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Royal Enfield Hunter: mais agilidade com estilo

Avaliamos o promissor lançamento da marca anglo-indiana no Brasil: a pequena naked surpreendeu bastante durante o teste

por Marcelo Barros

Em setembro de 2023, a Royal Enfield fez o lançamento da sua décima motocicleta no Brasil, a Hunter 350. O evento de primeiro contato com a moto foi na agitada capital paulista e agora chegou a oportunidade de realizar uma análise mais completa e responder questões importantes.
A moto chegou em duas versões: Dapper, de entrada com pintura monocromática (nas cores prata, branca e cinza), e Rebel, com pintura bicolor (nas cores azul e branca, vermelha e preta ou preta e prata) e o sistema de navegação Tripper como item de série. A diferença entre as duas versões é de exatos R$ 2.000.

O que a Royal Enfield Hunter oferece?

A primeira impressão visual é que essa Hunter poderia tranquilamente ser uma Triumph mais acessível, pois o visual me lembrou o da Street Twin. Bom acabamento e um design harmonioso, com personalidade, como a Royal Enfield sabe fazer muito bem.
O painel é o mesmo da Scram 411. Redondo com velocímetro analógico na parte superior e display digital ao centro com informações básicas ao condutor. No painel acende um aviso "Eco" quando você está conduzindo de forma econômica. Não informa média de consumo, recurso que eu queria ver disponível, pois considero útil no dia a dia com a moto. Também não tem conta giros.
Ao lado do painel temos o Tripper. Ele dá coordenadas ponto a ponto para chegar ao seu destino usando os mapas do Google e toda configuração é feita pelo telefone via aplicativo Royal Enfield. Bem simples e fácil de usar, e poupa seu telefone de fritar no calor ou precisar ser guardado - e te deixar sem navegação - quando chove. Achei útil.

Outro item útil é o cavalete central, disponível nas duas versões. Os punhos são os mesmos da Meteor e da Classic 350. Tem pisca-alerta no punho direito, no punho esquerdo onde em outras motos ficam o lampejador do farol está o botão do painel. Tudo é bem ergonômico e natural para usar durante a pilotagem. Gostei disso.
A iluminação não tem nada em LED. A lâmpada do farol halógena é 60/55 W e dá conta do recado durante a pilotagem noturna. Escondido debaixo da manete esquerda, há uma tomada USB de dois Ampéres, útil para recarregar seu telefone durante o dia enquanto pilota.

Como é pilotar a Royal Enfield Hunter 350?

A posição de pilotagem me lembrou muito das tradicionais Yamaha Fazer e Honda Twister, ficando mais reto na moto, mais natural e fácil para fazer manobras rápidas, se comparar, por e xemplo, com a Meteor. Tenho 1,83 m de altura e me adaptei rapidamente a ela, como se fosse minha há muito tempo, e isso é muito positivo.
O encaixe das pernas no tanque me agradou, tem 13 litros, igual na Classic, só que a medida “entre pernas” me pareceu menor na Hunter, me deixando mais confortável.
Na cidade, ela é realmente mais ágil que qualquer outra Royal Enfield e o peso reduzido ajuda nisso (são 181 quilos na Hunter contra 191 quilos na Meteor e 195 quilos na Classic 350), mas se a gente comparar com opções street no Brasil na mesma faixa, essa Royal Enfield fica um passo atrás.

A Hunter é capaz de acompanhar qualquer street na rua até determinado ponto, por exemplo, quando o corredor entre os carros está mais estreito, aí se exige mais do condutor e isso compromete um pouco o prazer na pilotagem. São dois motivos: um é o peso extra da Hunter, 30 quilos mais pesada que uma Yamaha FZ25, por exemplo. O outro é o uso do duplo amortecedor na traseira, enquanto todas as outras street na mesma faixa da Hunter usam monoamortecedor, que considero mais eficiente.
Mas vale dizer que a suspensão dianteira tem um ótimo acerto e permite botar a moto onde você quer durante a pilotagem. Com garupa na cidade, notei que as respostas do motor são suficientes, graças ao torque de 2,7 kgf.m entregue cedo, em 4.000 rpm, e os 20,2 cv de potência chegando em 6.100 rpm. O som não é grave como eu gostaria – como na Classic 350 - mas é bem agradável. O motor funciona liso e o câmbio de cinco marchas me surpreendeu.
Oferta Relacionada: Marca:ROYAL-ENFIELD Modelo:HUNTER-350

Ajustar a suspensão é importante

Quando eu achava que estava em quinta marcha, eu estava em quarta. E ao subir mais uma, baixava ainda mais a rotação do motor e sentia ele trabalhando ainda mais suave, praticamente sem nenhuma vibração do motor. Ou seja, dando mais conforto e prazer na pilotagem. Dos cinco níveis de ajuste da pré-carga da suspensão traseira, deixei no nível quatro (ou a segunda posição da mais firme para mais macia, se preferir). Isso melhorou bem o comportamento da suspensão traseira na cidade e na estrada.

Mas, mesmo assim, a minha passageira no teste se incomodou quando passei em irregularidades do asfalto. Porém, achou o banco confortável – o mesmo para mim na posição de piloto. E como amenizar isso? Indo mais devagar, quando não houve incômodo nesse sentido.
Na estrada, a velocidade de cruzeiro é de 100 km/h, em média. Nas retas, fica entre 115 km/h e 120 km/h, e com embalo em alguma descida que apareça o painel marca em torno de 130 km/h. Passando perto de veículos grandes não tive problema de instabilidade pelo vento, o que considero bom.
Rodando na cidade com e sem garupa e na estrada sozinho, o consumo ficou em 28 km/l. Andando mais tranquilo do que eu – que preciso explorar ao máximo a moto – essa média deve passar de 30 km/litro facilmente, e talve chegue nos 35 km/l.
Os pneus da CEAT sem comportaram bem no teste, lembrando que essa é a única Royal Enfield até o momento com rodas aro 17polegadas na frente e atrás, que somam na agilidade da moto. Destaque para os freios, da Bybre, que tanto na dianteira quanto na traseira têm o sistema antibloqueio (ABS) e ótimo tato: passaram confiança para frear firme sem receio. É um dos pontos fortes dessa moto.

A Royal Enfield Hunter vale a pena para quem?

Eu gostei da experiência com a Hunter. Para mim, é a moto com mais potencial de converter novos motociclistas para a Royal Enfield, exatamente pelo comportamento mais próximo das tradicionais japonesas. Eu disse próximo, pois não encontrará desempenho igual. A Hunter deve representar um aumento considerável no volume de vendas da marca no Brasil e talvez acelerar seu crescimento.
Enquanto encerro esse texto, em outubro de 2023, são 25 concessionárias em funcionamento no Brasil. O que temos de alternativas em torno do que a Hunter oferece são a Yamaha FZ25, a Honda CB 300F Twister, a Bajaj Dominar 200 e a Dafra Apache 200. Cada uma com diferenciais, cada uma pensada para um perfil específico.
Mas nenhuma delas considero uma rival direta da Hunter 350, pois no conjunto da obra ela entrega uma experiência de pilotagem agradável. Me senti bem andando com ela. A moto tem 3 anos de garantia e plano de revisão com preço fixo. Potencial para ser a moto do dia a dia e de passeios eventuais para fora dos limites da cidade no fim de semana ela tem, sem perder o charme do estilo retrô, uma marca forte da Royal Enfield e algo que segue em alta no Brasil.
Recomendo você fazer o test ride em uma concessionária e ver se a Hunter é a moto certa para você. Inclusive, ela pode ser sim a primeira moto de quem quer entrar no mundo das duas rodas.

Ficha técnica - Royal Enfield Hunter 350 2024

Preços sem frete: R$ 19.990 (Dapper) e R$ 21.990 (Rebel)
Motor: monocilíndrico, a gasolina, OHC, duas válvulas, refrigerado a ar, 349 cm³, potência de 20,2 cv a 6100 rpm e torque de 2,75 kgf.m a 4000 rpm
Transmissão: câmbio de cinco marchas com secundária por corrente
Suspensões: dianteira com garfo telescópico de 41 mm sem ajustes e 13 cm de curso. Traseira com duplo amortecedor com ajuste de pré-carga em cinco níveis e curso de 9 cm
Freios: disco de 30 cm na dianteira e disco de 27 cm na traseira, com ABS nas duas rodas
Pneus: CEAT diagonal sem câmara nas medidas 110/70 R17 na frente e 140/70 R17 atrás
Dimensões e peso: 2,1 m de comprimento, 1,37 m de entre-eixos, 80 cm de largura, 1,05 m de altura, 15 cm de altura livre do solo, altura do banco de 79 cm e 181 quilos em ordem de marcha
Tanque: 13 litros (reserva de quatro litros)

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