O Volkswagen Golf GTI simplesmente deixou de ser um hatch apimentado de boas maneiras para tornar-se descaradamente brutal com a adição de apenas três letras. A potência extra emerge entusiasmada e a condução passa de firme a quase estupidamente honesta. Mas ele é charmoso, fabulosamente rápido e absurdamente alegre.
Há uma grande chance de que a maioria das pessoas que ouvir o Volkswagen Golf GTI TCR passar nem saiba o que o a sigla significa. Elas tiveram quase 45 anos para se acostumar com o sufixo GTI, mas a sigla TCR (Touring Car Racing, que remete à categoria internacional de carros de turismo) é mais recente. E ele não ficará aqui por muito tempo, já que o GTI TCR é uma edição especial para a versão GTI lançada antes da estreia do totalmente novo Volkswagen Golf Mk8 na Europa em setembro.
O Grupo Volkswagen adora a opção acessível TCR, dotada de tração dianteira, que se espalhou pelo mundo porque permite produzir versões de modelos Audi, Volkswagen, Seat e Skoda em lotes em uma única linha de montagem. Assim, suas marcas badaladas têm muito a ganhar.
O grande amor da gigante alemã pela categoria TCR levou à produção de um TCR de rua para marcar a despedida do Golf Mk 7.5 e ele parece ser realmente apimentado e nervoso. Isso porque é, na verdade, um Golf GTI realmente furioso, e a melhor notícia é que ele estará disponível na Austrália ainda neste ano, antes que o Golf Mk8 chegue aqui em 2020.
Agora, nos últimos seis meses de sua sétima geração, o Volkswagen Golf GTI entrega um pico de 245 cv de potência (que agora é padrão na Austrália, onde o TCR é comercializado) e 35,7 kgf.m de torque gerados pelo motor EA888 2.0 turbo de quatro cilindros. Impressionante, mas nada perto do desempenho do TCR, que entrega até 290 cv de potência e 40,8 kgf.m de torque, e chega a 100 km/h em 5,6 segundos. O bloco, arrancado do GTI Clubsport Edição 40 Anos, de 2017, conta com um novo software de gerenciamento, dois radiadores extras e um filtro de partículas.
Esses são alguns dos números que vão chocar os donos de Honda Civic Type R, Renault Megane S e Hyundai i30N, que chegaram a enxergar o GTI como “um pouco lento”. O TCR é o oposto de lento. A Volkswagen transformou sua tração dianteira em um pequeno cão terrier que pede mais velocidade para correr atrás da sua caça.
O detalhe visual de maior impacto são os hexágonos espalhados ao longo das laterais (eles são opcionais, felizmente), a frente mais encorpada e o spoiler de teto estendido. As capas dos retrovisores são de fibra de carbono e os difusores traseiros são pintados de preto.
No interior, há novos assentos com acabamento em microfibra, além de um volante esportivo de base chata revestido de couro perfurado, com detalhes em vermelho. É, como sempre foi, um interior convincente, com seu enorme painel de instrumentos digital e a grande tela do sistema multimídia, além de oferecer uma posição de dirigir perfeita. O único indício no interior de que o modelo está chegando ao final de seu ciclo é o espaço para as pernas de quem senta no banco traseiro, que ficou aquém do de alguns de seus rivais.
Apesar de seu visual esportivo, o motorista ainda leva um choque ao ligar o motor no botão de partida. O som é incrivelmente selvagem. O volume do som é metade do de um Audi R8 V10, com profundidade semelhante, e remete imediatamente ao carro de corrida TCR (eu dirigi ambos. O som do carro de corrida é mais alto, mas não tanto quanto você poderia imaginar).
A partida é precisa, cada toquinho no acelerador nos desafia a pisar mais e o ruído é tão alto que você quase espera ouvir e sentir o tilintar de metais do carro de corrida quando engata a primeira marcha. Mas o Volkswagen Golf GTI TCR não faz isso, porque a troca de marchas é feita por meio de uma transmissão automatizada de sete velocidades de dupla embreagem, que é um exemplo de boas maneiras.
Isso quase nos faz pensar se eles poderiam ter feito um favor ao carro, eu não sei, artificialmente aumentando as trocas no modo Sport (como a Lamborghini fez com o Aventador original).
Porque onde o GTI sempre se equilibrou perfeitamente entre oferecer desempenho e conforto no uso diário, o TCR não se comporta da mesma forma. Ele é incrivelmente firme e às vezes transmite para a cabine as irregularidades do solo de forma brutalmente honesta. Brutalmente. Especialmente em subidas íngremes.
Agora, há coisas boas e ruins nisso. Claro, ele permite que você sinta a estrada como nenhum outro Golf já fez antes e ele atravessa o asfalto como um carro de corrida júnior em uma estrada suave. Ele também faz curvas com suavidade, sem rolagem da carroceria, e é inabalável nas mais rápidas. O controle da carroceria também é brilhante.
A desvantagem é que ele não entrega seu melhor desempenho em superfícies muito irregulares ou até mesmo moderadamente imperfeitas e, na chuva, a luz do controle de tração ficará piscando no quadro de instrumentos digital tempo suficiente para você percorrer um campo de futebol inteiro após sair de uma curva.
Há algo inerentemente bom e correto sobre a maneira como a suspensão vai de dura a bem regulada assim que você coloca alguma energia nela. Ela ajuda a melhorar o bloqueio eletrônico do diferencial para seguir em frente. A suspensão é passiva, sem amortecimento adaptativo sofisticado e, essencialmente, conta com os amortecedores de desempenho do atual GTI com adaptações, deixando-os mais firmes e curtos, trazendo a carroceria 5 mm mais perto do chão. Você não precisa parar por aí, e é improvável que muitas pessoas o façam.
Quem quiser ainda mais sofisticação pode optar por um pacote que inclui rodas de liga de 19 polegadas e amortecedores adaptativos, mas com um cheque mais polpudo é possível optar por rodas de liga de 19 polegadas diferentes, pneus Michelin Pilot Sport Cup 2, além de ampliar a velocidade limitada de 250 km/h para 260 km/h.
O controle de estabilidade é exemplar nas curvas acentuadas e durante seguidas mudanças de direção, e quanto mais rápido você se inclina nas curvas, mais tranquilo você se sente.
… Até certo ponto, de qualquer maneira. Além disso, a firmeza acentuada demais para tirar o melhor proveito do chassi é apenas um incômodo, não uma maldição. Ele não vai tirar você da estrada, mas vai te incomodar a ponto de você sonhar com este conjunto mecânico em um chassi da Stock GTI.
Há itens piores no pacote de condução que até mesmo os potentes freios dianteiros de quatro pistões não conseguem encobrir, e são pontos que começam a mostrar a idade do Golf Mk 7.5. Quase todos estão ligados à direção. É leve e não exatamente comunicativa, mesmo sob extrema pressão.
Além disso, apesar de sua estabilidade e habilidade de fazer curvas em alta velocidade, nunca demonstra ser brilhantemente ágil. Na verdade, é mais pronunciada na cidade do que nos trechos tortuosos, onde o giro da direção parece enorme se comparado até mesmo ao grandalhão Touareg (não é, é só que a tração em todas as rodas do SUV faz com que ele se encaixe em vagas de estacionamento ou faça curvas em “U” que não parecem possíveis).
Mas o conjunto motor-transmissão é quase irrepreensível, embora algumas pessoas inevitavelmente prefiram um câmbio manual de seis marchas em vez da transmissão de sete velocidades e dupla embreagem.
E então, senhor, não fique bravo. Todo o inferno acaba antes das 1.500 rpm, porque é quando o motor do TCR começa a girar com genuína liberdade e fúria. A faixa de desempenho é admiravelmente ampla, mas com a velocidade de colisão se aproximando, ele só quer acelerar, acelerar e acelerar, e é sempre um choque quando a transmissão muda para outra marcha. Sempre parece que o motor quer girar mais forte.
Também não está girando por causa disso, mas porque há performance de verdade para acompanhar o ruído do motor e um charmoso estalo nas reduções de marcha.
Você deve comprá-lo? Bem, eu gostaria (e eu definitivamente recomendo com suspensão adaptativa), mas não sou todo mundo. E, falando sério, isso depende do tipo de rua ao redor da sua garagem.
Mas esse pequeno motor é absolutamente mau.