Já adianto que sou fã dos Mercedes-Benz. Daqueles que se lembram do código de projeto de alguns dos modelos icônicos da marca. Mas gosto mais dos Classe E que dos luxuosíssimos Classe S, já que, tradicionalmente, os "E" são quase tudo aquilo que os "S" são, mas em um tamanho mais civilizado.
E essa receita se repete na 11ª geração do modelo, que acaba de estrear no mercado brasileiro. Um carro que esbanja tecnologia, mas ao mesmo tempo ainda equilibra luxo e racionalidade. Confira nas próximas linhas as primeiras impressões do novo Mercedes-Benz.
O Classe E de 11ª geração foi lançado na Europa em maio de 2023 e, lá fora, tem uma gama com motores a diesel e a gasolina, com sistema híbrido-leve, além das configurações plug-in a gasolina.
Aqui no Brasil, porém, a Mercedes-Benz optou por oferecer apenas o híbrido-leve E 300 Exclusive. Esse Exclusive é o nome do luxuoso pacote visual dos Mercedes-Benz, que se diferencia do Avantgarde, mais esportivo, justamente por exibir elementos estéticos mais conservadores.
O resultado é que esse Classe E para o Brasil é um carro com uma cara bem sóbria, classuda, apesar das enormes rodas de liga leve de 20 polegadas. Visual escolhido sob medida para agradar a um público que, segundo a marca alemã, é composto por líderes empresariais que valorizam o conforto, mas também a tecnologia e a sustentabilidade.
Falando em dimensões, o modelo tem 4,95 m de comprimento, 1,95 m de largura e 1,47 m de altura. Ou seja: tem praticamente o mesmo tamanho do antecessor. E esse não é o único ponto do DNA desse novo "E" no qual a Mercedes-Benz não mexeu.
Diferentemente dos elétricos EQE e EQS, que nem se parecem parentes dos Mercedes-Benz "normais", fica claro que o novo sedã é um Classe E mesmo: a dianteira e a traseira claramente seguem a identidade visual mais recente da marca. Eu, particularmente, prefiro assim.
O E 300 Exclusive tem uma lista de equipamentos que inclui painel digital configurável 3D, head-up display, sistema de som premium Burmester 4D com 17 alto-falantes, faróis de LED adaptativos, chave presencial, carregador de celular por indução, teto solar panorâmico e iluminação ambiente personalizável em 64 cores.
Já o pacote de tecnologias de condução inclui câmera 360° e sistema de direção semiautônomo, com frenagem automática, controlador adaptativo de velocidade, monitor ativo de ponto cego e assistente de manutenção em faixa e suporte para manobras evasivas.
Nessa configuração E 300 Exclusive, o Classe E tem motor 2.0 turbo a gasolina, com 258 cv de potência e 40,7 kgf.m de torque, combinado com um câmbio automático de nove marchas.
E também tem um conjunto motriz híbrido-leve de 48 Volts, no qual um pequeno motor elétrico de 23 cv atua fornecendo potência e torque extras em situações de maior demanda, ao mesmo tempo que permite ao start-stop operar inclusive em velocidades de cruzeiro.
O resultado é um carro capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 6,3 segundos e atingir 250 km/h de velocidade máxima.
Mesmo sem oferecer consumo de um híbrido autocarregável ou a rodagem 100% elétrica dos plug-in, o Classe E híbrido leve tem números bem satisfatórios de consumo para um carro do seu porte: 8,9 km/l (cidade) e 12 km/l (estrada).
O novo Classe E é o primeiro modelo de fora da linha de elétricos EQ a ganhar o painel MBUX Superscreen, que tem três telas de alta resolução.
Uma delas, de 12,3 polegadas, é reservada para as informações de condução e tem um interessante efeito 3D. Já a do meio tem 14,4 polegadas e exibe as informações da central multimídia, climatização e até as imagens do sistema de navegação nativo com realidade aumentada, que usa as imagens da câmera frontal para te indicar a direção a seguir.
Por fim, uma tela adicional de 12,3 polegadas está disponível para o passageiro do banco dianteiro e repete algumas informações da tela central, permitindo, por exemplo, selecionar uma nova playlist no streaming de música sem precisar sair do mapa na tela principal.
Se os bancos dianteiros já são confortáveis, o traseiro é mais ainda. E isso é algo fundamental para um sedã executivo. O assento fica em posição elevada e, na comparação com o "E" antigo, os espaços para os joelhos e pernas cresceram 10 mm e 17 mm, respectivamente.
A sensação é de estar sentado em um sofá bem confortável. E dá para tirar aquele cochilo tranquilamente e com toda privacidade, já que o carro tem persianas nas janelas laterais e traseira. Por fim, o porta-malas é bem amplo: são 540 litros de capacidade.
Bem que eu gostaria de rodar mais. Mas só pude conhecer o novo Classe E na rodagem em um curto percurso de meia hora pelas ruas de São Paulo. Apesar do pouco tempo como passageiro e ao volante do modelo, já deu para perceber que esse novo Classe E é um carro bem parecido com os "E" de geração passada.
O motor 2.0 tem sobra de potência e torque quando se pisa mais fundo no acelerador. Mas, na maior parte do tempo, as respostas são comedidas e não atrapalham o silêncio a bordo. Aliás, o isolamento acústico filtra boa parte dos ruídos externos.
Essa característica combina bem com a direção leve e a suspensão (pneumática) com acerto voltado para o conforto. Nesta geração, o modelo tem ainda rodas traseiras que podem esterçar em até 4,5 graus. Algo que faz diferença principalmente nas manobras em espaços apertados.
Apesar da quase ausência de botões físicos, é fácil "se achar" no posto de pilotagem do Classe E. As telas e comandos do volante são fáceis de usar, enquanto os comandos básicos estão nas posições tradicionais dos Mercedes-Benz: botões dos bancos nas portas, limpador de para-brisa na chave de seta e alavanca de câmbio onde fica o seletor do limpador nos carros comuns.
O Mercedes-Benz E 300 Exclusive custa R$ 639.900. Entre os sedãs executivos de marcas premium, não tem concorrentes diretos no mercado brasileiro.
Mas será por pouco tempo, já que BMW confirmou para março o lançamento por aqui do novo Série 5. Que, diferentemente do concorrente da marca da estrela, será comercializado por aqui nas variações híbrida plug-in e elétrica. A briga promete ficar boa no segmento dos sedãs executivos.