saídas de ventilação, aquecimento dos bancos, portas USB A e C, tomada convencional de 220 V e até persianas nas janelas.
O espaço digno do convés de voo de um porta-aviões se repete no banco do motorista, que tem ajustes elétricos, memória de posição, aquecimento e ventilação. Aliás, o volante e o assento se movem para facilitar o acesso e saída dos condutores de maior porte.
Algo desnecessário para mim, do alto dos meus 1,65 m. Mas fundamental para um carro tipicamente americano. O acabamento interno tem muito material macio ao toque e apliques de madeira no painel e laterais de porta.
Fica um nível abaixo de alguns modelos premium, mas bem longe de fazer feio. Diferentemente de outros americanos, que costumam ter uma cabine bastante espalhafatosa, o SUV da Jeep entrega um visual bem sóbrio.
Além dos itens citados acima, o Jeep Grand Cherokee é comercializado com carregador de celular por indução, chave presencial, painel digital de 10,25 polegadas, coluna de direção com ajuste elétrico de altura e profundidade e retrovisor interno por câmera.
A lista tem ainda ar-condicionado automático de duas zonas, retrovisores externos com memória de ajuste, sensor de chuva, faróis de LED com acionamento automático, multimídia com tela de 10,1 polegadas, som premium Alpine com oito alto-falantes e subwoofer, vidros acústicos e teto solar panorâmico.
Já o pacote tecnológico e de segurança inclui sistema de direção semiautônoma (monitor de pontos cegos, controlador adaptativo de velocidade, frenagem autônoma, auxiliar de centralização em faixa e detector de risco de colisão em cruzamentos), head-up display, oito airbags, além de seletor de modos de condução e de terreno.
O Jeep Grand Cherokee é vendido no Brasil em na variação única 4xe, com motorização híbrida plug-in composta por um motor 2.0 turbo, de quatro cilindros, que desenvolve 272 cv de potência e 40 kgf.m de torque, e dois motores elétricos. Conjunto que entrega a potência combinada de 380 cv e torque de 65 kgf.m.
Com câmbio automático de oito marchas, o SUV acelera de zero a 100 km/h em 6,3 segundos e atinge 206 km/h de velocidade máxima. Já a bateria de 17,3 kWh garante uma autonomia de até 29 quilômetros no modo 100% elétrico (padrão PBEV) e pode ser carregada em 2h30 usando uma tomada convencional de 220V.
Não poderia ser diferente para um Jeep: apesar da pegada bem asfalto desse modelo, o Grand Cherokee 4xe tem um sistema de tração Quadra-Trac II 4x4, que é capaz de jogar até 100% da força do conjunto motriz para apenas um dos eixos.
O modelo tem ainda um seletor de terrenos com cinco opções de modos (Auto, Sport, Snow, Mud/Sand e Rock) e o recurso Off-Road Pages, que exibe na multimídia dados como inclinação lateral e vertical, altitude, coordenadas, e a temperatura da transmissão.
Depois de tantos elogios ao SUV da Jeep, chegou a hora de ser mais crítico: se você está em busca de um utilitário esportivo híbrido, o Grand Cherokee não é o carro para você. Justamente pela pequena autonomia do conjunto motriz híbrido.
Com a bateria dos motores elétricos carregada, o modelo agrada pelo bom desempenho. Principalmente se você considerar que estamos falando de um carro com mais de 2,4 toneladas. Dá até para se empolgar nas acelerações. O consumo também merece elogios: média de até 19,3 km/l nos números oficiais do Inmetro.
Mas a coisa muda bastante de figura quando a bateria "seca" e o motor 2.0 turbo passa a ser o único responsável por mover a máquina. O desempenho fica bem menos empolgante e o consumo passa a ser típico de um SUV grandalhão 100% a combustão. Em percurso urbano e sem tentar fazer boas médias, consegui registrar 7 km/l.
Para a sorte do proprietário, independente do nível de carga da bateria híbrida, o Grand Cherokee é um carro de rodar bem suave, com aquele típico acerto de suspensão macio que se espera de um carro americano.
Já a direção me agradou menos. É elétrica e vai bem em altas velocidades. Mas poderia ter mais assistência nas manobras, pois é pesada mesmo no modo Comfort, que é a mais confortável das três calibrações disponíveis.
É bem fácil de achar a melhor posição de dirigir, mas os vários botões no painel e as diversas funcionalidades e opções de personalização disponibilizadas na central multimídia exigem alguns instantes para o motorista se aclimatar.
O mesmo acontece com o quadro de instrumentos. São tantas as informações disponíveis que o motorista precisa de alguns instantes para entender o que cada um dos indicadores e números quer dizer.
Por sorte, o volante multifuncional é o mesmo do restante da linha Jeep, com boa empunhadura e comandos intuitivos. Algo que facilita bastante nesse processo de adaptação ao carro.
O Grand Cherokee está disponível no mercado brasileiro por R$ 569.990. Preço que posiciona o SUV da Jeep entre outros grandalhões como o híbrido-leve Audi Q7 Performance 55 TFSI (R$ 571.990) e o também também plug-in Volvo XC90 Recharge Plus (R$ 608.950). Este último, aliás, roda 50 quilômetros no modo 100% elétrico.
Se não convence como um carro híbrido plug-in, resta ao Grand Cherokee encantar ao público com predicados como o amplo espaço interno, a belíssima lista de equipamentos e o rodar típico de um carro americano.
De qualquer maneira, esse é um daqueles carros feitos sob medida para agradar a um público bem específico: os fãs endinheirados dos automóveis feitos nos Estados Unidos. Aquele cara que poderia muito bem comprar uma RAM 1500, mas prefere desfilar ao volante de um SUV. E, de fato, dá para se imaginar rodando pelas estradas da América...
JEEP - GRAND CHEROKEE - 2024 |
2.0 TURBO HÍBRIDO 4XE AT8 |
R$ 569990 |
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