Com conjunto mecânico bem afinado e boa lista de equipamentos, o Nivus Comfortline é uma boa opção de SUV... para quem não precisa de tanto espaço
O recesso de final do ano é uma época atípica para qualquer repórter automotivo. É a época em que temos a oportunidade de testar carros por um tempo mais longo que o habitual. No meu caso, o carro da vez foi o Volkswagen Nivus Comfortline.
Aqui vale uma explicação: tirando uma ou outro exceção, recebemos os carros dos fabricantes/importadores e podemos testá-los por uma semana. É nesse prazo que avaliamos os carros e produzimos as fotos/vídeos que vocês veem aqui no WM1, e também nas redes sociais da Webmotors.
Mas esses prazos se alongam no final do ano. Eu, por exemplo, tive a oportunidade encerrar 2024 e começar 2025 com o Nivus Comfortline na garagem do prédio. Depois de quase um mês de convivência e mais de 1.400 quilômetros com o SUV-cupê, conto nas próximas linhas como foi a experiência de usar o carro no meu cotidiano por um tempo mais longo que o habitual.
O Volkswagen Nivus foi reestilizado no fim do ano passado e a Comfortline é a configuração de entrada do SUV-cupê. Parte de R$ 143.490. Mas equipado como o carro das fotos - cor Vermelho Sunset, rodas de 17 polegadas e multimídia VW Play Connect - sai por R$ 148.570.
Mas esse posicionamento de entrada da linha não fica evidente, principalmente nos exemplares com todos os opcionais. Só vai sacar que esse é um Nivus "basicão" quem for entendido do assunto ou tiver olhos bem atentos.
Eu, particularmente, gosto mais da cara do Comfortline que do visual chamativo do topo de linha Highline, que tem rodas diamantadas e um LED decorativo na grade frontal. O Nivus de entrada é mais discreto.
Divagações à parte, as mudanças estéticas foram bem contidas e não mexeram com a carroceria do Nivus, que tem 4,27 m de comprimento e é um dos menores SUVs do mercado brasileiro. Ou seja: é pouco maior um hatch compacto.
E perfeito para mim, que moro em um condomínio onde as vagas são bem pequenas. No tempo que passei com o carro, não foi preciso fazer muito esforço para abrir o porta-malas ou tirar/colocar a criança da cadeirinha. Tarefas que ficam mais difíceis em carros maiores.
Como dono de um pequeno Peugeot 207 (sim, eu sei!), abrir a tampa do porta-malas do Nivus é a chance de se deparar quase com o compartimento de carga de um furgão.
Brincadeiras à parte, o espaço no bagageiro do Nivus - de 415 litros - foi mais do que o suficiente para as compras do supermercado e para levar as tralhas da família em uma viagem de uma semana. E ainda sobrou espaço.
Uma das vantagens de passar um bom tempo com um mesmo carro é a chance de relevar algumas características que incomodam de cara. Mas também é a oportunidade de se incomodar com coisas que, inicialmente, não eram tão problemáticas.
O acabamento interno do Nivus, por exemplo, poderia ser melhor. Mas você deixa de ligar para isso depois de um tempo. Por outro lado, o espaço na cabine para os passageiros passou a me incomodar.
Com a cadeirinha do meu filho no banco traseiro, se tornou uma rotina deslizar o assento dianteiro do passageiro para trás todas as vezes em que precisava levar alguém ali. E quando o assento estava fora de uso, toca puxar o banco para frente.
Afinal, o João, de três anos, ficava praticamente sem espaço para esticar as perninhas e acabava chutando o assento da frente. Não havia bronca que resolvesse. Era uma guerra perdida...
Em resumo: o Nivus está longe de ser um carro apertado, mas está mais para um hatch compacto do que para um SUV. Pode ser uma boa se você tem menos de 1,70 m, como eu. Mas pode se tornar um problema se a sua família é feita de gigantes.
O Nivus é bem equipado, mesmo com a ausência de alguns recursos presentes em outros carros na mesma faixa de preços.
A lista inclui ar-condicionado automático, painel digital configurável, seis airbags, frenagem autônoma, controlador adaptativo de velocidade (ACC), faróis de LED com acendimento automático, sensor e câmera de ré, chave presencial e carregador de celular por indução.
A multimídia de série é a (boa) VW Play, mas o carro que eu testei era equipado com a opcional VW Play Connect, que permite baixar apps e tem wi-fi nativo. Completa e bem fácil de usar.
O pecado maior do Nivus Comfortline é a ausência do pacote ADAS, que é opcional até mesmo na topo de linha Highline. Mas, sejamos francos, esse é um pecado relativo.
Eu mesmo só ativo sistemas como os assistentes de centralização e manutenção de faixa por dever de ofício. No uso cotidiano, o Nivus já tem o ACC (muito útil nas viagens mais longas) e a frenagem autônoma com alerta de colisão.
Este último, aliás, é um item importantíssimo e que deveria ser de série em todos os automóveis. Eu mesmo escapei de algumas enrascadas - na cidade e na estrada - graças ao fato de o Nivus se antecipar às minhas reações e ativar os freios automaticamente.
O Volkswagen Nivus tem motor 1.0 flex, turbo e com injeção direta de combustível. Com etanol, desenvolve 128 cv de potência. O câmbio é automático, com seis marchas. Vai de zero a 100 km/h em 10 segundos e atinge 192 km/h
Abastecido com gasolina, registra médias de consumo de 14,8 km/l (estrada) e 12,4 km/l (cidade). Mas com um bom tanque, de 49 litros, roda até 725,5 quilômetros com um abastecimento.
No meu teste, uso misto e rodando a maior parte do tempo com etanol, consegui uma média de 10,8 km/l. Nada mal...
No uso diário, o ponto que mais me agradou no Nivus foi o comportamento mais próximo ao dos hatches que ao dos SUVs. O SUV-cupê tem um potencial enorme para atrair até mesmo quem não curte tanto os utilitários esportivos. E sem o risco de ralar o para-choque na saída do prédio, graças ao vão livre mais generoso do que nos carros "normais".
Assim como os outros Volkswagen brasileiros feitos sobre a base MQB A0, o Nivus tem um conjunto de direção e suspensão firme, que transmite muita segurança mesmo nas estradinhas mais sinuosas, e te anima a pisar mais forte no acelerador. Com moderação, é claro!
Mas não posso deixar de dar um destaque especial para o motor 1.0 turbo, que rende muito bem no uso urbano e na estrada. Mesmo com o atraso de resposta do câmbio automático de seis marchas, principalmente em retomadas.
Essa aliás, foi uma característica que me incomodou mais nos primeiros quilômetros do que nessa convivência mais longa.
Existe a opção de recorrer ao modo esportivo do câmbio e às trocas de marcha manuais - na alavanca e nas aletas atrás do volante. Mas, no final das contas, acho que você acaba se acostumando o comportamento do carro.
Agora, no quesito usabilidade, bem que a Volkswagen poderia estender o painel de 10,25 polegadas também para a versão Comfortline. Apesar de configurável, a tela de oito polegadas da versão de entrada é menos vistosa e não é tão completa quanto a que equipa a configuração Highline.
Fiz uma simulação do seguro do Nivus Comfortline aqui no Auto Compara e o custo da proteção completa, sem bônus ou possíveis descontos, foi de R$ 7.057,90.
É um valor mais alto que os R$ 4.608,87 pedidos no seguro do concorrente direto Renault Kardian Premiére Edition. Porém, mais baixo que os R$ 8.961,67 pedidos para o Fiat Pulse Impetus.
Já nos custos de revisão até 50 mil quilômetros, o Nivus tem as três primeiras revisões bancadas pela Volkswagen. Com isso, o dono terá que desembolsar R$ 2.262,80 nos serviços de manutenção obrigatórios. Esse custo é de R$ 3.912 no Pulse e de R$ 5.666,63 no Kardian.
Apesar dos pesares, o Nivus é bem versátil para o seu tamanho e resolve bem para uma família com o meu perfil. Ou seja: casado e com um filho pequeno.
Além disso, o conjunto mecânico entrega bom desempenho e baixo consumo de combustível. E o Nivus ainda não cobra tão caro assim nos custos de manutenção/seguro.
Se eu fosse comprar um carro novo agora, certamente o Nivus - nessa versão Comfortline mesmo - estaria na minha lista.
VOLKSWAGEN - NIVUS - 2024 |
1.0 200 TSI TOTAL FLEX COMFORTLINE AUTOMÁTICO |
R$ 136990 |
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