O T-Cross 2025 melhorou onde precisava melhorar e manteve as boas qualidades reconhecidas desde o lançamento. Não é barato, mas tem um bom pacote.
Ninguém segura o T-Cross. E não sou eu quem está dizendo isso, mas o mercado. O SUV compacto da Volkswagen fechou maio na liderança do segmento e emplacou mais de 25 mil unidades desde o início de 2024. E já não era segredo que o visual desse cara aqui iria mudar. Um verdadeiro fenômeno!
Lançado por aqui em 2019, o T-Cross finalmente estreia a sua primeira reestilização na linha 2025. Um tapa no visual externo que veio acompanhado de mudanças no interior e novos equipamentos de série.
Será que foi o suficiente para deixar o SUV mais atraente? Confira o nosso teste com a versão topo de linha Highline.
O pessoal da Volkswagen teve uma tarefa ingrata: mexer no visual de um carro que é líder em sua categoria. No final das contas, venceu a razão.
A marca alemã não investiu em fórmulas arrojadas para mexer no T-Cross 2025. Ao invés disso, trouxe para o carro feito em São José dos Pinhais (PR) a mesma cara do SUV vendido no mercado europeu.
Na dianteira, entraram novos faróis (de LED em toda a linha), para-choque e grade frontal. Mudanças que deixaram o SUV com uma cara mais imponente e atual que a do T-Cross antigo.
Já na traseira, a filial brasileira optou por uma solução local. Além do para-choque redesenhado, o nosso T-Cross combina as laternas traseiras das versões básicas da Europa com uma faixa central iluminada exclusiva para o nosso mercado.
Particularmente, achei o visual mais interessante que o das versões de topo europeias, que até tem a tal faixa iluminada entre as lanternas, mas com visual um pouco diferenciado.
Completa o pacote de mudanças as novas rodas de 17 polegadas, que tem acabamento diamantado de série mas podem receber acabamento escurecido no pacote Dark. Novidade da linha 2025, esse "pack" opcional inclui vários elementos da carroceria na cor preta, além dos pneus do tipo Seal Inside, que são resistentes a furos.
Os retoques no visual deixaram o T-Cross 2025 mais bonito, mas não foram capazes de mexer em um ponto que eu considero um dos fatores de sucesso do SUV da Volks: o visual sério, quase conservador. E por isso mesmo, quase unânime.
Com mudanças estéticas pequenas, a variação nas dimensões foi mínima. O T-Cross 2025 tem 4,22 m de comprimento, 1,76 m de largura e 1,58 m de altura, além de um entre-eixos de 2,65 m. Medidas que colocam o SUV da Volkswagen atrás dos concorrentes Jeep Renegade (4,27 m) e Hyundai Creta (4,30 m) em porte.
A Volkswagen deixa claro que o objetivo foi deixar a cabine do T-Cross 2025 mais sofisticada. Por isso mesmo, além do painel redesenhado, com novas saídas de ar e a tela da central multimídia agora do tipo semi flutuante, a marca mexeu também nas costuras dos bancos de couro e nos materiais de acabamento da cabine.
Por isso mesmo, o painel agora tem um acabamento em vinil, enquanto as laterais de porta dianteiras receberam um aplique acolchoado e em tecido. O plástico preto brilhante também está presente em mais superfícies que no antigo T-Cross.
Visualmente, melhorou bastante. Mas não foi o suficiente para transformar o T-Cross em referência de bom acabamento entre os SUVs compactos, já que os plásticos rígidos ainda estão presentes em boa parte das superfícies.
A Volkswagen não mexeu em um ponto que sempre agradou no T-Cross: o espaço interno para passageiros. Feito sobre a base do sedã Virtus, esse SUV compacto tem como um dos seus pontos fortes o ótimo espaço para os joelhos no banco traseiro.
Outro ponto positivo do T-Cross é a ergonomia: mesmo com a central multimídia reposicionada, o acesso aos comandos é fácil e a posição de dirigir, mesmo mais alta que no Virtus e no Polo, é até mais agradável. Só acho que a Volkswagen deveria colocar alguns comandos da multimídia em botões físicos, como o seletor de modos de condução e o interruptor para abertura interna do porta-malas.
Por outro lado, o porta-malas é apenas razoável: são 373 litros. Volume razoável para um SUV compacto. Mexendo na inclinação do assento - um processo que até é fácil e rápido -, é possível chegar a 420 litros de capacidade de carga. Mas aí o banco traseiro fica bem desconfortável de usar.
O Volkswagen T-Cross Highline 2025 é um carro bem equipado desde o seu pacote básico: tem ar-condicionado automático, bancos de couro, sensor de chuva, faróis de LED com acendimento automático, painel digital configurável de 10,25 polegadas, chave presencial e carregador de celular por indução. Já o pacote tecnológico e de segurança tem seis airbags, frenagem autônoma de emergência e controlador adaptativo de velocidade.
O carro que eu testei saiu de fábrica com os opcionais teto solar panorâmico e o pacote ADAS, que é novidade na linha 2025 e adiciona o assistente ativo de mudança de faixa, monitor de pontos cegos, câmera multifunção e assistente de estacionamento semi autônomo. Só não é um Highline completão, pela ausência do pacote Dark, que como eu já falei para vocês adiciona elementos visuais escurecidos.
O T-Cross até mudou por fora e por dentro. Mas não foi desta vez que a Volkswagen mexeu na gama de motores do SUV. A versão Highline ainda é a única equipada com o 1.4 turbo flex de 150 cv e o câmbio automático de seis marchas.
É o mesmo TSI que também equipa o SUV médio Taos e praticamente o propulsor que era usado no antigo Golf de sétima geração. Um motor com alguns bons anos de mercado e que, no SUV da gringa, já deu espaço para o EA211 Evo, um 1.5 turbo.
Mesmo assim, esse 1.4 ainda é bem adequado para o nosso mercado e garante que o T-Cross Highline tenha no desempenho um dos seus pontos mais fortes. Só para se ter uma ideia, esse SUV acelera de zero a 100 km/h em 8,6 segundos e chega a 202 km/h de velocidade máxima. Ainda é um dos utilitários esportivos compactos mais ágeis feitos no Brasil.
O mais bacana do T-Cross Highline é o fato dele não ser apenas rápido em linha reta. O SUV da Volkswagen é um dos utilitários esportivos compactos mais gostosos de guiar no mercado brasileiro. A direção é direta e tem bom peso, enquanto a suspensão é firme, mas garante que o T-Cross seja capaz de contornar curvas rápidas com quase a mesma competência que um hatch compacto.
O motor 1.4 sobra no T-Cross e compensa uma característica não muito bacana do câmbio automático de seis marchas. No modo normal, ele não é exatamente rápido nas trocas e sempre que pode sobe marchas para deixar o motor girando abaixo de 2.000 rpm.
Se prejudica o desempenho, pelo menos ajuda a baixar o consumo de combustível do T-Cross 2025, que é melhor inclusive que o de alguns concorrentes com motores menores. Com gasolina, as médias são de 11,6 km/l (cidade) e de 14,3 km/l (estrada).
A parte boa é que esse acerto econômico do câmbio não é a única opção disponível. Além do seletor de modos de condução, é possível ativar o modo esportivo da transmissão com apenas um toque na alavanca. Isso permite aproveitar bem melhor o torque do motor 1.4 turbo. Quem preferir, ainda tem a opção das aletas atrás do volante para "cambiar" manualmente.
Outro ponto que agrada no T-Cross são os comandos intuitivos. O painel, de 10,25 polegadas, não tem muitas firulas visuais, mas é configurável e exibe várias informações. Já a central multimídia VW Play, de 10,1 polegadas, é uma das melhores entre os carros nacionais. Tem espelhamento sem fio e vários recursos. Mas é fácil de usar e ainda permite baixar apps diretamente no equipamento.
Antes de falar o que eu achei do T-Cross, bora falar em custos. Como a Volkswagen banca as três primeiras revisões do T-Cross nessa versão, o custo das manutenções obrigatórias até 50 mil quilômetros fica em R$ 2.483,49. Valor mais baixo que o de concorrentes como o Hyundai Creta (R$ 3.434,61) e o Jeep Renegade (R$ 3.519).
O seguro, por outro lado, custa mais caro. Na simulação que eu fiz no Auto Compara para o meu perfil e sem bônus ou descontos, a melhor oferta foi de R$ 11.155,24. No caso do Creta, teria que desembolsar R$ 6.024,75 na proposta mais acessível de cobertura completa.
A Volkswagen se manteve na zona de segurança para mexer no T-Cross 2025. Manteve aquilo que era bom e mexeu naquilo que precisava melhorar. Até poderia ter mudado mais. Mas foi o suficiente para manter o SUV como uma bela opção de carro em seu segmento.
O principal problema do T-Cross Highline é que ele não é exatamente um SUV compacto barato. O preço inicial é de R$ 175.990. Mas com todos os opcionais, esse topo de linha chega a R$ 189.440. Valor que coloca o modelo da Volkswagen em briga direta contra os SUVs médios.
Ou seja: o comprador precisa estar bem afim de ter um SUV compacto recém-reestilizado e completo para levar o T-Cross Highline. Seria uma bela escolha. Mas você estaria disposto a pagar o valor pedido pela Volkswagen? Eu estaria.
VOLKSWAGEN - T-CROSS - 2025 |
1.4 250 TSI TOTAL FLEX HIGHLINE AUTOMÁTICO |
R$ 180690 |
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