– O motor V6 deixa claro que potência não é problema, mas, sim, solução. Grandes para o padrão brasileiro, as peruas VW Passat Variant 3.2L V6 FSI 24V e Peugeot 407 SW 3.0L V6 24v são exemplos de carro que todo pai de família gostaria de ter para levar esposa, filhos, cachorro, passarinho e até mesmo a sogra para passear, porém, a realidade é outra.
Ao preço de mais de R$ 100 mil o Passat Variant custa a partir de R$ 165.530, e o 407 SW parte de R$ 131.823, de acordo com a tabela Fipe, em 22 de outubro de 2009, as peruas incorporam quase tudo do que há de mais moderno e disponível no mercado de automóveis mundial, e apresentam qualidade acima da média, assim como conforto, dirigibilidade, ergonomia e custo de manutenção nem tudo são flores.
Excessos
O primeiro é de dinheiro. Qualquer um dos dois modelos pode ser trocado por um bom apartamento em São Paulo. A diferença é que o imóvel tende a valorizar com o tempo, e o carro não, pelo contrário, perde valor.
Porém, a satisfação de superar os 200 km/h só é comparada ao prazer de quitar o financiamento do imóvel. Ufa, é demais! Porém, um carro para chegar a esta marca com absoluta segurança precisa mais do que motor, precisa de freios, suspensão, eletrônica embarcada e muitos mimos.
Para quem busca um carro de família com esportividade, o eleito deste comparativo é o Volkswagen. A mecânica Audi deixa clara a vocação para a velocidade. O motor 3.2L V6 FSI 24 válvulas de duplo comando de válvulas variável rende 250 cavalos de potência a 6.250 rpm e torque máximo de 330Nm na faixa de 2.750 rpm e 3.750 rpm. Em tempo, FSI é a sigla em inglês para Fuel Stratified Injection, ou seja, injeção direta de combustível.
Este sistema, que por enquanto equipa apenas alguns carros da Volks e da Audi, injeta a gasolina diretamente na câmara de combustão a aproximadamente 110 bar de pressão de forma alternada, para otimizar a queima, proporcionando mais rendimento e economia, tanto que o Passat Variant mostrou-se até 10% mais econômico que o Peugeot, no período de teste.
Para tirar melhor proveito de toda esta tecnologia de propulsão, a Volks acertadamente equipou o Variant com transmissão automatizada de 6 velocidades Tiptronic com embreagem dupla, o Sistema DSG Direct Shift Gearbox.
Esta tecnologia permite trocas muito mais rápidas, sem perda de aceleração, pois a marcha seguinte está sempre pré-engatada, graças às duas embreagens que atuam simultaneamente no sistema. O resultado é expressivo e permite levar o carro de 0 a 100 km/h em apenas 7,2 segundos. Um feito e tanto para uma perua que tem 1.715Kg de peso em ordem de marcha.
Outro destaque do Passat Variant é a tração 4x4 integral, batizada pela Volks de 4Motion. O sistema, desenvolvido pela Haldex, é controlado eletronicamente pela ECU e trabalha em conjunto com os sistemas de freios ABS, EBD controle de tração, EDL bloqueio de diferencial e ESP controle de estabilidade.
Em situações de velocidade constante em linha reta, 90% da tração é assumida pelas rodas dianteiras, porém o sistema pode comutar essa proporção para até 100% nas rodas traseiras, dependendo da necessidade. Em outras palavras, é quase impossível derrapar nas curvas, mesmo em piso de aderência reduzida.
No 407SW, o soquete do conector de diagnose fica no porta-objetos do console central; na bateria, há um módulo de gerenciamento da tensão.
Detalhes do motor, de 6 cilindros em V
Mais excessos
Se por um lado a perua da Volks excede pela esportividade, por outro a da Peugeot leva o quesito conforto ao extremo, e a melhor parte é o teto de vidro panorâmico, excelente para distrair as crianças nas longas e entediantes viagens, sejam elas nas estradas ou mesmo no trânsito caótico das grandes metrópoles.
Apesar de transparente para quem está dentro do carro, o teto de vidro é fumê escuro garantindo, assim, a privacidade dos ocupantes. Outro extremo da perua francesa é o design, que impressiona pela fluidez das linhas e imponência. Este é, talvez, o ponto mais forte do Peugeot frente ao concorrente alemão.
Comparativo
Apresentados os pontos fortes de cada uma das peruas, vamos agora ao comparativo. Em contraponto aos 250 cv do Passat Variant, o propulsor do Peugeot desenvolve 211 cavalos de potência a 6.000 rpm, com torque máximo de 290 Nm a 3.750 rpm. Acoplado ao motor, que possui ainda comando de válvulas variável, o 407 SW apresenta câmbio tiptronic automático de 6 velocidades. Este conjunto, ainda que convencional, leva os 1.792 Kg da perua em ordem de marcha a 229 Km/h, com desempenho de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos, de acordo com dados da montadora.
Apesar de mais lento, não faz feio frente à concorrência. Porém, por conta do conversor de torque e da injeção indireta, consome mais, e ocupa mais espaço no cofre do motor, pois apresenta configuração padrão de 6 cilindros em V, ou seja, dispostos com ângulo de 90°, enquanto o Volkswagen adota a tecnologia de V6 estreita, com ângulo de 15°.
O Peugeot apresenta tração 4x2, o que para um veículo de características urbanas é o suficiente. Claro que perde em aderência e consequentemente em segurança em relação ao 4Motion, porém na maioria dos casos, o perfil do condutor homem, com mais de 40 anos, pai de família, executivo não exige tanto.
Além disso, o Peugeot também dispõe de sistemas de segurança ativa como freios ABS, controle de tração e estabilidade, e suspensão com gestão eletrônica, que se adapta automaticamente aos diferentes tipos de condução.
Com relação ao design, apesar de não fazer frente ao 407 SW, o Passat Variant chama atenção onde quer que esteja. Sóbrio, passa a impressão de carro de executivo, mas tem alma de esportivo. O teto solar quebra um pouco o ar de automóvel familiar, apesar de não ser tão espetacular quanto o teto de vidro do Peugeot. Mas quebra o galho nos dias mornos de outono e primavera.
Tecnologia
Já deu para perceber que a tecnologia embarcada é o forte dos dois carros. A bordo, atrás do volante, a sensação é de êxtase. Por um lado, o Passat Variante é um ‘primo pobre’ dos Audi A4 e A6 mais antigos, o que representa dizer: puro prazer ao dirigir. Já o Peugeot 407 SW é um convite à exclusividade ao alcance de poucos, principalmente de quem tem bom gosto.
Daqui há cinco anos, quem sabe talvez os carros de gama mais popular terão como opcionais alguns dos dispositivos tecnológicos que encontramos hoje no VW Passat Variant e Peugeot 407SW.
O farol de xenon é um deles, presente de série no Passat Variant e no 407 sedan. Estranho o item não ter sido incorporado na perua. Outra tecnologia é a rede CAN. Em ambos veículos, os diversos módulos conversam entre si freneticamente e isso possibilita o melhor rendimento e performance de forma a assegurar ainda conforto, esportividade e economia.
Na oficina Especializada Josmar, pudemos conferir algumas das virtudes tecnológicas de ambos veículos. Uma que chamou atenção foi a rede LIN sigla em inglês para Rede Local Interconectada, presente no Peugeot 407 SW. A rede LIN é um sistema de rede pequeno e lento, mais barata que a rede CAN e, por isso, é utilizada como sub-rede da CAN para integrar sensores e atuadores.
Um desses sensors é o de gerenciamento dos limpadores de parabrisas. Experimente segurar um dos limpadores com uma das mãos quando estão acionados. Não, o motor não queima, muito pelo contrário, o limpador solto percebe a deficiência do outro e se auto ajusta para funcionar sem colidir com o defeituoso, e sem deixar de exercer a função pela qual foi destinado.
Além disso, o 407 possui um módulo eletrônico que gerencia o funcionamento da bateria. Em casos de pane, direciona a energia de forma a priorizar os sistemas que mantêm o veículo rodando. A presença deste dispositivo exige cuidados especiais ao realizar manutenção ou troca da bateria. Uma delas é nunca fixar a garra do recarregador ou chupeta na haste metálica do positivo, pois pode queimar o módulo.
Ambos veículos possuem Rede CAN e isso significa dizer que os diversos módulos conversam entre si freneticamente, o tempo inteiro. Assim, para desligar a bateria, é necessário tomar um cuidado a mais: a espera de pelo menos quatro horas, sem mexer no carro, nem mesmo abrir ou fechar a porta. Este é o tempo que a ECU leva para checar se todos os sistemas estão funcionando em perfeito estado e desligar o sistema.
Undercar
Apesar de os dois carros apresentarem suspensão independente nas quatro rodas, em metal de liga leve, a geometria difere bastante, principalmente nas rodas dianteiras. A do Passat tem estrutura mais simples, tipo MacPherson, com bandeja triangular e barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Na traseira, apresenta braço longitudinal e transversal.
Já a do Peugeot é do tipo double wishbone pseudo MacPherson, na dianteira, com braços triangulares, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos pressurizados e gestão eletrônica. Atrás, o sistema é multibraços com barras estabilizadoras, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados e gestão eletrônica, montada sobre eixo de alumínio.
De acordo com os técnicos da Especializada Josmar, mexer na suspensão do Peugeot é muito mais trabalhoso, em relação ao Passat, pela estrutura mais complexa apresentada. O double wishbone se caracteriza por oferecer bom desempenho no controle direcional.
Ambos os veículos saem de fábrica com rodas de 17 polegadas. As do 407 SW são revestidas por pneus 215/55, e as do Passat Variant, 235/45. Os freios são a disco, nas quatro rodas ventilados na frente e sólidos na traseira, com ABS, EBD e ESP. No Volkswagen, o freio de estacionamento tem acionamento elétrico, por meio de um botão no painel. O do Peugeot é convencional, mecânico, com alavanca no console central.Outro dispositivo com assistência elétrica no Variant é a direção. Já no 407 SW a assistência é hidráulica. Ambas, porém, são variáveis, auto-adaptativas.
Conforto
Ao volante ou mesmo como passageiro, o conforto é uma prioridade tanto no 407 SW quanto no Passat Variant. Começa pelos bancos, revestidos em couro e com módulo de presença, que aciona um alarme quando um dos ocupantes dos assentos dianteiros não afivela o cinto de segurança. Possuem também ajustes elétricos de altura, profundidade, ângulo do encosto e lombar, inclusive do carona. No Volkswagen, o banco do motorista tem ainda memória para três diferentes ajustes.
Os volantes possuem comandos do sistema de som e computador de bordo, que fornece informações como autonomia, odômetro parcial, tempo de viagem, velocidade média, consumo médio e instantâneo. Nos Peugeot, as informações são mostradas em dois grupos autonomia, consumo instantâneo e distância a percorrer; e velocidade média, consumo médio e odômetro parcial, o que torna o processo de interpretação das informações mais instantâneo, do que no sistema da maioria dos veículos, que mostram as informações individualmente, como no Passat.
Os dois carros têm também piloto automático, sendo que o do Peugeot possui a função de limitador de velocidade, um excelente dispositivo para evitar multas por excesso de velocidade. Uma vez programada a velocidade limite, mesmo que o motorista acelere o carro não vai além, somente quando se faz um kick down.
O Volkswagen possui um sistema opcional de piloto automático, com controle de distância do veículo à frente, que aciona os freios para manter a distância programada do carro que trafega à frente.
Outros itens de conforto, de série, são acendimento automático dos faróis sensor crepuscular, acionamento automático dos limpadores de parabrisa sensor de chuva, ar-condicionado dual zone, aquecimento elétrico dos bancos dianteiros, sensor de estacionamento, e retrovisores fotocromático.
Manutenção
O custo de manutenção de ambos veículos é alto, mas dentro dos padrões de qualidade e preço dos modelos. Na média, o custo de peças do Passat Variant é 26,63% maior do que do 407 SW, índice similar à diferença de preços dos veículos. Porém, o Volks utiliza corrente de distribuição, que não requer troca exceto em caso de manutenção corretiva, enquanto o Peugeot utiliza correia dentada, que deve ser trocada em manutenção preventiva programada a cada 80 mil km, juntamente com os tensionadores, que são quatro e custam cerca de R$ 1.600 o jogo.
Outra vantagem do Passat Variant é a vela de ignição de iridium NGK ILZR7A, que apesar de custar 2,6 vezes mais do que as de platina do 407 SW referência NGK PLFR5A-11, tem tempo de vida maior, e melhor poder de detonação. Já a diferença de custo das bobinas chama atenção, pois tal como as velas de ignição, as bobinas do Passat são 2,5 vezes mais caras do que as do 407.
Outro item de manutenção que chama atenção é o sistema de freios. Trocar os discos e pastilhas do Peugeot R$ 1.633,98 custa a metade do preço do Passat R$ 3.360,32. Isso representa dizer que para cada troca do Passat, é possível fazer duas no 407. Em compensação, os amortecedores do Peugeot R$ R$ 2.353,09 custam o dobro do Passat R$ 1401,28.
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