Aceleramos a única versão do SUV compacto equipada com motor 1.3 turboflex de até 170 cv. Ele é robusto, completo e tem porta-malas bem farto.
No teste de hoje vamos falar sobre o Renault Duster 2022 em sua versão mais top, Iconic, de R$ 133.990 - a única equipada com motor 1.3 turbo de origem franco-alemã que também move Captur e alguns modelos da Mercedes-Benz, como o Classe A hatch e sedã.
Vendido a praticamente R$ 134 mil, o carro da Renault hoje acaba por competir na faixa de preço de SUVs compactos de projetos mais novos e modernos, como Volkswagen T-Cross, Hyundai Creta de nova geração, novo Jeep Renegade, Chevrolet Tracker e cia., além do próprio Renault Captur. Por isso, foca em coisas que talvez não sejam tão exploradas por essa turma, como espaço e robustez.
Visualmente o desenho é o mesmo daquela reestilização que o SUV recebeu no começo de 2020, um pouco antes de começar a pandemia. Na frente, as luzes são divididas em três andares, sendo que no de cima estão os canhões principais; no do meio estão faróis auxiliares para situações de percurso mais off-road e na parte de baixo os de neblina.
Lateral e traseira têm desenho mais próximo ao do antigo Duster, o que evidencia que a remodelação pela qual o carro passou em 2020 foi mais uma atualização (profunda) de meia vida do que uma troca de geração.
Por dentro, no entanto, houve uma revolução. Quem tem um Duster novo, comprado depois dessa atualização de 2020, tem outro carro quando comparado ao SUV que foi vendido no Brasil entre 2011 e 2019. O nível de acabamento melhorou muito - e isso é ainda mais notado na versão Iconic que testamos, como veremos a seguir.
Mas é fato que ainda dá para ver ou sentir coisas do projeto inicial do modelo, lá dos anos 2000 (o Dacia Duster surgiu para o mundo em 2009, no Salão de Genebra daquele ano), como o espaço no console que abrigava o ajuste elétrico dos retrovisores - e que agora é só um buraco -; o joystick atrás do volante para configuração do sistema de som e a chave cartão, que veio lá do Mégane.
Mesmo assim, o carro é completinho. Deve alguns equipamentos, como itens de auxílio à condução e um carregador de celular sem fio, mas pelo menos vem com sensor de ponto cego (que pode ser ligado e desligado); sistema de câmeras 360ª; central multimídia com espelhamento via CarPlay e Android Auto (por cabo); e sensores de chuva e crepuscular.
Na parte de segurança, o Duster Iconic vem com só com dois airbags (os frontais, obrigatórios), mas traz alarme; controle de tração e estabilidade; assistente de partida em rampa; câmera de ré; sensor de estacionamento traseiro e uma série de recursos no computador de bordo, como limitador de velocidade com controlador (sem ser adaptativo) e comandos eletrônicos para ajustes de retrovisor.
Em resumo, é um carro completo e muito digno, mas que claramente está um passo atrás de rivais mais novos com projetos mais recentes, que têm equipamentos mais tecnológicos tanto no quesito de conforto (como o carregador que citamos e um cluster digital, por exemplo) como de segurança - afinal por esse valor já existem muitos carros que vêm com sistemas semi-autônomos de condução.
O espaço traseiro não é ruim e pode receber dois adultos se quem estiver sentado à frente não for tão alto, mas perde um pouco do conforto em favorecimento do porta-malas, que comporta 475 litros - um dos maiores entre todos os SUVs compactos. Tá aí outra grande vantagem do Duster: além de robusto, o espaço para bagagem é um diferencial.
Fato é que o motor 1.3 turbo dá ânimo ao Duster. Ok, sabemos que o propulsor é limitado somente à versão mais cara de R$ 134 mil (e aqui vale lembrar que o Duster de entrada, com motor 1.6, custa menos de R$ 100 mil), mas é o conjunto moderno e eficiente que faz do Duster uma opção parruda para quem quer um SUV que tem talento para enfrentar a cidade e vencer estradas de terra no fim de semana.
O SUV da Renault também não tem mais tração 4x4 como fazia até 2019, mas segundo a Renault eram poucos os clientes que queriam essa configuração (cerca de 10% dos interessados). O que o carro tem é vontade: anda bem, retoma melhor ainda a velocidade e tem até jeito para fazer curva, embora seu foco seja no conforto.
De acordo com dados oficiais da marca, o Duster turbo acelera de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e consegue chegar a 190 km/h. Nessa configuração mecânica, com câmbio CVT que emula 8 marchas, o SUV faz 7,7 km/l na cidade e 8,4 km/l na estrada com etanol e 10,8 km/l e 11,5 km/l, respectivamente, com gasolina. Não são ruins, mas a idade do projeto e o peso de 1.353 kg jogam no time adversário.
Conclusão: o Duster é aquele bom carro que já tem certa idade, e não nega isso, mas que recebeu incrementos para continuar competitivo dentro de um segmento cada vez mais moderno e disputado no mercado brasileiro. Tem talento, tem fôlego quando equipado com motor turbo e espaço para a família toda graças ao bom porta-malas, o que pode ser exatamente o que você está procurando.