O Territory é a cartada da Ford para mostrar que está firme e forte no jogo dos SUVs médios, um dos mais aquecidos no Brasil. A estratégia para enfrentar pesos-pesados como Jeep Compass e Volkswagen Tiguan AllSpace é ousada porque não foca no desempenho nem no espaço de porta-malas, mas nas tecnologias.
Vendido em apenas duas configurações, o Territory tem preços que vão de R$ 165.900 (versão SEL) a R$ 187.900 na versão Titanium que avaliamos. Para reforçar a estratégia de ter um bom pacote de itens de série, o modelo não recebe nenhum opcional disponível.
Novato no Brasil, o Territory estreia uma nova estratégia para a Ford por aqui. Isso porque este modelo virá sempre importado da China, onde foi desenvolvido. E a primeira impressão dele é boa: além de grande, ele tem design tecnológico, já que os faróis são sempre 100% de LED e a assinatura visual dos LEDs diurnos é bonita.
Por dentro, a aposta é no refinamento. Isso porque a versão topo de linha tem bancos de couro, detalhes em preto brilhante e até peças que imitam a aparência de madeira. Goste ou não dos materiais escolhidos, é fato que o acabamento da cabine é primoroso e não deixa a desejar para o segmento.
Ainda na estratégia de impressionar os passageiros à primeira vista, o Territory segue a tendência recente de ter duas grandes telas no painel: o quadro de instrumentos 100% digital e a central multimídia tem outro monitor sensível ao toque de 10,1 polegadas. Ambos têm boa resolução, porém os gráficos não são tão refinados quanto o acabamento geral do carro.
O quadro de instrumentos tem três layouts diferentes, mas os gráficos são exagerados, especialmente no modo Sport. Por outro lado, algumas informações importantes, como as de consumo de combustível, poderiam ter mais destaque.
Já a central multimídia tem um interessante sistema que permite dividir a visualização em quatro telas diferentes ao mesmo tempo. Também é possível priorizar as funções de uma tela, e aumentá-la em relação às outras. Basta clicar no centro do display e arrastar o dedo. Aqui, mais uma vez o uso fica comprometido por conta dos gráficos. A função é interessante, porém não é dos mais intuitivos.
Essa tela estreia o sistema Apple CarPlay sem a necessidade de fios na gama da Ford. É algo que já havia aparecido em modelos caríssimos ou de marcas premium, e também, recentemente, na nova Fiat Strada. Porém, ainda não estava disponível nos carros da Ford.
Este, sim, é um recurso bastante prático, especialmente porque esta versão do SUV também oferece sistema de carregamento sem fio de celulares. Assim, o uso intenso de Bluetooth não irá acabar com a bateria do seu iPhone. Já os usuários de celulares Android podem usar o Android Auto também, mas é necessário plugar o USB.
O Territory tem apenas uma opção de motor e câmbio. O motor é o 1.5 turbo de 150 cv a 5.300 rpm e 22,9 kgf.m entre 1.500 e 4.000 rpm, enquanto o câmbio é do tipo CVT e simula oito velocidades. Se falarmos apenas da potência, o Territory está bem equilibrado frente às versões dos rivais que competem diretamente com ele. Porém, o torque acaba comprometido nesta comparação.
Na prática, o Ford tem um desempenho aceitável no dia a dia, contudo não entrega esportividade. Não só pelo torque, mas principalmente por conta do desempenho do câmbio, que parece limitar tudo que o motor poderia render.
Certamente, aletas atrás do volante para trocas de marchas ajudariam a resolver isso, mas não estão presentes em nenhuma configuração. Segundo a Ford, o Territory precisa de 11,8 segundos para chegar aos 100 km/h, o que o deixa bem atrás de Tiguan e Compass.
Conforme a própria montadora, o Territory faz 9,2 km/l na cidade e 10 km/l na estrada, médias que poderiam ser um pouco melhores. Lembre-se que o motor não é flex: ele roda apenas abastecido com gasolina.
O conjunto de suspensão faz um bom trabalho: usa jogo do tipo McPherson na dianteira e independente multilink na traseira, e o ajuste acaba por tender mais para o macio. Isso garante conforto para os passageiros, que não sofrerão com batidas mais secas. A tração é sempre dianteira.
Se o desempenho não é um diferencial, este modelo aposta na fartura de recursos tecnológicos, especialmente para o motorista. Isso porque a versão Titanium é equipada com monitoramento de ponto cego, alerta de colisão e sistema de frenagem automática para evitar um acidente.
Há, ainda, o controle adaptativo de cruzeiro (ACC), que mantém a velocidade do carro e garante uma distância mínima segura em relação em relação aos veículos da frente. Nos testes que fizemos, esse sistema se mostrou ágil para monitorar mudanças dos automóveis à frente e passou segurança depois de pouco tempo de uso.
Além disso, vale destacar que ele tem o recurso Stop & Go: caso o carro da frente freie completamente em um semáforo, o Territory é capaz de frear até parar e retomar a aceleração caso o outro veículo volte a acelerar em menos de três segundos. O carro também chega com um sistema que alerta o motorista caso comece a sair involuntariamente da faixa, porém não "corrige" a trajetória nesses casos.
O Territory é grande mesmo entre os SUVs médios, o que garante conforto para até cinco passageiros na cabine. Somente de entre-eixos são 2,71 metros, o que garante que pessoas com altura mediana e até os mais altos viajem no banco de trás com mais de um palmo de espaço entre os joelhos e o banco da frente. Além disso, o duto central é praticamente plano e possibilita que um adulto viaje ali confortavelmente.
Também contribuem com o conforto o teto solar panorâmico, que é grande mesmo em comparação a outros do tipo. Para quem viaja no banco de trás, há cintos de três pontos e apoio de cabeça para todos, saída de ar-condicionado e uma entrada USB.
Para o motorista e o passageiro, há nesta versão bancos com aquecimento e resfriamento. Já o ar-condicionado é automático e digital, porém tem sempre apenas uma zona.
O curioso é que, apesar de ser um carro espaçoso, este utilitário esportivo tem um porta-malas que pode ser considerado pequeno para a categoria. Segundo a Ford, são apenas 348 litros de capacidade. É o suficiente para acomodar uma mala grande e outras pequenas. Com os bancos traseiros rebatidos, o volume passa para 693 litros. Como base de comparação, o Tiguan AllSpace tem 686 litros, enquanto o Compass, 410 litros.