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Classic 350: funcionalidade com preço acessível

Avaliamos a moto da Royal Enfield, a mais exótica zero-quilômetro que você pode ter no Brasil por até R$ 25 mil


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A Royal Enfield Classic 350 é uma moto diferente, bem diferente. Em um oceano de motos parecidas visualmente e com desempenho similar, se destaca pelo estilo único, que nos lembra os tempos gloriosos do motociclismo britânico e que surpreende pela funcionalidade coerente com sua proposta.

Royal Enfield Classic 350: funcionalidade com preço acessível

A Classic 350 foi lançada no Brasil em setembro de 2022. Foi o oitavo modelo lançado desde que a Royal Enfield abriu sua primeira concessionária no Brasil, em 2017. Pelos dados de emplacamentos da Fenabrave em 2022, foram 988 unidades. E até setembro de 2023, mais 2.455 Classic 350 ganharam as ruas do Brasil.

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A Royal Enfield Classic 350 dá plena conta do recado em ambiente urbano, e com sobra de força
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O Legado das Royal Enfield Classic

O visual é chamativo, e lembra muito o da antecessora Classic 500. Nesse sentido, podemos dizer que a Royal Enfield fez um ótimo trabalho. Eu andei na Classic 500, uma das três motos que abriram a linha de produtos da marca no Brasil, em 2017, e quando visitei a Índia, em 2022, vi muitas - mas muitas - Classic 500.

Mas vi, principalmente, a 350 que compartilhava a base da 500 - que, na Índia, foi a versão mais vendida. Lá a Classic é popular e tradicional, como a Honda CG no Brasil, que vemos em cada esquina.

E pelo alto volume de vendas das Classic, teve a mesma importância para a Royal Enfield, ajudando a "pagar as contas". Outra moto com a mesma influência dentro da marca é a Bullet, que recentemente ganhou uma nova geração que usa a mesma base dessa Classic 350.

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A Royal Enfield Classic 350 é a melhor opção de moto com visual retrô até R$ 25 mil
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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No Brasil, por muitos fatores, a Classic 500 não ganhou tantos fãs como na Índia. Mas sua sucessora, com uma base mecânica muito superior à da antecessora, atrai a atenção dos curiosos.

Isso acontece tanto pelo visual único quanto pela possibilidade de ter uma moto clássica zero-quilômetro sem os perrengues que envolvem ter uma moto exótica clássica mais antiga, para a qual não não se encontram mais peças ou quem faça manutenção de forma adequada. Ou mesmo de uma marca que nem existe mais.

No caso da Classic 350, você poderá visitar um encontro de motos clássicas e também usá-la normalmente no seu dia a dia, rodando tranquilamente. Quanto mais você andar com o modelo, mais irá se acostumar com o seu ritmo suave, com a potência e o torque disponíveis mesmo em baixos giros. É uma experiência de pilotagem que nenhuma outra moto - que tenho conhecimento - te entrega.

A robustez tem seu peso

Mas nem tudo são flores. Exótica, a Classic segue a receita de usar o mínimo de plástico possível, o que a deixa bem pesada. A moto tem 195 quilos de peso em ordem de marcha. Como referência, uma Bajaj Dominar 400, que é um tanto maior, pesa 192 quilos.

Robusta como um tanque de guerra, a Classic exige cuidados na condução, principalmente se você quiser seguir o ritmo acelerados dos entregadores, com motos nos estreitos corredores formados entre os carros, nas grandes cidades.

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O motor da Classic 350 é o mesmo da Meteor e da Hunter: monocilíndrico que rende 20,2 cv e 2,7 kgf.m
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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A Classic entrega agilidade, boas retomadas e sensação de segurança com o freio a disco nas duas rodas, ambos com ABS. Mas o peso extra fica como um pica pau martelando a árvore com o bico, te lembrando que não dá para andar como se fosse a Honda CG que está na sua frente. Vá com calma...

O visual é clássico e muito tradicional, mas há recursos de motos novas. Os punhos são os mesmos de Meteor 350 e Hunter 350, e me agrada a ergonomia e a facilidade de uso. Onde fica o lampejador nas motos convencionais, na Classic 350 fica o botão do painel.

No mesmo punho esquerdo, escondido perto da manete do freio dianteiro, está uma tomada USB de 5 Volts e 2 Ampéres, que funciona apenas com o motor ligado. É útil para você não ficar sem telefone por falta de carga durante o ir e vir na motocicleta.

Propositalmente minimalista

O painel é simples, bem simples: tem velocímetro analógico grande com escalas em quilômetros e milhas - pois é um modelo globalizado - e no display digital temos hodômetros total e dois parciais, além do relógio, nível de combustível e indicador "Eco" que fica ligado quando você está pilotando de forma econômica sua moto. Não há conta giros, indicador de marcha e médias de consumo.

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O painel da moto tem velocímetro analógico e uma pequena telinha de LCD com informações básicas
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Como curiosidade, o emblema ao lado direito esconde um "segredo": se você quiser usar o navegador ponto a ponto da Royal Enfield chamado Tripper, que é item de série na versão mais completa da Hunter 350, esse local do emblema é onde a marca preparou para acomodar o dispositivo. Ali, fica bem acomodado e protegido, mas sem comprometer o visual ou precisar de adaptações. Achei interessante.

Sem dúvidas, a Classic 350 bebe muito da fonte do popular "menos é mais": tem o essencial para ir e vir com segurança. O sistema de iluminação da Classic 350 não tem nada em LED. Mas o farol com lâmpada halógena 60/55W dá conta de iluminar o caminho onde for necessário.

Rodas e pneus

Aqui temos um dos pontos diferentes dessa moto. O aro dianteiro tem 19 polegadas e o aro traseiro, 18 polegadas. Nessa versão que avaliamos, batizada de Dark, usa rodas de liga leve com pneus sem câmara da marca CEAT. As outras três versões da Classic 350 (Halcyon, Signals e Chrome) se diferenciam apenas pela pintura e usam rodas raiadas com pneus com câmara de ar.

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O banco da Classic 350 tem visual retrô, mas oferece bom nível de conforto
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Se você quer uma Classic e pneu sem câmara é uma prioridade, terá que ir na versão Dark, mesmo. Os pneus têm bom comportamento e passam segurança na pilotagem, dentro do desempenho proporcionado pelo motor.

As medidas não são tradicionais no Brasil, mas a Royal Enfield garante o fornecimento desses pneus. A Metzeler tem o modelo Lasertec com medidas bem próximas, que pode ser usado como opção caso os originais não agradem.

Pneus lembram segurança, que nos lembra... freios! Na Classic 350 temos disco de freio (300 mm na frente e 270 mm na traseira) com ABS atuando nas duas rodas. O sistema é da Bybre - segunda linha de freios da Brembo - e atua com força. Mesmo andando rápido, não se sente falta freio nessa moto e isso passa segurança para encarar o trânsito e estradas.

Qual é o estilo da Classic?

A Classic é o que? Uma moto urbana como Yamaha Fazer 250 e Honda CB 300F Twister? Uma custom? Se eu tivesse que dar um rótulo, seria de moto custom. Tanto pelo motor com mais torque e trabalhando em rotações baixas quanto pelo som grave do escapamento e pelo visual essencialmente retrô.

Esse estilo fica mais nítido quando tiramos o assento do garupa. E aqui vale lembra que o banco do piloto não é baixo como na Meteor 350: fica a 80,5 cm do solo, contra 76,5 cm na Meteor. Dependendo da sua altura, ou do comprimento das suas pernas, isso pode ser um problema.

Bem posicionadas, as largeas pedaleiras contribuem para uma boa posição de pilotagem
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Em relação à Meteor, a ciclística da Classic te deixa mais reto na moto e o guidão é mais estreito. A posição de pilotagem te dá um pouco mais de agilidade - a Meteor tem pedaleiras avançadas e guidão mais largo, mais curvado e mais próximo do piloto. Aí, fica mais "sentado no sofá".

Na Classic, o conforto dos assento do piloto e do garupa é acima da média. Um dos destaques da Classic 350 é justamente o conforto que ela entrega na pilotagem, mesmo em pisos irregulares.

As suspensões são simples, sem ajustes na dianteira e com ajuste de pré-carga em seis níveis na traseira, que tem dois amortecedores. A escolha do sistema bichoque no lugar de um monochoque (que costuma ter melhor comportamento dinâmico) certamente se deu pelo custo mais baixo e pelo visual mais clássico. A suspensão traseira não me agradou muito, mas é justo dizer que cumpre bem seu papel, garantindo conforto e estabilidade.

A Classic 350 tem freios disco com ABS nas duas rodas, que proporcionam frenagens bem eficientes
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Visual antigo, motor atual

A Classic é movida pelo motor compartilhado com Meteor 350 e Hunter 350. De um cilindro, refrigerado a ar, sem radiador de óleo, com duas válvulas, comando simples, que trabalha apenas com gasolina e tem um câmbio de cinco marchas supreendentemente bem acertado.

Nesse conjunto, não senti falta de uma sexta marcha. Os engates são precisos e o desempenho é curiosamente interessante - e funciona na proposta da moto. O motor tem 20,2 cv de potência máxima, entregues em 6.100 rpm. Gira baixo, mas girar baixo significa respostas mais rápidas ao acelerador.

Escondidinha sob o manete da embreagem, a tomadinha USB ajuda a carregar o smartphone
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Com 2,7 kgf.m de torque em 4.000 rpm, a Classic tem boas retomadas em qualquer situação. A rotação em marcha lenta é bem baixa e o ronco do motor é grave, agradável. Bem diferente do usado na antecessora Classic 500, esse motor praticamente não vibra e tem funcionamento liso. Não incomoda em nenhum momento.

O consumo no teste ficou em 27,9 km/l, com rodagem na cidade e na estrada. Com tanque para 13 litros, nessa média de consumo a autonomia passa de 350 quilômetros. A Classic chega rapidamente aos 80 km/h e, com espaço, chega num segundo momento em 100 km/h. Na estrada, em piso plano, alcança os 120 km/h. Em descidas na estrada vai subir um pouco, mas nada absurdo. Essa moto não é pensada para viajar e nem para uso no motofrete.

É uma moto para deslocamentos urbanos e que, sim, permite que você vá para a estrada. Mas lá exigirá cautela no posicionamento em relação aos veículos maiores e mais cuidado ainda na hora de ultrapassar outros veículos. Rodando perto dos 120 km/h, não há sobra de força para ultrapassagens.

Iguais aos usados na Meteor e na Hunter, os comandos da Classic 350 são intuitivos e fáceis de usar
Crédito: Ricardo Rollo / Wm1
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Conclusão - Royal Enfield Classic 350

A Royal Enfield Classic 350 te convida a rever a urgência de tudo, a rodar mais tranquilo, sem acelerar tanto a todo momento. No meu período com a moto, foi interessante entender como fui me "reprogramando" e curtindo de forma mais leve o motociclismo.

Em São Paulo, em outubro de 2023, o preço com frete da Classic 350 Dark é R$ 23.990, exatamente o mesmo preço da versão mais completa da Hunter 350, que tem pintura em duas cores e já vem com o navegador Tripper como item de série. São motos equivalentes em preço, mas para diferentes perfis de motociclista e com diferenças funcionais - inclusive a Hunter é 14 quilos mais leve e, por isso, mais ágil.

Um alerta importante para quem estiver interessado em comprar uma Classic 350: consulte os preços das revisões e das peças antes de comprá-la. Muita gente espera valores similares aos cobrados para motos como Honda CG, mas eles são bem mais altos.

Ficha Técnica - Royal Enfield Classic 350

Preço: R$ 23.990 (com frete/São Paulo)

Motor: monocilíndrico, refrigerado a ar e óleo, 349 cm³, potência de 20,2 cv a 6.100 rpm e torque de 2,7 kgf.m a 4.000 rpm

Transmissão: câmbio de cinco marchas com secundária por corrente

Suspensões: dianteira com garfo telescópico sem ajustes e 13 cm de curso; traseira bichoque com 8 cm de curso e seis ajustes de pré-carga

Freios: a disco nas duas rodas, com 300 mm na frente, 270 mm atrás e ABS nas duas rodas

Pneus: CEAT diagonal sem câmara (na versão Dark avaliada), nas medidas 100/90 R19 na frente e 120/80 R18 atrás

Dimensões: comprimento de 2,14 m, largura de 78,5 cm, altura de 1,09 m, entre-eixos de 1,39 m, banco a 80,5 cm do solo, vão livre de 17 cm e peso de 195 quilos em ordem marcha

Tanque: 13 litros

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