Arrojado e bom de guiar, o EX30 compensa no visual, na dinâmica e na lista de equipamentos o acabamento simples e o pouco espaço na traseira.
É carro elétrico aqui, carro elétrico lá! Não se fala de outra coisa no mundo das marcas premium e a Volvo deu um novo passo na eletrificação da sua linha com o lançamento do EX30, um SUV compacto que chega para ser o modelo mais acessível da marca sueca.
Mas, antes de falarmos sobre o EX30, preciso dar uma explicação rápida. Desde 2021, a Volvo vende apenas carros elétricos e híbridos no mercado brasileiro. Pode até ter parecido um movimento ousado na época. Mas, hoje, os suecos batem no peito para dizer que foram a marca premium que mais apostaram nos eletrificados.
Pois com o novo EX30, a Volvo quer atingir uma faixa de público que normalmente não compraria um zero-quilômetro da marca. Nem que para isso fosse necessário criar uma máquina totalmente exótica.
Com 4,23 m de comprimento, o EX30 é 21 cm mais curto que os modelos XC40 e C40, até então os menores SUVs da marca sueca. E também não tem concorrentes de outras marcas premium, já que os “pequenos” da BMW e Mercedes-Benz são médios.
Mas não é apenas no tamanho que o utilitário esportivo compacto da Volvo é diferente dos irmãos maiores e dos concorrentes. Também é um carro de visual e de história bem exótica. Feito na China, o EX30 compartilha o projeto básico com os modelos Zeekr X e Smart #1.
Tirando a lateral, que tem perfil muito próximo ao do XC40, o restante do carro parece saído de um filme de ficção científica. A dianteira tem linhas bem limpas, já que não tem uma grade frontal. Mas achei extremamente minimalista.
Porém, o que me agradou mesmo foi a traseira, com lanternas de LED que formam uma interessante assinatura visual. No geral, tem cara de carro caro e descolado. Mesmo sendo o Volvo "barato".
Na cabine, fica a impressão de que a Volvo decidiu trazer para as ruas o visual diferentão e futurista que normalmente só vemos em carros-conceito. O resultado é que o EX30 é um carro MUITO diferente dos modelos mais caros da marca sueca. Nada está no lugar esperado.
Para começo de conversa: não existem botões físicos no painel. E nem um quadro de instrumentos tradicional. Tudo, literalmente tudo, precisa ser consultado ou acessado pela tela central de 12,3 polegadas, que exibe as informações de condução e da multimídia, e permite alterar as funções do carro.
Regular os retrovisores externos, por exemplo, é uma tarefa que exige abrir um menu e usar os botões do volante multifuncional. Até mesmo para abrir o porta-luvas é preciso clicar em um ícone na tela. Curioso, no mínimo.
Apesar disso, o EX30 estreia sem espelhamento para smartphones iPhone. Mas a funcionalidade chegará em breve ao carro, por meio de uma atualização. Se serve de consolo, a multimídia tem sistema operacional Google e permite baixar apps diretamente nela.
A Volvo mirou no minimalismo, mas deixou o EX30 difícil de usar. É realmente um carro que exige um tempo maior que o comum para o motorista se acostumar às suas particularidades e dominar plenamente os sistemas. Mesmo para mim, acostumado a trocar constantemente de carros, foi uma tarefa complicada.
Na escolha do acabamento, a Volvo optou por materiais reciclados ou recicláveis. Há grande variação de cores e texturas nos plásticos e o visual é bem exótico. Mas praticamente não se encontram revestimentos macios ao toque. Algo inesperado para um carro de mais de R$ 200 mil.
Os bancos dianteiros são bem confortáveis e garantem uma posição de dirigir bem agradável, ainda que alta. E a Volvo fez um belíssimo trabalho de aproveitamento de espaço, com vários porta-trecos de bom tamanho. Para quem vai nos bancos dianteiros, a sensação é de uma cabine bem ampla.
A ergonomia só não é perfeita porque os comandos de travamento das portas e dos vidros elétricos ficam no console central e exigem que o motorista faça um contorcionismo para usar os botões. O mesmo vale para alguns porta-objetos, que estão distantes das mãos.
Já no banco traseiro o espaço para as pernas ficou bem restrito, mesmo com o assento do motorista ajustado para uma pessoa com menos de 1,70 m. O porta-malas, com capacidade para 318 litros, é apenas razoável. Mas há ainda um pequeno bagageiro dianteiro, sob o capô, que adiciona mais sete litros para tralhas. Fica bem claro que o EX30 é um carro, no máximo, para casais sem filhos.
Os carros da Volvo são reconhecidos pelos recursos tecnológicos e, principalmente, de segurança. E a marca não economizou nesse ponto no EX30.
Nessa versão topo de linha Ultra, o EX30 sai de fábrica com ar-condicionado de duas zonas com sistema de filtragem do ar, teto panorâmico, faróis e lanternas de LED com acionamento automático, sensor de chuva, bancos dianteiros elétricos, som Harman Kardon, carregador de celular por indução e rodas de 20 polegadas.
O pacote tecnológico e de segurança inclui seis airbags, monitor de pontos cegos e tráfego cruzado na dianteira e na traseira, assistente de estacionamento, farol alto automático, controlador adaptativo de velocidade, frenagem autônoma, assistente de manutenção e mudança de faixa, câmera de 360° e alerta de abertura das portas.
Em um aspecto esse Volvo diferentão e bem exótico é muito parecido com os modelos mais caros da marca: na rodagem. Pude rodar com o carro em um percurso entre as cidades de São Paulo e Campos do Jordão (SP). Uma jornada de cerca de 150 quilômetros.
Confesso que eu estava desanimado com os comandos pouco intuitivos do EX30 e não havia me empolgado com o carro. Mas isso mudou quando deixei o trânsito da capital paulista e já estava na Rodovia Ayrton Senna (SP-070). É na estrada que o EX30 se transforma.
No Brasil, o modelo está disponível apenas com um motor traseiro de 272 cv de potência. A opção de bateria mais potente, de 69 kWh, promete a (ótima) autonomia de 338 quilômetros.
Esse conjunto permite que o SUV compacto acelere de zero a 100 km/h em apenas 5,3 segundos. Marca melhor que a de muitos carros de pegada esportiva. Ou seja: o SUVzinho arranca com agilidade e embala com muita facilidade.
E faz tudo isso transmitindo uma tranquilidade imensa para o motorista. Tem uma direção elétrica com três níveis de assistência (optei pelo ajuste mais firme) e uma suspensão igualmente firme, mas que não chega a comprometer tanto o conforto.
Outro ponto que merece elogios no EX30 é o isolamento da cabine. Mesmo acima de 110 km/h o silêncio é quase absoluto. Não se ouve nem ruídos de vento. Algo que seria plenamente aceitável para um elétrico.
Pensa em um carro divertido para guiar! Esse é o EX30. Digo mais: se a Volvo realmente quiser conquistar os cliente, é preciso incluir algum trecho rodoviário no test-drive para os possíveis compradores. Fica a dica…
Esse Volvo EX30 chega ao Brasil em quatro versões. A Ultra é a topo de linha e sai por R$ 293.950. Mas há também as configurações Plus (69 kWh), por R$ 277.950, Core (69 kWh), por R$ 249.950 e também a Core com bateria de 51 kWh, que proporciona uma autonomia de 250 quilômetros e parte de R$ 229.950.
Mesmo nessa versão de entrada, o custo-benefício não é o ponto forte do EX30, já que compete com modelos maiores como o também elétrico BYD Yuan Plus (R$ 229.800) e o híbrido plug-in GWM Haval H6 PHEV34 (R$ 279.000).
Fica bem claro que esse Volvo é destinado a um público bem específico: aquele que quer migrar de uma marca generalista para um automóvel elétrico e premium. Mesmo abrindo mão de porte e outras características.
Vale destacar que essa é uma característica comum a outros modelos de entrada de marcas premium, que acabam sendo menos sofisticados ou menores que os topo de linha das generalistas. E, por isso mesmo, trocam o bom custo-benefício pelo logo de grife na grade.
Será que o Volvo EX30 conseguirá encantar esse público em busca do primeiro carro premium? Tudo indica que sim. Entre o público que garantiu o carro na pré-venda, metade nunca teve um automóvel de marca premium e 87% nunca tiveram um modelo da marca sueca.
VOLVO - EX30 - 2024 |
69 KW ELÉTRICO ULTRA |
R$ 299950 |
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