Nacionalidade uruguaia Lançado em 2007 na China, o Chery Face começou a ser montado no Uruguai no ano passado – de lá o monovolume chega ao Brasil com os benefícios fiscais proporcionados pelo Mercosul. Para o consumidor, isso significa um modelo completo com preço sugerido de R$ 31,9 mil sem frete. Por “completo”, entenda-se: ar-condicionado, direção hidráulica, trio-elétrico, ABS e airbag duplo de fábrica. O motor é um 1,3-litro movido a gasolina com 84 cv de potência, acoplado a um câmbio manual de cinco marchas.
Na teoria, é tentador. Porém, o consumidor precisa mais do que uma lista recheada de itens para decidir pela compra de um chinês. “Se nosso carro quebrar, seremos tachados de incompetentes sem termos chance de dar explicação”, afirmou um executivo da Chery durante o lançamento do Cielo.
Para romper o estereótipo de carro frágil, a Chery oferece a todos os seus modelos garantia de três anos e rede de concessionárias em expansão – até o fechamento deste texto, eram 33 revendedores, com previsão de inauguração de outras 28 lojas até o final do ano. “Não temos o direito de errar”, concluiu o executivo.
Espaço virtual A unidade avaliada, cedida pela concessionária Dali, de Brasília DF, adotava cores claras no acabamento interno. Apesar de requerer maiores cuidados com a sujeira, a solução amplia a sensação de espaço na cabine. Porém, nem sempre o que parece grande realmente o é.
Se você tem 1,75 metro de altura, não dá para falar que o Face é apertado. O 1,56 m de altura do carro supera o Volkswagen Fox, e, associado ao estilo da carroceria monovolume, garante que as cabeças dos passageiros fiquem longe do teto. Porém o entre-eixos de 2,39 m inferior até ao do Ford Ka de primeira geração faz o joelhos ficarem perigosamente próximos dos encostos dianteiros. Na cidade dá para encarar, mas viagens com quatro adultos podem ser cansativas Como nos outros modelos do segmento, o quinto passageiro tem espaço suficiente para ele – caso tenha 12 anos ou menos.
O painel bicolor opta por linhas simples e console central simétrico – apesar de conservador, o estilo diminui os custos do desenvolvimento de uma versão com o volante do lado direito. A iluminação azul agrada à maioria, ao contrário do acabamento. Rebarbas na borda das peças plásticas e componentes mal-alinhados ficam aquém de modelos nacionais, como Fox e Fiat Uno. Destaque para o inusitado freio de mão em forma de alavanca e acionamento vertical, similar ao adotado no Renault Mégane, e para a chave, do mesmo modelo que a Volkswagen usa em alguns de seus carros.
Ao volante Durante o breve percurso feito com o Face, foi possível ter uma boa amostra do que o chinês pode oferecer no trânsito urbano. O motor, apesar das 16 válvulas, tem fôlego mesmo em baixas rotações. Sair na frente no semáforo não será fácil, porém, não é impossível, mesmo com o ar-condicionado ligado. As trocas de marcha não são precisas, mas está longe da dureza do câmbio do conterrâneo Effa M100.
Com diâmetro de giro de 9,5 m, é fácil manobrar os 3,70 m de comprimento do Face. Em velocidades mais elevadas, o volante com um aro cromado de gosto discutível transmite firmeza sem prejudicar o conforto. Os freios são bem modulados.
Item crítico em carros altos, a suspensão sofre com uma dupla identidade. O conjunto dianteiro independente adota a clássica arquitetura McPherson e absorve bem as imperfeições na rua. Porém, o sistema traseiro, de barra de torção, é excessivamente duro, o que gera desconforto para os passageiros no banco de trás. O ponto positivo é que todo o conjunto mostra-se eficiente na tarefa de evitar a inclinação excessiva da carroceria em curvas.
Na balança Assim como o Cielo, o Face supera alguns preconceitos na hora de botar a mão na massa – ou melhor, a roda no asfalto. No desempenho e espaço interno, o modelo fica próximo de seus concorrentes. O “caçula” da família, entretanto, ainda peca na qualidade da construção. A unidade avaliada apresentou defeito na maçaneta interna da porta do passageiro, e há relatos na internet de outros consumidores cujos carros tiveram falhas já nos primeiros quilômetros de uso.
Como qualquer produto, o Face está suscetível a defeitos; porém, a cobrança em cima do chinês será alta, e os executivos da Chery sabem disso excluiria. Caso não haja um trabalho árduo na solução de pequenos problemas no modelo, os clientes vão repetir outra frase com aquela que abriu este texto: “O barato acaba saindo mais caro”.
FICHA TÉCNICA – Chery Face
MOTOR | Dianteiro, quatro cilindros em linha, transversal, 1.297 cm³ |
POTÊNCIA | 84 cv gasolina a 5.750 rpm |
TORQUE | 122 Nm / 12,44 kgfm gasolina a 2.500 rpm |
CÂMBIO | Manual, com cinco marchas |
TRAÇÃO | Dianteira |
DIREÇÃO | Por pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica |
RODAS | Dianteiras e traseiras de liga-leve, aro 14” |
PNEUS | Dianteiros e traseiros 175/60 R14 |
COMPRIMENTO | 3,70 m |
ALTURA | 1,56 m |
LARGURA | 1,58 m |
ENTREEIXOS | 2,39 m |
PORTA-MALAS | Não divulgado |
PESO em ordem de marcha | 1.040 kg |
TANQUE | 43 l |
SUSPENSÃO | Dianteira independente, tipo McPherson; traseira dependente, tipo barra de torção |
FREIOS | Disco sólido na dianteira e tambor na traseira |
CORES | - |
PREÇO | R$ 31.900 |
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