O Sandero foi apresentado no Brasil em dezembro de 2007 e foi o primeiro Renault da história lançado fora da Europa – ele chegou por lá como Dacia Sandero seis meses depois. O carro usa a plataforma do sedã Logan e se encaixa entre os hatches chamados “hi-roof” – teto alto –, segmento em que atuam Agile e Fox. Com o face-lift, a Renault redistribuiu as versões do seu modelo. E a topo de linha, Privilège, virou uma das mais atraentes da gama, já que incorpora de série itens importantes. Com câmbio manual, ela é recebe o motor 1,6L 8V de 95 cv e vem equipada com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico e sistema de som com conexões bluetooth e USB por R$ 40.690. Os únicos opcionais são airbags frontais e freios ABS, que adicionam mais R$ 2.500 ao conjunto.
A versão top completa fica exatos R$ 2.400 mais cara que a intermediária Expression com todos os opcionais disponíveis. Por essa diferença, a Privilège traz a mais vidros elétricos traseiros, rodas de liga leve aro 15, computador de bordo, faróis de neblina e conexão Bluetooth e para i-Pod no equipamento de som. O Chevrolet Agile correspondente, o LTZ, já traz airbags e ABS de série na linha 2012, e tem valor de R$ 43.435, semelhante ao Sandero com o pack segurança, que sai a R$ 43.190. Já o Volkswagen Fox vai a elevados R$ 47.605 na versão 1,6L Prime com equipamentos equivalentes ao Sandero Privilège completo.
Apesar de ser a versão com o preço mais elevado, a boa relação custo/benefício faz com que a Privilège responda por 30% das vendas do hatch da Renault – que tem preços a partir de R$ 28.890. Destes 30%, um terço é da versão automática – que, além do câmbio de quatro marchas, é equipado com o propulsor 1,6L 16V de 105/109 cv e custa R$ 3.500 adicionais. Os outros dois terços, algo em torno de 1.500 unidades por mês, são da versão testada. O que mostra que, além de ser bom de vendas, o Sandero consegue oferecer uma boa rentabilidade para a marca francesa no Brasil.
Ponto a Ponto Desempenho – O 1,6L 8V Hi-Torque é eficiente e capaz de empurrar o Sandero sem muito embaraço. Entretanto, com etanol no tanque, o propulsor fica áspero em rotações mais altas, ainda que não interfira muito na experiência ao guiar. O motor é elástico e entrega boa dose de força logo em regimes baixos de rotações. Nota 7.
Estabilidade – Nenhuma surpresa ao volante do Sandero. As curvas são contornadas com segurança e os excessos se traduzem em escapadas de frente típicas de carros com tração dianteira. Nota 8
Interatividade – A mudança no interior fez muito bem ao modelo e o dia a dia foi facilitado pela melhor localização dos comandos. A operação dos vidros elétricos nas portas facilita a vida, mas ainda falta função um toque e até mesmo iluminação nos botões, difíceis de encontrar no escuro. O computador de bordo exibe as informações básicas como consumo médio e instantâneo, autonomia e tempo de viagem. O sistema de som foi melhorado e agora conta com conexões USB, i-Pod e Bluetooth para celulares, com comando satélite na coluna de direção. Nota 8.
Consumo – Segundo o computador de bordo, o 1,6L 8V consome 8,2 km/l com etanol em ciclo misto. A Renault não forneceu o modelo para que o InMetro avaliasse o consumo. Nota 7.
Conforto – Um dos pontos altos do Sandero é o espaço interno, mas os bancos planos e com pouco apoio para as pernas dos ocupantes da frente tornam o carro cansativo. O espaço para a cabeça é bom em todos os assentos e ninguém deve reclamar de aperto. O compromisso da suspensão entre conforto e estabilidade é bem equilibrado. Por outro lado, a direção e os pedais pesados jogam contra o conforto. Nota 7.
Tecnologia – A plataforma B-zero é recente – de 2005 – e tem diversas aplicações além do Sandero, como os Logan, Duster e até o Nissan Tiida. A versão Privilège tem bons recursos de conectividade, mas o 1,6L 8V já sente o peso da idade – só de Brasil, são mais de 10 anos. Desde então recebeu poucas melhorias, como a tecnologia Flex. Airbag e ABS são oferecido somente como opcionais e a construção do modelo não oferece bons níveis de segurança. O modelo não foi fornecido para teste pelo Latin NCap, mas o Dacia Sandero, vendido na Europa, ficou com apenas três estrelas, em cinco possíveis, no Euro NCap, entre os piores da categoria. Nota 5.
Habitabilidade – Todos os ocupantes tem fácil acesso ao interior pelo bom vão de abertura das portas, além de espaço para as pernas e cabeças. Para um hatch com proposta familiar, como é o caso de um “hi-roof”, faltam porta-trecos no interior. As malas vão bem acomodadas nos 320 litros de capacidade do porta-malas. Nota 7.
Acabamento – O Sandero evoluiu, mas a qualidade dos plásticos ainda indica o baixo custo de construção. O revestimento do freio-de-mão é muito pobre e nem mesmo a versão Privilège conta com tecido mais nobres no revestimento dos bancos. Os encaixes são corretos, mas havia muitas rebarbas nas bordas dos painéis de porta. Entre os concorrentes diretos, Fox e Agile, é o que tem pior acabamento. Nota 5.
Design – As mudanças sofridas em maio desse ano deram ao Sandero uma cara mais agradável e atualizada. Apesar das mudanças terem se concentrado apenas na frente, que ganhou traços dos Renault europeus, foram um sopro de novidade para o hatch que padecia de um visual pouco instigante, ainda que carismático. Nota 7.
Custo/Benefício – Ponto alto do Sandero Privilège, que traz bom conteúdo e espaço por um preço muitas vezes inferior aos oponentes. Os R$ 40.690 pedidos pelo modelo básico são pertinentes com a extensa lista de equipamentos de série. Nota 8.
Total – O Sandero Privilège somou 69 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões: som sem fúria A não ser por um melhor isolamento acústico, não parece faltar nada à versão topo do Sandero. Todos os equipamentos mais desejados estão ali: ar-condicionado, direção hidráulica, um bom aparelho de som e muito espaço interno. As mudanças no interior melhoraram muito a convivência com o carro, que logo se torna familiar ao motorista. Os botões ganharam um aspecto mais robusto – os antigos comandos do ar-condicionado pareciam de brinquedo – e a migração dos comandos dos vidros para as portas facilita um bocado a utilização. É boa a dotação de equipamentos de série, mas airbags e ABS ainda são opcionais.
No entanto, o som do motor, que invade o habitáculo sem maiores cerimônias, vira um companheiro de viagem pouco agradável. O isolamento acústico deixa a desejar. O propulsor 1,6L 8V se faz muito presente acima de 3.500 rpm, o que torna o carro um tanto cansativo na estrada em velocidades de cruzeiro em torno de 110 km/h. A posição de dirigir também cansa. Não há muitas regulagens e é difícil encarar trajetos muito demorados. O ajuste de altura do volante não colabora muito, por ser apenas em altura e ter curso de movimentação limitado. O próprio volante é fino e nem o revestimento em couro da versão Privilège melhora a empunhadura.
O câmbio, além de bem escalonado, tem engates macios, mas não são dos mais precisos. O motor 1,6L 8V dá conta do recado e empurra o Sandero com agilidade, mas fica muito áspero acima de 3 mil rpm, o que diminui consideravelmente o prazer ao dirigir. Pelo menos os bons 14,1 kgfm de torque aparecem logo nas 2.850 rpm, e não é necessário escalar para regimes mais altos para obter um desempenho condizente. A boa rigidez torcional e o ajuste equilibrado de suspensões fazem o Sandero lidar bem com as imperfeições dos pisos. A boa altura do solo garante passagens facilitadas por valetas ou quebra-molas e o comportamento dinâmico agrada no geral. Apenas no limite há uma tendência a sair de frente, mas facilmente corrigível. Se não chega a ser um carro divertido, também não desagrada. Mas é no consumo onde o 1,6L 8V se destaca. Não foi difícil atingir médias superiores a 8 km/l com etanol, o que indica o bom ajuste da injeção ao combustível vegetal. _________________
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