Para deixar bem claro: não há outro carro no mercado no momento que, por menos de US$ 90 mil (mais de R$ 400 mil), ofereça as sensações, desempenho, imagem e materiais que o novo Corvette. Essa é a principal conclusão dos nossos parceiros do Soloautos México em seu primeiro contato com a oitava geração do Corvette.
O que ele oferece é o outro lado da moeda da tendência do setor em direção à eletrificação: deixaremos de ver esse tipo de esportivo e, sim, eles certamente serão eletrificados pouco a pouco. Mas não desaparecerão da noite para o dia.
O bom é que ainda há espaço nas estratégias das marcas para manter aqueles ícones que as fizeram se tornar o que são hoje. Ícones que nos permitem celebrar emoções ao volante.
Após 50 anos de tentativas (que ouso dizer que a marca as fez mais para testar a reação do mercado do que realmente para mudar o Corvette), finalmente temos a evolução ideal. Com a adoção de motor central, ele ganha ares de supercarro europeu. Uma "ausência" que afastou várias gerações de amantes de esportivos.
Os motivos são simples: os engenheiros esgotaram completamente a configuração anterior, atingiram os limites de força e tração. E no segmento dos esportivos, os números são tão importantes que poderiam tê-lo condenado à morte (veja o Dodge Viper, por exemplo).
Hoje também a tecnologia é mais acessível e eficaz. Você tem, por exemplo, um diferencial eletrônico de quarta geração para que a tração seja impecável em todas as circunstâncias possíveis.
Portanto, o Corvette pode fazer o 0 a 100 km / h em 2,9 segundos. Aceleração melhor que a da versão ZR1 anterior, mesmo mais pesado e com 495 cv.
Os dispositivos eletrônicos também permitem oferecer até cinco modos de direção, que permitem comportamento desde um sedã americano até uma performance esportiva digna de pistas. E ainda puderam fazer uso de materiais como alumínio e fibra de carbono que, há uma década, eram reservados a supercarros.
Digamos então que os tempos são perfeitos.
Serei breve. Já falamos de seus números, mas vale a pena lembrá-los. O 6.2 V8 com o novo escapamento esportivo oferece 495 cv, 35 cv a mais do que no Corvette C7.
A caixa de dupla embreagem e oito marchas é a única opção. Então, o esportivo também se despede dos câmbios manuais.
As versões disponíveis no México podem ser consideradas as melhores da linha: Z51 e Z51 Performance Package, que inclui freios refrigerados maiores e melhores e pneus Michelin PS4 Performance com melhor aderência - para o Brasil, o novo Vette chega no início de 2021, mas sem preços ou versões definidas, por enquanto.
Tem ainda o kit aerodinâmico para atingir a velocidade máxima de 312 km/h. Ele promete melhor resfriamento do motor, suspensão mais firme e amortecedores Magnetic Ride. Acabamentos de fibra de carbono ou outros materiais também estão presentes, bem como combinações de cores e os bancos esportivos GT2.
A marca focou em ter os melhores materiais, Afinal, a cabine deveria estar à altura de um carro que quer brigar com os melhores carros esportivos europeus.
É uma tentativa desde a sexta geração e, embora tenha havido melhorias notáveis em comparação com os acabamentos plásticos das décadas de 1980 e 1990, nunca foi páreo para Audi, Ferrari, Lamborghini ou Aston Martin nesse quesito.
Há couro forrado à mão, alumínio, acabamentos opcionais de fibra de carbono e seis alternativas de cores para o interior - combinadas com seis cores para o cinto de segurança e três para as costuras.
Mas também tivemos a oportunidade de conversar com os criadores do carro. Eles contaram uma história interessante nos quase cinco anos de profundo desenvolvimento desta oitava geração do Corvette.
O carro que iniciou tudo foi em cima de uma plataforma desenvolvida do zero: dimensões, pesos, geometrias de suspensão e, obviamente, o layout do motor e a transmissão. Mas usaram como corpo uma Holden Commodore Ute preto para escapar dos flagras.
Em seguida, 11 novos protótipos foram fabricados em 2016, com base em algumas partes do corpo do Corvette C7. Um ano depois, 100 mulas rodaram em testes finais para ajustar essa nova geração.
A bordo do novo Corvette, inicialmente tivemos a oportunidade de atravessar o Vale do Fogo, nos arredores de Las Vegas, nos Estados Unidos, em estradas sinuosas, com curvas cegas e longas retas. Uma delícia conhecer as capacidades de um bom GT, por assim dizer.
O câmbio é muito rápido, confortável - se desejar - e tem um comportamento que aprende nosso tipo de direção e faz alterações quase telepaticamente. Além disso, os freios Brembo com extrema resistência à fadiga nos permitiram andar muito rápido.
Em alguns momentos, sentimos a direção um pouco mais leve. Ao mesmo tempo, embora 60% do peso esteja na traseira, a força é tamanha que somos colados ao chão. E o asfalto completamente liso, juntamente com a carga aerodinâmica, pode adicionar até 200 kg de peso ao atingir 270 km/h.
Também andamos no Spring Mountain Circuit, um traçado caracterizado por ser muito técnico, com curvas largas e rápidas. Eu tive que dirigir na chuva, com um piso bastante úmido, no modo de condução Track e com uma configuração bastante intrusiva do controle de estabilidade
Deixe-me dizer que poucas vezes me diverti desta forma. O Corvette é um carro que comunica muito bem o que acontece em cada uma das rodas e o motor tem uma entrega de torque tão linear e vigorosa que poderíamos jogar, mirar e continuar acelerando com precisão e suavidade.
Acompanhados por um som soberbo do V8 que emana do sistema de som. É como a dança de um casal perfeito.
E o ESP é permissivo, ensina até que ponto permite tirar proveito dos benefícios de toda a arquitetura do Corvette para que você sinta a comunicação única que existe entre o motorista e a máquina.
Já em pista seca e nas mãos dos pilotos do circuito, o Corvette voa. Devora cada curva e se comporta como um esportivo com excelentes limites de aderência. Insuperável, é o melhor Vette da história para os níveis alcançados hoje no segmento de esportivos.
Mas, embora seja um esportivo em toda a extensão da palavra, a verdade é que, com esta primeira versão da entrada da Chevrolet, o Corvette conquista corações ao custo de um terço dos carros de elite europeus.
E ainda está distante deles no uso de materiais ou motores mais modernos, mas isso está apenas começando. Faltam, assim, as versões mais nervosas Z06 e o ZR1, bem como outras ainda mais radicais especuladas no mercado.
Obviamente, a pergunta obrigatória é para onde eles querem ir com o Corvette:
“É verdade que eles estão pensando em uma opção com eletrificação que atinge 1.000 cv e oferece tração nas quatro rodas com dois motores elétricos em cada roda dianteira?”, foi uma das questões.
“Só podemos dizer que, quando desenvolvemos essa estrutura, tínhamos o objetivo de que todas as tendências futuras pudessem se encaixar nela…”, respondeu um dos executivos da GM.
Tirem suas próprias conclusões.
Reportagem original em: https://soloautos.mx/noticias/detalle/chevrolet-corvette-2020-primer-contacto/ED-LATAM-20423/