RAM 1500 é gigante e te recebe como sala de estar

Brutamonte. Gigante. Potente, tecnológica e agressiva. Esta é a RAM 1500 Rebel, que a própria marca define como "Muscle Truck" - em associação aos muscle cars norte-americanos. E, justamente por isso, nada mais justo do que eu, um apaixonado por muscle cars e pela cultura do motorzão V8 de potência exagerada, ser incumbido de testar esse monstro, certo?

Será que a RAM 1500 Rebel engole asfalto como os muscles faziam? Sabe fazer curva? Tem aptidão para encarar uma terra se necessário? E quando falamos em conforto, tecnologia e segurança? É sobre tudo isso que vamos falar agora.

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RAM 1500, hoje, não tem rivais

A RAM 1500 não tem concorrentes. Hoje, a única picape que tem preço parecido é a outra RAM, a 2500, que tem muita coisa parecida, mas uma proposta diferente - afinal a 2500 tem motor turbodiesel e uma pegada mais lameira e rural.

Chevrolet Silverado e a nova Ford F-150 disputariam clientes com essa RAM do nosso teste, que tem perfil mais esportivo que a 2500. Com motor V8 Hemi a gasolina de 5,7 litros, a picape tem 400 cv de potência, 56,7 kgf.m de torque e, hoje, rouba compradores de SUVs que estão em sua faixa de preço.

Sala de estar

A RAM 1500 é gigantesca. São 5,93 m de comprimento, 2,09 m de largura, 2,01 m de altura e impressionantes 3,67 m de entre-eixos - para se ter noção, cabe um Mobi entre os dois eixos, já que o carrinho da Fiat tem 3,59 m. Praticamente, uma sala de estar sobre rodas.

Vamos enaltecer não só o tamanho, mas também o visual, a começar pela frente, que tem jeitão clássico das picapes da RAM. A 1500 é ainda mais agressiva que a 2500 e vem com faróis em LED unidos por uma grade que simula os chifres de um carneiro - o animal que representa a marca. Tem ainda faróis de neblina e uma série de recursos de reboque na parte de baixo do para-choque.

Na lateral, um dos destaques são seus 2 metros de altura, tamanho que assusta qualquer outro carro, inclusive SUVs grandes e picapes médias que cheguem perto dela. As rodas são de 18 polegadas, calçadas por pneus de uso misto 275/65, mas o grande barato é o estribo ou degrau que desce quando você abre a porta para facilitar a entrada.

Na traseira meu destaque vai não só para o visual das lanternas de LED, mas para os canhões das saídas de escapamento do V8tão. Fora isso, vale destacar que a RAM 1500 tem dois tipos de abertura da caçamba: o modo convencional, para baixo... e o tipo armário, como também acontece na Toro. Curtiu até aqui? Então agora vamos para dentro para você conhecer a sala vip que é essa cabine.

Espaço para cinco (ou seis, oito, 12, 24, 30)

Acho que o grande destaque da RAM não é só toda esportividade e capacidade off-road que proporciona a quem dirige, mas principalmente o conforto para quem está lá dentro. Vamos começar justamente sobre a cama king size que é o espaço traseiro.

Com o "Fiat Mobi de entre-eixos", não tinha como o espaço para que vai atrás ser ruim. Cabem fácil três adultos por ali - e se não fosse pela delimitação de três lugares, daria para colocar quatro ou até cinco pessoas por conta da largura. É tão espaçoso que uma pessoa de estatura média conseguiria deitar no banco como se fosse uma cama.

Fora que a RAM 1500 ainda vem com todo o luxo e tecnologia necessários para um modelo desse valor, como várias entradas USB (são quatro só para quem vai atrás), saídas de ar-condicionado exclusivas, descansa-braço central e porta-copos no final do console.

Mas é na frente que tudo acontece. A RAM 1500 tem muita coisa, meus amigos. Vamos começar pelo painel do lado esquerdo do volante, onde estão os comandos dos faróis, o freio de estacionamento, dois botões que servem para o motorista ajustar a altura do pedal do acelerador e ainda um último que liga e desliga a tomada de 115V do RAM Box do lado esquerdo.

Painel de avião

Agora, vamos falar do volante. É grande, é verdade, e poderia ser um pouco menor, mas acho que a RAM o deixou desse tamanho pra seguir a proporção da picape. Do lado esquerdo ficam comandos do computador de bordo - que fica na tela colorida ao centro do quadro de instrumentos; do direito, os botões que ajustam o controle de cruzeiro adaptativo e a distância do carro à frente.

Sim, a RAM 1500 é mais um carro semi-autônomo do nosso mercado - como não poderia deixar de ser. Calma que ainda não acabou: no volante existem mais botões, na parte de trás, onde é comum vermos instaladas as borboletas para trocas de marca. Só que não. Na RAM, do lado esquerdo, você troca a estação do rádio ou a música da playlist; do direito, ajusta o volume.

Antes de chegar na parte central do painel precisamos falar sobre outro painel de comandos, do lado direito do volante. Vejam nas imagens na galeria acima.

Neste painel ficam o botão giratório que controla o câmbio e os botões do sistema de tração 4x4 - a RAM em modo standard fica sempre no 4x2 com 100% da tração traseira. Isso pode ser bem divertido, mas depende de onde você estiver e desde que tenha cuidado, porque, mesmo com os controles eletrônicos ligados, a picape pode escapar de traseira pelo excesso de força.

Nessa mesma zona de comandos estão os botões para você acionar o 4x4 convencional, o 4x4 com marcha reduzida, o botão que aciona e desliga o controle de descida e o que bloqueia o diferencial traseiro.

Só agora chegamos ao console central

Agora a gente chega a essa parte central e o destaque não tem como deixar de ser a tela gigantesca posicionada na vertical de 12 polegadas, como também vemos nos carros da Tesla. Com sistema Uconnect, a picape tem tudo que um modelo desse preço e porte precisa ter, como imagens das câmeras da frente e da traseira em alta resolução e, claro, conectividade com CarPlay e Android Auto.

Mas há pênaltis. CarPlay e Android Auto só funcionam por cabo, e não sem fio. E, pelo tamanho da tela, os sistemas interativos dos celulares são posicionados só na metade dela.

De volta ao sistema como um tudo: na parte de cima ficam os botões que ativam e desativam o sistema que evita escapadas de faixa, o pisca-alerta e o que aciona o sistema de estacionamento automático. Na lateral existem botões que comandam de forma analógica o ar-condicionado, para quem prefere um controle mais tradicional.

Mas para baixo ficam duas grandes roldanas giratórias: a do volume, que também é a que liga e desliga o sistema, e a que busca a estação de rádio ou música seguinte. Vale lembrar que tudo também pode ser ajustado de forma tátil pela tela.

Na parte inferior, logo abaixo da tela, existem outros quatro botões: o que liga e desliga o controle de tração; o que ativa o sistema de reboque e dois que ligam e desligam os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro.

No console existe um espaço tão grande que seria possível, de acordo com a própria RAM, armazenar um notebook com tela de 15 polegadas. São vários níveis e andares de ajuste, mas o destaque, além do volume, é o espaço onde se posiciona o celular, que tem um carregador sem fio que funciona com o aparelho posicionado em pé ou deitado, além de quatro entradas USB ao lado.

No total são nove entradas USB espalhadas pela RAM 1500. Repito: uma sala vip de muito conforto e tecnologia.

Ainda não acabou. No teto também há botões: os das luzes internas; abertura e fechamento do teto solar panorâmico e da cortina de isolamento luminoso do teto; um botão para o modo basculante do teto e ainda da janelinha que fica na parte de trás. É tanta coisa que certamente o cliente da RAM 1500 precisa de uma bela aula técnica na concessionária antes de sair com a picape por aí.

Segura e moderna

Acha que acabou? Pois ainda estamos longe. A RAM além de extremamente conectada também é muito bem equipada. Não vamos listar tudo que a picape tem, senão esse texto teria quilômetros, mas vamos destacar os mais legais, como o retrovisor interno que reproduz a imagem de uma câmera na traseira e do sistema de chave presencial com acionamento remoto e partida por botão.

Na parte mecânica, a RAM tem um sistema de desativação de cilindros que funciona quando o motor roda em rotações mais baixas - e sobre isso falaremos já já. E na parte de segurança, para quem tem família grande e crianças, a picape vem com ganchos isofix para fixação de cadeirinhas e, para quem curte entretenimento, teto solar panorâmico.

Só teve uma coisa que não curti, não pela função, mas pelo movimento físico em si da peça: quando você sai da inércia e acelera, as portas se trancam de maneira automática. E se você ou seu carona estiverem com o braço apoiado na porta, além do susto, o pino que desce e confirma o travamento belisca a pele do braço, o que não é muito legal. Mas chega de chorumelas, bora acelerar.

Vruooommmm

Bom, para quem curte um ronco visceral, a arrancada do V8 é de fazer o sangue subir e o corpo colar no banco, mais ou menos como acontece quando um muscle car arranca... a RAM oferece tudo isso, só que com alguns adicionais, que podem pesar a favor ou contra.

Vamos começar pelo contra, que é um só: os pneus. Como são bem lameiros e próprios para tocadas de todos os tipos, inclusive off-road, eles não conversam muito com o asfalto quando você faz uma curva mais forte, ainda que o propósito de um muscle car - ou uma muscle truck -, vale lembrar, seja o de engolir... linhas retas, e não curvas.

Agora, o que interessa: a RAM 1500 anda muito. Grita alto. Sai na frente de todos nos faróis, mesmo com seus 2.610 kg, e retoma velocidade de um jeito assombroso para um carro desse peso. O câmbio automático de oito marchas só ajuda nesse quesito: é esperto quando preciso, mas também consegue ser progressivo em tocadas mais calmas. E a tração traseira é a cereja do bolo.

Coloque tudo isso no papel e tenha uma aceleração de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos - caros leitores, é praticamente o mesmo tempo que um VW Golf GTi! Mas todo esse poder obviamente não combina com bom consumo de combustível.

Segundo dados oficiais, a RAM 1500 faz 5,3 km/l na cidade e 6,6 km/l na estrada. Na minha mão não passou de 5 km/l - mesmo que em vários momentos de estrada o conjunto tenha desativado quatro dos oito cilindros para que o consumo melhorasse.

Agora o lado "bom": o tanque de combustível da RAM 1500 tem 98 litros, o que significa que mesmo que a picape beba muito muito, as visitas ao posto de combustível demoram a acontecer, já que a autonomia máxima dela é de 647 quilômetros. Agora, se o combustível acabar... se prepare para desembolsar no mínimo R$ 600 para encher o tanque.

Conclusão

Em suma, temos uma picape completaça, importada dos Estados Unidos, com jeitão e características dos carros da terra do Tio Sam, voraz, faminta por asfalto (e também por lama) que custa quase meio milhão.

É a mais rápida e potente entre todas as picapes vendidas no Brasil, com apetite, estilo de sobra e até apelo de muscle car. E, para completar, vale dizer que o público dela é nichado, ou seja, tudo que a RAM importa de 1500 é rapidamente vendido para um cliente que já conhece a picape e sabe do que ela é capaz.

Se você tem interesse em se tornar um comprador, vale ir até uma loja da Jeep/RAM conhecer suas virtudes. E entrar na fila de espera, uma vez que a RAM já disse que a procura por não é pequena, seja aqui no Brasil ou nos EUA.

Afinal, falamos de um pouco de tudo: uma picape que é esportivo, tem jeitão de SUV, espaço para a família toda como uma sala de estar (com muito luxo, diga-se) e que ainda deve ser uma das últimas de sua linhagem a vir equipada com um V8tão tradicional e clássico como o Hemi de 5,7 litros. Sorte de quem levar uma dessas para casa.