A General Motors confirmou a venda da picape grande Chevrolet Silverado no Brasil em outubro de 2023. O modelo, que é um dos líderes de vendas nos Estados Unidos, vai retornar ao nosso mercado após 19 anos, alimentado por um motor a gasolina. O WM1 avaliou duas das versões mais cotadas para serem importadas em percurso off-road e na estrada.
As duas configurações compõem a categoria 1.500, ou seja, a menor disponível. Ela bate de frente com a RAM 1.500, além da Ford F-150 que deve chegar às concessionárias brasileiras em um período semelhante ao da Silverado.
Outra característica comum às versões testadas, ZR2 e High Country, é o motor V8 6.2 que desenvolve 425 cv de potência e 64 kgf.m de torque máximo. O propulsor, que está alinhado a uma transmissão automática de 10 velocidades, é o mesmo que dá vida ao icônico Camaro. Não dá para cravar que este será o motor da Silverado oferecida em nosso mercado.
Isso porque a picape dispõe de outras opções a gasolina, menos potentes: 2.7 de quatro cilindros turbo de 310 cv e 5.3 V8 de 355 cv. Em contrapartida, a aposta mais quente é que a GM opte pelo conjunto de oito canecos e 6.2 litros porque, assim, terá um representante mais potente do que a RAM 1.500 de 400 cv.
Em test-drive realizado entre cidades próximas de Detroit, matriz da GM nos EUA, aceleramos primeiro a versão topo de linha da picape, High Country. Ela ostenta visual com diversos elementos cromados, que começam na volumosa grade, passam pelo para-choque e chegam a retrovisores e alguns badges.
Embora seja a opção completona, o interior não tem acabamento muito chamativo. Há alguns plásticos que imitam madeira no console e nas portas, além de couro nas partes em que o motorista mais tem contato com o habitáculo, como o descanso de braço.
Mas, além da infinidade de botões do console central, o que mais chama atenção são as telas digitais que compõem painel de instrumentos e central multimídia. O cluster tem 12,3 polegadas, enquanto o display sensível ao toque tem 13,4 polegadas. Os recursos são a maior novidade da linha 2022 da picape, que foi lançada recentemente no mercado norte-americano.
Eles são o toque de modernidade do interior sóbrio da Silverado. A GMC Sierra, que é a mesma picape, mas com marca diferente, tem habitáculo mais requintado. Mas nenhuma delas chega perto da ostentação de uma RAM 1.500, que dispõe de madeira original, couro e camurça por tudo quanto é canto. São propostas distintas.
O mesmo pode ser dito em relação à outra versão avaliada, a ZR2. Esta tem apelo off-road desde o visual até o implemento de suspensão mais alta e parruda. Os adornos cromados são substituídos por itens escurecidos para transmitir sensação de esportividade
No percurso fora-de-estrada dentro do campo de provas da GM, em Milford, a Silverado ZR2 não teve problemas para superar os obstáculos. É verdade que o maior desafio ali era mais colocar o bicho de 5,83 m de comprimento e 2,06 m de largura nos trilhos.
Vigorosa, a Silverado transmite sensação de robustez e firmeza. Aponta facilmente para onde o motorista deseja ir e passa segurança para entrar bem rápido nas curvas. No entanto, a carroceria pula bastante em obstáculos elevados sucessivos. Você chega até a sair do banco se estiver em velocidade um pouco elevada. Mas essa ponderação tem como maior culpado o fato de termos avaliado o insano e gigantesco GMC Hummer EV antes de seguir para o volante da Silverado.
O dito cujo ultrapassou o mesmo obstáculo com uma maciez tão impressionante que nem parecia que estávamos em um percurso off-road. Já na estrada, a caminhonete da Chevrolet chama atenção pelo conforto dinâmico e sonoro. É até estranho pensar que estamos sob a batuta do mesmo motor que ronca forte no Camaro.
Só que a experiência mais interessante do teste foi promovida pela tecnologia Super Cruise. Esse é o nome do sistema autônomo da GM, parecido com o Autopilot da Tesla, e que já é comum em vários carros de luxo. A diferença do recurso em questão é que este conta com a ajuda de sensores e uma câmera na coluna de direção.
Ela fica apontada para o motorista e monitora se ele está disperso ou mexendo no celular, por exemplo. Se tudo está nos conformes, uma barra verde fica acessa na parte superior do volante.
Neste cenário, não é preciso ficar com as mãos no volante, o que é aceito em diversas cidades dos Estados Unidos. Mas a tecnologia só entra em ação em vias mapeadas. A sensação mais inusitada foi quando o sistema decidiu trocar de faixa para fazer uma ultrapassagem.
Sozinho, o carro deu a seta para a esquerda e emitiu um alerta com uma vibração no banco. Deu até um sustinho. A tecnologia toma essa atitude conforme a velocidade definida pelo motorista e de acordo com as condições do tráfego.
Apesar de manter um estilão mais conciso no visual, a Silverado já deu um passo largo rumo a uma mobilidade mais moderna. Ela está disponível por US$ 34.600 a US$ 68.720. Em conversão direta, os valores correspondem a R$ 180 mil e R$ 360 mil, respectivamente.
É claro que o modelo será ofertado no Brasil por um valor superior. Não é possível cravar preços, até porque a previsão de lançamento do modelo é somente para outubro do ano que vem, mas a ideia é que seja uma opção mais em conta em relação à RAM 1.500 e que não tenha o mesmo tempo de fila de espera do rival. O motivo é que a importação da Silverado é do México, o que diminui os valores de tributação.