O Mercedes-Benz Classe C pode até ser o modelo mais vendido da marca da estrela globalmente. Mas no Brasil, quem reina no segmento com certa tranquilidade é o BMW Série 3. Só que essa calmaria tende a ser abalada pela chegada da sexta geração do sedã da Meca, que trouxe melhorias gigantescas e está tabelado em R$ 399.900 na versão topo de linha do Mercedes-Benz C 300 AMG Line.
A primeira otimização é notória até para quem não é muito ligado em carro. A estética do sedã deveria ser alvo de processo contra o time de designers da montadora devido à quantidade infindável de torcicolos causados nas ruas. A elegância peculiar do modelo ganhou tons de agressividade graças às musculaturas das extremidades da carroceria, em consonância com o conjunto ótico envolvente e os elementos volumosos do pacote AMG Line.
A grade tem pigmentos brilhantes que seriam minúsculas versões da estrela de três pontas da Mercedes, e é tão chamativa quanto o para-choque agressivo e as rodas de 19 polegadas. Os faróis também merecem destaque por conta do sistema dos 2,6 milhões de pixels de alta resolução que compõem os projetores Full LED.
Já as lanternas traseiras chamam mais atenção pelo formato que começa esguio e ganha volume encorpado até as laterais. O formato delas combina com o spoiler e o para-choque que contém uma espécie de extrator. Também causam impacto os cromados nas extremidades, assim como as guelras. Mas nenhum desses elementos é vazado. O escapamento duplo poderia ser melhor exposto.
Por mais que pareça pecado, é possível dizer que a parte externa do Novo Classe C é mera coadjuvante se comparada ao interior. Fazia tempo que um habitáculo não causava tamanha comoção ao repórter que aqui lhe escreve.
Os ocupantes da frente são praticamente abraçados por um console robusto e com uma telona extremamente sedutora que compõe a central multimídia. Com 12,3” e sensível ao toque, a tela aposenta de vez o sistema de touchpad, apresenta gráficos de realidade aumentada e é a protagonista do ambiente.
E olha que não faltam elementos dispostos a roubar a cena. O material mais chamativo está presente no console e no painel. É metálico e tem visual de puro requinte. Combina com o couro de acabamento de painel, portas e, especialmente, dos bancos esportivos. Para quem curte, o tom de caramelo é um deleite.
As saídas de ar-condicionado têm formato que lembra o gráfico de força G. E abrigam uma pequena iluminação que decora diversos elementos. Há 64 opções de cores disponíveis e que podem ser selecionadas na central multimídia.
Já a outra tela do habitáculo não é menos importante. Com 11,9”, o painel de instrumentos é customizável e oferece diversos tipos de informações que podem ser selecionadas por meio dos botões sensíveis ao toque do volante multifuncional.
Aliás, que volante: ostenta o logo da Mercedes com orgulho, tem empunhadura rechonchuda e base reta.
É também nos seletores da direção que escolhemos qual informação queremos ver no head-up display. Além de dados convencionais como velocímetro e conta-giros, são fornecidos indicadores de navegação, consumo, entre outros.
É tanta coisa para falar que só agora sobrou uma brecha para itens de grande valia, como teto solar panorâmico, sistema de som Burmester, distribuição de nichos e porta-objetos dos mais variados tipos e ainda do sistema MBUX de sétima geração. Trata-se do software que gerencia, principalmente, os comandos de voz do veículo. A Mercedes diz que está mais eficiente porque está conectado à internet. Mas ainda foi possível constatar alguns erros na execução de tarefas simples como ligar o ar-condicionado.
Por falar nele, o sistema de climatização tem quatro zonas independentes. A telinha para escolher a temperatura mais agradável é o mimo mais especial da parte traseira do sedã de 4,75 metros de comprimento. Também há duas portas do tipo USB-C e duas saídas de ar como itens de comodidade.
Como o sedã tem 2,86 metros de entre-eixos, há muito espaço para as pernas para quem tem estatura mediana. Mas é bom lembrar que falamos de um carro dedicado a quatro ocupantes. Isso porque a posição central ostenta um túnel bastante elevado.
As medidas fartas também compreendem o porta-malas de 455 litros de capacidade. O único pitaco é que poderia ter acionamento elétrico.
Já o conjunto mecânico passa praticamente ileso de ponderações. É formado por um motor 2.0 de quatro cilindros que rende 258 cv a 5.800 rpm e 40,7 kgf.m de torque máximo entre 2.000 rpm e 3.000 giros. Está alinhado a uma transmissão automática de 9 velocidades que permite trocas por meio de aletas.
A dupla impulsiona o Mercedes-Benz C 300 a acelerar rumo aos 100 km/h em 6 segundos a partir da inércia. É um décimo de segundo a mais em relação ao BMW 330e.
Embora tenha performance vigorosa e absolutamente instigante, o Classe C não nega que tem como foco o conforto em detrimento da esportividade. A suspensão é primorosa e macia. E não muda muito de caráter nem mesmo quando escolhemos um modo mais esportivo de direção.
Em contrapartida, no modo mais econômico descobrimos uma faceta do sedã. O carro tem média de consumo de combustível de 9,6 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada. O ótimo desempenho se dá muito por conta do sistema EQ Boost. Já conhecido desde a geração anterior do Classe C, consiste em um motor elétrico que tem função de arranque, alternador e que também dá 27 cv e 20,4 kgf.m extras em situações em que o motorista precisa de mais agilidade.
Esse motorzinho que torna o Classe C um híbrido leve também proporciona 10% a mais de economia de combustível. Entretanto, o Mercedes ainda fica atrás neste quesito do Série 3 que é um híbrido convencional. Isto é, o sedã da Bavária pode rodar vários quilômetros somente com o propulsor elétrico em ação. As médias de consumo do 330e são superiores à casa dos 20 km/l.
Em relação a tecnologias avançadas de direção, o Mercedes-Benz C 300 tem piloto automático adaptativo, sistema de frenagem autônoma, assistente de permanência em faixa, câmera 360º e assistente autônomo de estacionamento de última geração. Nesse sistema, o motorista não precisa nem mexer no volante, nem pisar nos pedais de aceleração e frenagem.
Em suma, o Classe C melhorou significativamente em todos os quesitos. Está mais rápido, mais tecnológico e tem um interior com inspiração em Classe S que virou referência no segmento.
Mas na versão C 300, a tabela de preço que belisca os R$ 400 mil posiciona o modelo de forma R$ 24.590 mais cara em relação ao BMW 300e.
O fato é que fazia tempo que o sedã da Mercedes não jogava em pé de igualdade com o rival da Bavária, que só deve ter uma atualização de meio de geração em 2023. Mas desde já, essa briga promete.
MERCEDES-BENZ - C 300 - 2022 |
2.0 EQ BOOST HÍBRIDO AMG LINE 9G-TRONIC |
R$ 409900 |
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