O Nissan Sentra está de volta ao mercado brasileiro e começa a ser vendido oficialmente a partir desta quinta-feira (16).
Hoje, o rival da marca conterrânea parte de R$ 146.890 na versão GLi, a mais em conta, e termina em R$ 190.590 na configuração mais cara, a Altis Premium - esta já movida pelo conjunto híbrido.
Feita sobre uma plataforma inédita, a oitava geração do Nissan Sentra (vendido desde a quinta no Brasil, lançada em 2004) chega em duas versões de acabamento, ambas movidas por um motor 2.0 aspirado de 151 cv e 20 kgf.m de torque aliado a uma transmissão automática CVT.
Vamos conhecer as duas versões:
Na versão "de entrada", o sedã vem com sistema de som com seis alto-falantes, faróis dianteiros com DRL em LED, display colorido em TFT de sete polegadas no quadro de instrumentos, central multimídia com tela colorida de oito polegadas com CarPlay e Android Auto (por fio), ar-condicionado de duas zonas com visor digital, banco do motorista com ajuste elétrico e bancos dianteiros aquecidos.
Na parte de segurança, o carro vem com seis airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, alerta de colisão frontal com assistente inteligente de frenagem, detector de fadiga e rodas de aro 17" em tons diamantados.
Na configuração mais cara, o sedã agrega ao pacote a possibilidade de partida remota do motor, teto solar com abertura elétrica, som da grife Bose com oito alto-falantes, retrovisor eletrocrômico, espelhos retrovisores externos rebatíveis eletricamente, faróis automáticos inteligentes, câmera 360º com detecção de objetivos em movimento e sensor de ponto cego.
Na parte de condução semiautônoma, o sedã vem com alerta inteligente e assistente de prevenção de mudança de faixa (na prática, o carro não corrige a rota sozinho, mas sinaliza ao motorista sobre essa necessidade), alerta de tráfego cruzado traseiro e controle automático adaptativo de velocidade (ACC) - embora sem a função Stop&Go, já que não é equipado com freio de estacionamento eletrônico.
Opcionalmente, a marca ainda oferece um acabamento da cabine em tom diferenciado, um marrom bem estiloso (como o carro do vídeo), que custa R$ 1.700 - o que aumenta seu preço para R$ 173.290.
Vale destacar que o novo Nissan Sentra tem suspensão traseira independente multibraços, freios a disco nas quatro rodas e ainda pode ser equipado com seletor de modos de condução (em até quatro estágios, do mais esportivo ao mais econômico), sistema de bancos com "gravidade zero", monitoramento da pressão dos pneus, aletas para trocas de marcha e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro.
São só quatro cores disponíveis: branco e cinza (ambas com com teto preto), e prata ou preto. Também há preços fechados para planos exclusivos de manutenção e opção de aluguel por assinatura.
Precisamos fazer esse tópico para falar sobre design porque, de fato, encanta. O carro é lindo. E isso tem de ser destacado porque essa nunca foi das maiores virtudes do Sentra - principalmente nas gerações anteriores que foram vendidas no Brasil.
A frente é nervosa. Parece ter sido inspirada na do Acura NSX, ainda que a Nissan nunca vá confirmar isso. A grade em "V" une os faróis, que parecem ter um olhar intimidador. Na parte de baixo do para-choques estão os faróis de neblina, encaixados em uma peça que tem formato de bumerangue - que também é bem bacana.
Visto por trás, o Sentra parece um Versa, só que maior e mais "invocado". As lanternas também são afiladas como as do sedã intermediário e "conectadas" por um friso.
Mas olhe bem mais uma vez: como são estreitas, de longe chegam até a ser confundidas com a de alguns cupês da Mercedes, como as do CLA, do CLS ou até com a deo novo Classe C.
Na opinião deste escriba, o novo Sentra é mais bonito que Civic, Corolla, Cruze e Jetta.
Gostei do carro, apesar de alguns percalços - e de alguns "esquecimentos". Começo destacando o ótimo acabamento da versão Exclusive, a que testamos.
Qualidade excelente dos materiais internos, revestimentos sofisticados e visual envolvente são pontos fortes da cabine, que realmente fazem os ocupantes se sentirem em um carro de R$ 170 mil.
Não há falhas ou pontos de rebarba, o que é de se esperar em um carro de marca japonesa.
O espaço interno é ótimo. O novo Nissan Sentra tem 4,65 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,46 m de altura e 2,71 m de entre-eixos - para comparação, o Toyota Corolla tem 4,63 m, 1,78 m, 1,46 m e 2,70 m, respectivamente.
Lá atrás, dois adultos vão bem, embora três devam sofrer com o aperto causado pelo túnel central mais elevado. Também não há saída de ar, o que poderia/deveria existir. Mas pelo menos existe uma entrada USB para alguém recarregar um aparelho eletrônico.
O porta-malas também é justo para um carro desse tamanho e com essa proposta: apenas 466 litros. O Corolla tem 470 litros, enquanto o Honda Civic tem 495 litros, o Jetta leva 510 litros e o Chevrolet Cruze, 440 litros.
Motor e câmbio poderiam conversar melhor. Como é aspirado e não tem qualquer tipo de iniciativa de eletrificação, mecanicamente o Sentra está naturalmente atrás de modelos como Corolla e Civic, os dois maiores nomes japoneses da categoria.
Mesmo assim, o 2.0 de 151 cv e 20 kgf.m de torque da família MR20 DD vai bem, apesar de seu ruído invadir demais a cabine e isso incomodar um pouco.
Esse motor ganhou comando de válvulas variável na admissão para conseguir maior potência e torque, e ser ainda mais econômico. Segundo dados do Inmetro, o sedã - que só bebe gasolina - consegue fazer até 11 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada.
Em nossas mãos, registrou 11,9 km/l no computador de bordo, com ar-condicionado sempre ligado e duas pessoas a bordo.
Sobre "conversar melhor": o câmbio podia ter uma tocada ligeiramente mais esportiva. Mas é totalmente voltado para o conforto, ainda que na versão mais cara o Sentra tenha borboletas para as trocas.
Já a suspensão é extremamente equilibrada e pensada para rodar no asfalto brasileiro. E surpreende. Em velocidades mais altas, tem comportamento exemplar, assim como a progressividade do sistema de direção elétrica, que é outra grande virtude do modelo.
Em resumo, este novo Nissan Sentra faz curva de verdade, como seu visual esportivo sugere.
Isso posto, precisamos falar sobre alguns pontos que não favorecem o sedã. Caso da conectividade: apesar de ser boa, a central multimídia não tem Apple CarPlay ou Android Auto sem fio e nem a versão mais cara é equipada com carregador de celular wireless- algo cada vez mais comum.
Pelo menos há duas entradas USB e uma USB-C.
O carro tem teto-solar, é verdade, mas o freio de estacionamento é daqueles tipicamente americanos, acionado e destravado por uma alavanca próxima ao pé esquerdo de quem dirige, como naqueles Mercedes-Benz de antigamente.
É exatamente por conta da ausência de um freio de estacionamento por botão que o controle automático adaptativo de velocidade (ACC) não pode ter a função Stop&Go, o que é uma pena.
Também há botão de partida, farol automático e som de ótima qualidade (falamos daquele da grife Bose, com oito alto-falantes), mas não existe nem opção de um cluster 100% digital - e esse, como vocês devem saber, é outro equipamento que tem viralizado, inclusive em carros mais baratos.
Senhores, resumo da ópera: o novo Nissan Sentra é o sedã médio mais bonito do Brasil e tem virtudes para não decepcionar os fãs de sedãs ou da marca.
Global, ele é bem construído, seguro, extremamente bem acabado, gostoso de se dirigir e ainda tem preço atraente para gerar dúvidas na cabeça de quem olha para o Corolla ou mesmo para modelos mais caros como Civic e Jetta.
Mas também deve alguns equipamentos, como citamos, e já deveria ter começado a apresentar soluções mais modernas em termos de eletrificação e condução semiautônoma.