O novo Citroën C3 aposta no visual aventureiro para atrair clientes no segmento de entrada. Mas o melhor custo-benefício é o das versões 1.0
Poucos carros sofreram uma mudança tão grande de identidade quanto o novo Citroën C3. O hatch abandonou a cara de carro compacto europeu das duas primeiras gerações para adotar uma pegada aventureira. Má notícia para o consumidor?
O C3 brasileiro de 3ª geração nada tem a ver com o europeu, lançado em 2016. Resultado de um novo projeto global, foi desenvolvido com forte contribuição dos times de desenvolvimento da Stellantis na América Latina e na Índia, onde esse mesmo C3 chegou em julho.
O hatch é produzido em Porto Real (RJ) sobre a base modular CMP, a mesma usada (em uma especificação mais alta) no Peugeot 208 de 2ª geração. Mas as semelhanças entre os dois carros terminam aí. O novo C3 fica posicionado abaixo do primo mais sofisticado dentro da gama de produtos da marca da Stellantis.
Diferentemente de outros aventureiros, que surgiram como hatches comuns antes de ganharem altura e visual de SUV, o novo Citroën C3 surgiu do zero com essa proposta. O resultado é um carro com dimensões gerais próximas a de modelos como o Hyundai HB20, mas com alguns parâmetros dignos dos SUVs.
O modelo tem 3,98 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,59 m de altura e entre-eixos de 2,54 m. O vão livre para o solo é de 18 cm, enquanto os ângulos de entrada e saída são de 23° e 39°, respectivamente.
Traduzindo todos esses números para o mundo real, temos um carro de dimensões externas contidas, mas que se destaca pela altura da carroceria e que ao mesmo tempo não vai sofrer com saídas de garagem e subidas de rampa. Afinal, apesar do visual SUV, estamos falando de um compacto urbano.
Já no interior o destaque é o bom aproveitamento de espaço interno. A cabine surpreende pela boa largura na altura dos ombros e pela altura. O porta-malas, por sua vez, tem 315 litros de capacidade - uma das maiores do segmento.
Os assentos permitem aos ocupantes do hatch ver o trânsito de cima, enquanto o banco do motorista (nas versões com ajuste de altura) pode variar entre as posições alta e muito alta. Bem para se manter fiel ao "estilo SUV".
Mesmo assim, os comandos da cabine minimalista ficam bem posicionados, sem botões que exigem um grande deslocamento do corpo. Falando em simplicidade, o quadro de instrumentos digital tem uma tela bem pequena e monocromática. Mas é de fácil visualização e tem até com computador de bordo.
O novo Citroën C3 estreia em quatro versões: Live, Live Pack, Feel e Feel Pack. Além dessas, num primeiro momento estará disponível a série especial de lançamento First Edition, limitada a 2 mil unidades.
Rodas de 15 polegadas, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, direção com assistência elétrica, computador de bordo, controles eletrônicos de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas são itens de série desde a configuração básica Live. Confira a seguir os equipamentos das outras versões:
Vale destacar que, apesar da presença dos controles eletrônicos de tração e estabilidade em todas as versões, nenhuma das configurações do C3 sai de fábrica com airbags laterais e de cortina ou assistentes eletrônicos de condução, como a frenagem autônoma.
As versões Live e Live Pack saem de fábrica apenas com o motor 1.0 Firefly de três cilindros e 75 cv. Sempre combinado ao câmbio manual de cinco marchas.
Já a Feel pode receber o 1.0 ou o 1.6 EC5 de 120 cv, mas sempre com o câmbio manual de cinco marchas. E a configuração de topo Feel Pack é a única com o propulsor 1.6 casado com uma transmissão automática de seis velocidades.
Pudemos avaliar rapidamente o novo Citroën C3 em um percurso de cerca de 30 quilômetros na região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ) - tanto com o motor 1.0 quanto o equipado com o 1.6 e o câmbio automático.
Mesmo propulsor usado no Fiat Argo, o 1.0 Firefly agrada pelas respostas ágeis em baixas rotações, enquanto a direção é direta (lembrando o primo mais rico Peugeot 208). Com gasolina, a média de consumo é de 14,1 km/l (estrada) e 12,9 km/l (cidade). Marcas que ficam na média do segmento.
Já o 1.6 de 120 cv tem desempenho adequado à proposta de carro de entrada, agradando mais aos que buscam o conforto de um câmbio automático para enfrentar o trânsito diário.
Por outro lado, o consumo médio é de 12,4 km/l (estrada) e 10,3 km/l (cidade). Marcas que deixam o C3 em desvantagem frente a outros compactos com motor turbo ou até mesmo em relação ao Peugeot 208 com o mesmo motor.
Mas o grande destaque do C3 é o acerto de suspensão. Com o arranjo tradicional dos compactos brasileiros - dianteira independente e traseira com eixo de torção - tem calibragem voltada para o conforto.
Filtra bem as imperfeições da pista e, ao mesmo tempo, evita a oscilação excessiva da carroceria. Outro ponto positivo é o bom isolamento acústico da cabine.
O novo Citroën C3 estreia oficialmente no mercado brasileiro a partir de R$ 68.990 na versão Live 1.0. A versão Live Pack vai a R$ 74.990, enquanto a Feel 1.0 chega por R$ 78.990. A Feel 1.6 16v custa R$ 86.990 e a topo de linha, a Feel Pack 1.6 16v automática será comercializada por R$ 93.990.
No lançamento, o hatch será vendido na série especial First Edition, com produção de apenas 2 mil unidades e as motorizações 1.0 e 1.6 automática.
O 1.0 sai por R$ 83.990. Baseado na versão Feel, adiciona rodas de liga leve diamantadas, faróis de neblina, volante em couro, câmera de ré, airbumps, molduras nos faróis de neblina, barras no teto na cor cinza, além de tapetes exclusivos.
Já o 1.6 parte de R$ 97.990 é baseado na configuração Feel Pack, adicionando os airbumps nas portas, molduras nos faróis de neblina, barras de teto e tapetes exclusivos.
Para atrair a clientela de jovens famílias e pessoas em busca do primeiro carro, a Stellantis promete para o novo Citroën C3 preços competitivos também em termos de manutenção e de reparação em caso de colisão.
De acordo com o fabricante, a cesta de peças de 62 itens de itens de carroceria e componentes de manutenção, freios e suspensão é até 24% mais barata que a dos concorrentes na mesma faixa de preços. Já o custo de reparação em caso de colisão é até 41% menor que o da média do segmento.
Sem a afetação de carro europeu, o novo Citroën C3 é um carro mais pé no chão, com bons atributos para atender aos clientes do segmento de entrada. Se eu fosse escolher um para mim, iria apostar em um 1.0 Live Pack, que tem um bom conteúdo de série, mas com um custo-benefício mais equilibrado que o das versões mais caras.
CITROËN - C3 - 2023 |
1.6 16V FLEX FEEL PACK AT6 |
R$ 97790 |
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