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Renault Stepway CVT: o Sandero que não faz sentido

Modelo passou por reestilização, mas preço e falta de características exclusivas depõem contra o custo-benefício

por Renan Rodrigues

O leitor deve ter chegado até aqui graças ao chamativo título. Já adiantamos que não é mentira, mas a explicação está mais abaixo. Antes, falaremos a respeito da mudança e do comportamento do aventureiro da Renault equipado com câmbio CVT.
Pela primeira vez em sua já vasta história no Brasil, o Sandero ganhou uma boa caixa de câmbio automática. Nos primeiros, a caixa de apenas quatro marchas amarrava consideravelmente o desempenho do veículo, apesar de ser uma transmissão confiável.
Depois, a Renault apostou no automatizado Easy'R, que nem sabemos seu comportamento, pois a marca jamais disponibilizou para avaliação. Agora, conta com a consagrada transmissão continuamente variável, a CVT.
O câmbio, como sabemos, não tem marchas e por isso não existem trancos. No caso do Stepway, há a simulação de seis marchas.
A transmissão cumpre bem sua função, mantendo as rotações baixas em acelerações suaves. No entanto, isso acarreta em um desempenho pior do que o esperado para o motor 1.6 16V de até 118 cv e 16 kgf.m de torque.
Não que seja ruim, mas ele é um tanto lento, especialmente na cidade. Isso acontece graças à junção das características de câmbio, que procura deixar as rotações mais baixas para melhorar o consumo de combustível, com o motor de 16V, que tem apetite melhor em rotações mais altas. O torque máximo só aparece em 4.000 rpm.

A suspensão, como de costume na gama, é bem acertada. Apesar da altura do solo ser maior, não há comprometimento da estabilidade. O conjunto filtra bem as imperfeições do solo, sem transmitir a maioria dos buracos para os ocupantes.

Consumo não é dos melhores

Apesar do motor 1.6 SCe ser recente, o consumo não é seu grande trunfo. Em nossos testes, ele variou entre 6,9 km/l na cidade com etanol no trânsito habitual.
Enquanto com a cidade mais livre devido ao período de férias escolares (ficamos com o Stepway CVT por um mês entre dezembro e janeiro) e com o combustível vegetal, conseguiu render até 7,6 km/l. Na estrada, ficamos perto dos 9 km/l.

Quando trocamos para gasolina as coisas ficaram um pouco melhores. Neste caso, testamos apenas com a cidade já esvaziada, conseguindo média de 11 km/l. Porém, a diferença foi pouco para a estrada, quando marcou 11,9 km/l em trechos de 100 km/h.

Central didática e eficiente

Muitos dizem que a central da Renault, Media Evolution, é demasiadamente simples. De fato, o visual lembra até os primeiros programas de computadores ou as próprias centrais do começo dos anos 2010 - no entanto,  é extremamente fácil de ser operada e reúne funções principais.
Pouco antes da reestilização, o Sandero ganhou conectividade com Android Auto e Apple CarPlay, deixando o equipamento compatível com o demais concorrentes de mercado.
E ainda tem um plus: as funções Eco Scoring e Eco Coaching mostram como você está dirigindo e avaliam suas acelerações e freadas.

Espaço é o grande trunfo

A vivência dentro do Sandero é mais complicada para o motorista, pois a ergonomia não é das melhores. Alguns comandos ficam em posições pouco convencionais, como os comandos satélites atrás do volante, ajuste do retrovisor e o controlador de velocidade e piloto automático. O acabamento também fica devendo, já que há diversos plásticos rígidos na cabine.
No entanto, para os passageiros o espaço e o acerto de suspensão são ótimos. Há certa tranquilidade para cinco pessoas. Claro, ainda é um compacto, então algumas concessões precisam ser feitas, mas dá para suportar melhor do que nos demais concorrentes.

Não faz sentido?

O grande apelo de vendas do Stepway sempre foi o visual aventureiro somado à altura do solo elevada em relação às demais versões do Sandero. Mas isso mudou na linha 2020. A adoção do câmbio automático X-Tronic CVT obrigou a marca a subir a altura de todas as versões automáticas.
Isso acontece pois a montagem da caixa é diferente do convencional, o que deixaria a transmissão muito próxima do chão e aumentaria o risco de danifica-la. Assim, a Renault igualou todas as configurações automáticas à altura do Stepway, que não teve um novo arranjo.

E aí quando analisamos a gama Renault, achamos o Sandero Iconic CVT por R$ 66.390. Essa configuração vem com quatro airbags (dois frontais e dois laterais), Isofix, direção eletro-hidráulica, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas.
Em termos de comodidade, há ar-condicionado automático, central multimídia, sensor de estacionamento, câmera de ré, piloto automático e controlador de velocidades. As rodas são de 16 polegadas com acabamento diamantado.

Já a configuração avaliada, Stepway Iconic CVT, custa R$ 73.890. Ela tem apenas bancos de couro e sensores de luz e de chuva quando comparada à configuração descrita acima.
Portanto, são R$ 7.500 a mais por poucos equipamentos, sendo que o visual é bem próximo e a altura de rodagem é a mesma.
O preço também é superior a projetos mais modernos, como o Fiat Argo Trekking (apesar do motor 1.3) e Ford Ka Freestyle. Se você descontar alguns equipamentos, dá até para levar o novo Hyundai HB20X.

Confira a avaliação do Sandero CVT em vídeo:

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